thirty-seven

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📌 London, Paris.

ANY GABRIELLY

Assim que Noah saiu, eu não consegui dormir mais. Sentia algo ruim no estômago, provavelmente era da gravidez, mas deitada estava piorando muito. Então resolvi levantar e preparar algo gelado para beber.

Como ainda era de madrugada, a casa toda estava silenciosa e escura. A luz da lua refletia em algumas janelas, entrando claridade suficiente para que eu não precisasse acender luzes.

Fui até a cozinha no escuro, e quando cheguei lá, apertei o interruptor iluminando o cômodo. Como não havíamos jantado ali, não tinha nem mesmo uma louça suja para que eu pudesse ocupar minha mente.

Fazia alguns bons minutos que Noah havia saído e ainda não me deu notícias, Tudo bem que não era nada tão preocupante lidar com um bêbado, ainda mais quando era da família, mas ainda assim, aquela sensação de que estava acontecendo algo maior, não saía de mim.

Esquentei um leite e servi em uma caneca, dirigindo-me em seguida para a sala, na esperança de continuar a leitura do livro que havia começado mais cedo. Mas assim que me acomodei, a campainha tocou.

Àquela hora da madrugada não poderia ser coisa boa. Mas como morávamos em um condomínio fechado, era um pouco mais seguro. Provavelmente era algum vizinho que viu a movimentação e sabendo da minha gravidez, quisera se certificar de que estava tudo bem, até mesmo porque algumas das vizinhas já eram mães e eu havia conversado com algumas delas.

Mas por precaução, esperei mais um pouco, para ver se a pessoa desistia. Se continuasse, eu teria que pelo menos ver quem era. Mas não durou muito, provavelmente a pessoa desistira.

Voltei minha atenção para o livro à minha frente, bebendo alguns goles do leite. Mas não demorou para novamente um barulho chamar minha atenção, desta vez na fechadura sendo destrancada.

Olhei para cima, esperando ver Noah entrando pela porta, mas quem entrou fez com que eu levasse um susto, quase derramando o líquido em cima de mim. Beto adentrou a sala, parecendo procurar por alguém. Mas como havia deixado as luzes apagadas, ele demorou um pouco para me ver.

Aproveitei o momento que ainda tinha em silêncio para digitar uma mensagem para Noah, avisando o paradeiro do primo, e que ele estava justamente comigo. Um medo começou a tomar conta do meu coração, deixando minhas mãos trêmulas e sem coordenação.

Quando terminei de digitar a mensagem e estava enviando, Beto me puxou pelo braço, fazendo com que o celular caísse no chão sem eu ter confirmado se a enviara ou não.

— Aí está a putinha do meu primo. O que pensa que está fazendo? — Seu bafo de álcool era perceptível de longe, mas talvez ele houvesse misturado algo a mais na bebida, já que seus olhos pareciam vidrados.

Se estivesse mais claro, eu poderia confirmar com a vermelhidão e as pupilas dilatadas, mas a luz era realmente muito parca, então eu não poderia arriscar muito nos meus movimentos.

— Beto, o Noah está lá em cima, ele ia atrás de você — tentei mentir para não dar muita vazão para ele, tentando lhe causar medo.

— E você acha que eu sou burro? O carro dele não está na garagem. Somente aquela sua Brasília velha.

— Como você conseguiu entrar aqui? — Eu tinha que ganhar tempo para pensar em uma solução para Beto me soltar.

— Noah era meu parceiro das noites, e tinha umas que ele ficava muito bêbado e eu tinha que trazê—lo em casa, então acabou me dando uma cópia da chave.

— Mas ele já está chegando, se eu fosse você, nem esperava ele aqui — tentei.

— Minha intenção não é esperar ele, lindinha. — Ele colocou uma das mãos no meu queixo, apertando minhas bochechas fazendo com que surgisse um bico, enquanto a outra continuava segurando meu braço.

— Eu aviso que você esteve aqui, e que quer conversar com ele. — Uma gargalhada estrondou no peito dele, fazendo com que eu inalasse ainda mais o fedor de álcool.

— Você vai comigo. — Beto ergueu um pouco a blusa, deixando à mostra o revólver que estava em sua cintura.

Sem esperar que eu lhe respondesse, passou pelo porta-chaves, pegando a do meu carro e saiu pela porta. Eu não sabia para onde ele me levaria nem o que faria comigo, só torcia para conseguir escapar daquele louco.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora