twenty-seven

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📌 London, Paris.

ANY GABRIELLY

Aquele final de semana havia sido tumultuado. Não houve brigas ou coisas assim. Mas descobrir uma gravidez inesperada era algo assustador.

Meu pai havia se acalmado e vinha aceitando melhor a ideia. Minha mãe, por outro lado, estava radiante. Há muito tempo eu não a via sorrir com tanta alegria e vontade como naqueles dois dias.

Já eu, vinha tentando me acostumar com a novidade. Ter um ser crescendo dentro de você era um pouco assustador. Mas saber que sua vida mudaria drasticamente com isso, era mais ainda.

Noah havia falado que se casaria comigo, mas eu não queria uma união por obrigação. Não queria que ele se prendesse a uma pessoa que não gostava por causa do meu filho.

Meu filho...

Coloquei a mão na barriga sem tirar os olhos da estrada. Estava a caminho da empresa na minha Brasília amarela, a mesma de sempre, e quando meus pensamentos viajaram comecei a cogitar a hipótese de vender aquele carro para conseguir uma grana extra, mas ao mesmo tempo fiquei chateada comigo por pensar uma coisa dessas.

Como eu teria coragem de vender aquela preciosidade? Apertei meus dedos sobre o volante, com a outra mão ainda em minha barriga.

— É, filho... — era a primeira vez que eu conversava diretamente com aquele bebê. Mesmo me sentindo sem jeito, saiu natural, espontâneo.

— Vamos dar um jeito em tudo isso. — Assim que cheguei à empresa, liguei tudo e me acomodei, a porta do escritório de Noah se abriu, revelando que ele já havia chegado, antes mesmo de mim.

— Pode fazer um favor aqui? — Ele estava com uma voz calma.

Aproximei-me da porta, onde ele permaneceu me esperando. Assim que cheguei perto o bastante, ele estendeu a mão para minha barriga, pedindo-me permissão. Confirmei com a cabeça e ele se abaixou, levando as duas mãos à minha barriga.

— Oi, bebê. Aqui é o papai. — Ele olhou para cima.

— Andei lendo que eles conhecem a voz dos pais. E que é bom ensinar isso desde a barriga. — Ok, aquilo foi fofo. Muito.

Ele havia lido coisas de bebê. Nem eu, que estava carregando aquela criança, não havia procurado nada. Mas lá estava o meu chefe, herdeiro daquela empresa, acariciando minha barriga e falando com uma voz fofa com nosso filho.

Nosso filho.

Rapidamente ele se colocou de pé, passando as mãos pelas laterais da calça e se voltando para mim.

— Gostaríamos de falar com você. — Franzi a sobrancelha quando ele usou o plural, mas Noah não me respondeu, apenas abriu um pouco mais a porta, dando-me passagem e revelando quem estava lá dentro.

Sentado no sofá, todo elegante, estava Nate, o CEO daquela empresa, chefe de tudo e todos, e agora avô de um filho meu. Cheguei a estremecer assim que olhei para ele, mas Noah não me deixou escapar quando colocou a mão na minha cintura e conduziu-me para dentro, fechando a porta logo atrás de nós.

Caminhei mais um pouco, mesmo insegura, colocando-me perto dele e sentindo a presença de Urrea logo atrás de mim. Estendi minha mão para cumprimentar Nate, que se colocará de pé.

— Any, quanto tempo. Como está o trabalho por aqui? — Apesar de trabalhar no mesmo andar que Noah, eu pouco o via, já que suas salas ficavam em lados opostos.

Eu não estava entendendo o teor daquela pergunta, nem daquela reunião. Se Urrea já havia contado tudo para ele ou não, ou se estava apenas me testando. Dei uma olhada em Noah de canto, assim que ele se colocou à minha frente.

— Está indo bem, senhor. Estou gostando muito.

— Fico feliz. Agora, meu filho me contou uma coisa neste final de semana, e eu andei conversando e pensando bastante com ele. Você é uma boa moça, menina. — Assenti com a cabeça, esperando que ele continuasse.

— E eu queria dizer que estou muito feliz por vocês. — Eu não sabia dizer se estava ouvindo direito. Na verdade, eu já nem ouvia mais.

Eu esperava a bronca, a revolta. Ele era o CEO daquele lugar, e eu uma mera secretária do seu filho. Estava esperando qualquer coisa, menos um sorriso dirigido para mim.

Meus pensamentos diziam que ele me acharia uma aproveitadora, que engravidaram apenas pelo posto de Noah. Senti minhas mãos começarem a tremer assim que Nate se aproximou um pouco mais de mim. Ajeitei o óculos no meu rosto, vendo que eu realmente tremia muito.

Meu corpo começava a ficar fraco e eu sentia que minhas pernas falharam a qualquer momento. E inesperadamente, Nate me puxou para um abraço. Era um aperto acalorado, efusivo e muito aconchegante.

— Obrigada por resgatar meu menino de volta. — Foi quase um cochicho, que se Nate não estivesse comigo em seus braços, eu não teria ouvido.

Mas não conseguia processar aquelas palavras. Meu corpo parecia entrar em convulsão a qualquer momento. E como eu vinha imaginando, minhas pernas falharam. Para a minha sorte, ainda estava nos braços de Nate que me segurou.

— Any, você está bem? — a voz de Nate mudou de afetuosa para preocupada.

Noah não demorou a se colocar do meu lado, segurando-me pela cintura e passando meu braço por seu pescoço.

— O que aconteceu? Você está bem? — Eu não conseguia falar, minha garganta parecia estar tampada, como se uma mão a pressionar, sufocando-me.

Noah começou a me conduzir para o sofá, mas parou assim que seu pai lhe chamou. Ele virou o pescoço, permanecendo no mesmo lugar enquanto me ampara.

Minha respiração estava acelerada, e eu sabia que precisava me acalmar, então tentei controlar pelo menos essa parte do meu corpo, puxando o ar lentamente e soltando-o, sem prestar atenção no que os dois homens falavam.

Quando dei por mim, Noah estava me chamando com uma voz calma, mas muito preocupada.

— Any, olha para mim. — Abri os olhos e o encarei. Ele parecia assustado, com os olhos iluminados por lágrimas.

— Você está sangrando. Vamos te levar para o hospital. — Sangrando? Eu? Não podia ser.

A partir daquele momento, tudo passou como um borrão por minha mente. Noah me levantou nos braços, pedindo que eu apoiasse minha cabeça em seu peito. Fechei os olhos novamente, escutando o som acelerado de seu coração.

Era como ouvir e sentir o meu próprio coração, tão acelerado quanto o dele. Ele me colocou no carro, no banco de trás e o ouvi falar com o pai.

— Pode ir dirigindo? Preciso ficar com ela.

— Claro. — Assim que Nate concordou, ouvi uma porta bater e Noah se colocou sentado ao meu lado, logo em seguida outra porta bateu e o carro começou a andar.

— Eu estou aqui com você. Vai ficar tudo bem — Noah falava baixinho no meu ouvido enquanto acariciava meu rosto.

Levei minha mão à barriga, sentindo uma dor muito forte no meu coração. Apesar de ter me assustado no começo, eu queria aquela criança. Ela era minha. Não poderia perdê-la. Noah colocou sua mão sobre a minha que estava na barriga.

— Você não está sozinha, estou com você. Nosso bebê vai ficar bem. — Eu torcia para que sim. Já amava aquela criança, antes mesmo de senti-la.

Não aguentaria aquilo...

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora