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📌 Las Vegas.

ANY GABRIELLY

E lá estava eu, novamente aceitando sua companhia, depois que ele fez com que eu me sentisse melhor, retribuindo seu sorriso.

— Vamos jantar, que eu estou faminto. E estou muito bem-acompanhado. — Noah me levou ao restaurante do próprio cassino, onde a comida era requintada e eu não sabia pronunciar nem metade dos nomes.

Eu me sentiria desconfortável na companhia de qualquer outra pessoa, mas Noah estava se esforçando ao máximo para deixar as coisas mais leves para mim. E ele vinha conseguindo. Eu não vi a hora passar, e quando me dei conta, a sobremesa já estava sendo colocada na minha frente.

A conversa durante o jantar foi sobre a reunião que teria durante os dias que estaríamos ali, sobre os seus projetos. Tudo relacionado ao trabalho.

Enquanto dava a última colherada em minha sobremesa, Noah murmurou, chamando minha atenção, fazendo com que eu levantasse meus olhos para ele. Ele tinha a colher de metal na boca, lambendo qualquer resquício de chocolate que existisse nela, mas sem pretensão nenhuma.

Ele fazia isso distraído, olhando para a frente, então eu poderia olhar sem medo. Mas como eu não olharia? A cena era pura deleite aos meus olhos. Eu tentei desviar, juro que sim.

Mas seria impossível.

Sua língua passando despretensiosamente pela colher, foi fazendo com que algo dentro de mim se revoltasse, como se formigas estivessem subindo por meus pés, passando pelas coxas, por lugares inapropriados, fazendo um sapateado na minha barriga, deixando marcas em meu coração e montando suas casas em minha mente.

A cena toda estava me corroendo, quando ele finalmente largou a maldita colher sobre o prato, fazendo com que ela tentasse e olhou para mim.

— Estamos em um cassino. Temos que aproveitar isso. — Eu engasguei assim que ele terminou de falar. O que ele poderia querer aproveitar?

Olhei para ele, franzindo o cenho, esperando que ele entendesse minha dúvida sem que eu precisasse externá-la.

— Estamos em um cassino em Vegas, baby, temos que aproveitar. — Olhei para a direção que ele apontava, vendo toda uma movimentação em uma mesa, provavelmente onde as apostas estavam boas.

— Ah, eu sou péssima em jogos, e nem tenho como apostar.

— Você está aqui esta noite como minha convidada, não minha secretária. — Noah se levantou, afastando a cadeira em que estava sentado com um rangido e se colocou ao meu lado, novamente estendendo-me a mão.

Aceitei-a com um pouco mais de relutância do que antes, mas o acompanhei mesmo assim. Eu nunca havia ido a um lugar daquele, diferente de Noah, que conhecia as regras de praticamente todos os jogos, e foi me ensinando algumas delas.

Comecei a jogar junto com ele, mas eu era pé frio, cheia de azar então deixei que Noah tomasse a frente dos jogos e fiquei apenas na torcida.

E diferente de mim, ele era sortudo no jogo, saindo apenas com cartas boas, ou com sorte que precisavam. No final, ele havia lucrado e quase nenhum outro apostador queria jogar com ele.

— Se um dia o ramo da construção não der mais certo, você já sabe o que fazer. — Brinquei enquanto esperávamos para que ele retirasse o dinheiro que havia ganhado.

— Não é todo dia que tenho sorte assim. Provavelmente a torcida me ajudou muito. — Enquanto falávamos, nossas risadas ecoavam pelo salão quase vazio da espera.

Assim que Noah recebeu o dinheiro, imaginei que subiremos para o quarto, mas ele me puxou pela mão, levando-me pela entrada do cassino.

— Onde você está indo? — perguntei enquanto o acompanhava.

— Preciso fazer uma coisa, e quero a sua companhia. — Caminhei ao seu lado, enquanto ele ainda segurava minha mão. Fomos parar do lado de fora do lugar, passando pela guarita e parando na rua.

Noah olhava de um lado ao outro, como se procurasse por alguém. Caminhou alguns passos, ainda muito atento. Resolvi não fazer perguntas e apenas confiar.

Assim que encontrou o que queria, ele soltou uma exclamação, parecia uma criança feliz, e saiu mais apressado, ainda me puxando. Assim que chegamos perto de um homem, provavelmente morador de rua, já que estava deitado no chão, ao lado de um cachorrinho que recebia afagos na cabeça por seu dono.

Havia alguns pertences em uma mochila, encostados no chão ao lado do homem.

Era uma pessoa de meia idade, entre os seus quarenta e cinquenta anos. Tinha a barba por fazer e as roupas com alguns rasgos.

Meu coração se apertou no peito. Eu queria poder ajudar, mas não sabia nem por onde começar ou como me comunicar. Não sabia o que Noah pretendia fazer ali, mas apenas confiei e observei.

— Boa noite. Posso? — Ele cumprimentou e apontou para o cachorro, pedindo autorização para se aproximar em inglês.

O homem autorizou e Noah se abaixou, fazendo carinho no cachorro e recebendo lambidas e abanos de rabo. Não me aguentei e juntei-me a ele, deixando que o cachorro pulou em minhas pernas, pedindo cada vez mais carinho.

Em poucos segundos eu estava apaixonada.

E foi nesse momento que Noah me surpreendeu, tirando todo o dinheiro que havia ganhado nos jogos e entregando para o homem.

Eu não sabia o que falar. Algumas lágrimas brotaram em meus olhos, vendo a comoção do homem ao abraçar Noah, agradecendo. Eu não conseguia entender tudo o que ele dizia, mas apenas o brilho em seus olhos e o sorriso largo em seu rosto, dizia tudo.

Não precisava ser fluente em nenhuma língua para ver o quanto ele estava agradecido. Afastei alguns passos depois de também receber abraços carinhosos do homem que se chamava Rick, e fiquei observando a cena.

Urrea conversava com naturalidade com o homem, e de vez em quando fazia cafuné no cachorro que roçava em sua perna.

Naquele momento, olhando para o homem que eu estava conhecendo, me dei conta de que minha mãe tinha razão.

Em suas entrelinhas ela queria me passar um recado, que eu estava compreendendo naquele momento.

Eu estava me apaixonando por Noah..


My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora