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📌 London, Paris.

NOAH URREA

Eu estava me controlando naqueles dias, fazia alguns dias que Any estava morando comigo, e a cena no sofá não se repetiu.

Apesar de estarmos nos aproximando cada dia mais, ela se mantinha um pouco mais na sua, enquanto eu estava no tempo certo. Quando nos beijamos, logo que ela se mudou, as coisas poderiam ter esquentado, evoluído e acabado na cama, ou até mesmo naquele sofá.

Mas eu queria que Any entendesse que eu não a havia convidado para me aproveitar. E sim que eu esperaria por ela, não era apenas sexo, uma sensação física. Naquela manhã, havia perdido a hora e como não tinha nenhuma reunião marcada para aquele dia, resolvi trabalhar de casa.

Any ainda estava em repouso absoluto, contra a sua vontade, claro, já que por ela voltaria a trabalhar no dia seguinte. Então eu poderia até contar com a sua ajuda ficando em casa.

Estava sentado no escritório, na frente do computador quando o telefone tocou.Olhei para o visor e vi o nome de Beto. Atendi imediatamente.

— Fala, Beto — atendi animado.

Beto era aquela pessoa que sempre me animava. Ele era meu único primo, pelo menos que eu conhecia. Meu pai o tratava como um filho, já que seu irmão, pai de Beto, havia falecido há alguns anos. Apesar de não ser tão rico, Beto era esforçado e trabalhava como advogado em uma agência. Mas esse detalhe nunca nos atrapalhou em nada.

— E ae, Noah. Quanto tempo. Está sumido. — Nesse momento que me dei conta que não havia contado a maior surpresa para ele. Resolvi então fazer de um modo especial.

— Muito bom você me ligar. Tenho uma novidade para te contar, mas tem que ser pessoalmente. Você pode vir almoçar aqui hoje? — Beto confirmou, animando-se, mesmo quando eu não dei prévia nenhuma do que poderia ser.

Conversamos mais um pouco, mas não demorou muito para que nossa ligação fosse encerrada, pois ele disse que havia chegado um cliente.

Voltei minha atenção para o computador até ouvir duas batidas na porta e erguer a cabeça para ver Any entrando na minha sala. Ela estava linda, usava um vestido solto no corpo, que ia até o meio da coxa. Seus cabelos pretos estavam um pouco rebeldes e ela prendeu a franja no alto da cabeça.

— Isabela disse que você estava em casa. Houve alguma coisa? — Isabela era a mulher que começou a trabalhar na minha casa, por indicação de Lucia.

— Apenas perdi a hora e resolvi fazer home office. Mas que bom que você está aqui. Preciso conversar com você. — Ela puxou uma cadeira à minha frente, acomodou-se e esperou que eu continuasse.

— Lembra-se do meu primo Beto? Ele foi algumas vezes na empresa. — Any fez que sim com a cabeça.

— Ele virá almoçar hoje com a gente. Para contarmos da gravidez para ele. — Any permaneceu séria por um momento, olhando-me, mas parecendo não me ver.

— Any?

— Tudo. Claro. A casa é sua, afinal.

— Você mora comigo agora, nem que seja por apenas algum tempo. Você faz parte de tudo o que acontece aqui dentro.

— Sim, você está certo. Mas por mim, tudo bem, claro. — O resto do dia correu normal. Any ficou um pouco no escritório comigo, me ajudando em algumas anotações.

Quando a tarde foi caindo, e começou a anoitecer, demos o expediente por encerrado e subimos para nos preparar. Quando Beto chegou, Any ainda não havia descido, então o recebi sozinho. Ele entrou, puxando—me para um abraço.

— Você anda muito sumido, cara.

— Isso pode envolver a novidade que eu tenho para te contar.

— Então manda, que eu já estou curioso.

— Acho melhor esperarmos, já que não depende apenas de mim. — Eu conseguia ver a curiosidade nos olhos de Beto, mas mantive o silêncio sobre a gravidez e o conduzi para a sala de jantar, servindo um copo de bebida para ele e um para mim.

Não demorou muito para Any descer e se colocar diante da porta de entrada de onde estávamos. Quando olhei para ela, toda arrumada, com um vestido justo ao corpo na cor vermelha, que tinha um decote lindo, exibindo as curvas do seio, o cabelo desta vez escovado, junto com a franja que lhe caía nos olhos, por cima dos óculos, foi impossível segurar o sorriso.

Beto se virou para trás, quando notou que eu olhava para algo, e viu quem estava lá. Coloquei-me de pé, puxando a cadeira para que sentasse assim que ela se aproximou de mim. Ela cumprimentou Beto, que parecia embasbacado com a presença dela, olhando para mim, com uma sobrancelha franzida.

— Então é essa a novidade? Conquistou a secretária? — Assim que a voz de Beto saiu, minhas sobrancelhas se uniram em um sinal de reprovação à sua fala, junto com uma surpresa. Reparei quando Any abaixou a cabeça, provavelmente um pouco constrangida.

— Não, Beto. Estamos aqui hoje para contar que eu vou ser pai. — Coloquei um sorriso no rosto, tentando esquecer o que ele havia dito.

— Pai? Você? — Ele olhou para Any, que permanecia com a cabeça baixa.

— Sim. — Passei um braço pelos ombros de Any.

— Eu e ela vamos ser pais. De uma criança que já é muito amada. — Beto abriu a boca e fechou umas três vezes. Achei bom que ponderasse mesmo o que fosse dizer.

— Meus parabéns. — Afastou a cadeira com um rangido, levantando—se e caminhando até mim.

Soltei uma respiração aliviada. Já estava ficando tenso com as falas dele. Mas recebi o abraço de meu primo com muito afeto. Ele cumprimentou Any também, com um aperto de mão.

O resto do jantar seguiu mais calmo, Any permaneceu mais calada que de costume, mas associei a não conhecer tão bem Beto e se sentir mais tímida. Ele não quis ficar por muito tempo, alegando que teria outro compromisso naquela mesma noite, então deixei Any na sala de estar alegando que já estava sonolenta e o acompanhei até a porta.

— Foi bom ter você aqui essa noite e dividir essa alegria. — Paramos na porta e Beto se virou para mim, já do lado de fora.

— Eu fico muito feliz por você Noah. Mas me conta. Tem certeza de que esse filho é seu?

— Novamente naquela noite, franzi a sobrancelha, estranhando um pouco as reações do meu primo.

— Sim, Beto. Não há nenhuma dúvida nisso, não se preocupe.

— Sabe que é impossível não me preocupar com você, mas se você diz. — Ele me deu um soco leve na barriga, mudando o tom de voz.

— Então você pegou mesmo de jeito a secretária gostosa. — Aquelas falas já estavam me deixando um pouco desconfortável.

— Eu prefiro que você não faça gracinhas a respeito de Any. E principalmente na frente dela. Isso pode deixá-la constrangida — falei sério e categórico.

— Tudo bem... — ele levantou as mãos, como se estivesse rendido.

— Mas fico feliz por você. — Beto me felicitou novamente e se despediu logo em seguida.

Quando me vi sozinho, fechei a porta, trancando-a e entrei até a sala, onde Any estava.

Encontrei-a já dormindo, um pouco torta. A gravidez começava a dar seus sinais, deixando-a muito sonolenta naqueles dias. Parei um pouco ao teu lado, observando-a dormir. Ela era tão linda, que eu poderia ficar naquela posição por horas a fio e não me cansava de olhá-la.

E pensar que meu filho estava crescendo e se formando nela, deixava meu coração radiante. Eu me apaixonava cada vez mais por aquela mulher, até mesmo quando ela apenas dormia. Resolvi que não a acordaria, então me aproximei, peguei-a no colo, ajeitando-a com cuidado, fazendo com que sua cabeça ficasse apoiada contra o meu peito.

Subi as escadas com ela e abri a porta de seu quarto usando o cotovelo. Assim que estava colocando-a na cama, Any começou a se remexer contra meus braços.

Deitei seu corpo com cuidado e tirei seus sapatos, mas ela parecia em um sono muito agitado.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora