twelve

184 20 0
                                    

📌 London, Paris.

ANY GABRIELLY

Havia quase uma semana que Noah se recuperou e voltou a trabalhar.

E surpreendentemente ele não falou nada sobre o que rolará em sua casa. E mais surpreendente ainda, é a forma como ele vinha me tratando nessa última semana. Com um jeito mais educado, mais respeitoso.

Estava sentada na minha mesa, separando os papéis para uma conferência que Noah teria em poucos minutos, quando ele saiu de sua sala.

— Está tudo pronto para a reunião? — Ele parou na minha frente, muito sério. Levantei os olhos lentamente, passando por seu terno muito bem alinhado, até chegar em seu rosto.

Ele era um homem muito bonito, e isso ninguém poderia negar, mas me fitando daquele jeito com tanta intensidade, ele parecia prender toda a minha atenção para si.

Imagens e sensações da manhã em que nos beijamos foram tomando conta de mim. Eu sentia a força de sua mão em minha cintura, puxando—me cada vez mais para perto de si.

A outra mão na minha nuca adentrando meus cabelos. Fechei os olhos, puxei um pouco de ar e fiz um pequeno movimento de cabeça, tentando me livrar daquelas lembranças.

— Está sim. Você já está indo?

— Sim, e vou precisar da sua ajuda. Gostaria que me acompanhasse.

— Eu?

— Sim. Você vai me ajudar muito. É organizada e está por dentro de todo o processo dessa empreitada que estamos pegando. Você está fazendo um serviço muito bom. — Olhei no fundo dos seus olhos para descobrir se ele estava mesmo falando sério ou era brincadeira de mau gosto. E aparentemente ele falava sério.

— Obrigada pelo reconhecimento. — Agradeci já pegando os papéis e me coloquei ao seu lado. A reunião seria apenas com nós dois na sala, então a tela já estava posicionada, era apenas esperar e atender.

Assim que entramos e nos acomodamos na sala de reunião, Noah me encarou. Ainda não havíamos conversado sobre o dia em que eu havia passado a noite em sua casa: o dia em que me beijara, e eu nem mesmo queria conversar sobre isso.

Mas era impossível fugir do seu olhar inquiridor naquele momento.

— Eu queria conversar com você. A sós.

— Bom, não vejo melhor momento. — Abri os braços, indicando a sala vazia onde estávamos.

— Bom... — ele parecia sem jeito sobre o que iria falar, e confesso que nunca imaginei ver Noah em uma situação assim.

— Sobre o dia em que nós... Você sabe, nos beijamos. — Ele parou e pareceu esperar alguma reação minha, mas continuei observando—o, esperando que continuasse.

— Eu não queria invadir o seu espaço, ou qualquer coisa assim. Queria me desculpar se te causei alguma coisa, qualquer que seja. — Ele estava me pedindo desculpas? Por ter me beijado? Isso sim, eu nunca esperaria de um homem como ele.

Não que ele fosse mal-educado, ou qualquer coisa do gênero, mas desculpas por um beijo era algo que não conseguia imaginar em uma fala de um homem que tinha tudo e todas que queria.

Mas lá estava Noah me surpreendendo. Isso era um ponto a favor dele. E para falar a verdade, eu senti no momento do beijo que ele havia deixado rotas de fugas.

Noah havia me dado a oportunidade de fugir daquele momento, mas eu não recuei. Aceitei seu toque, deixei que fosse além naquele momento. Então ele não me devia um pedido de desculpas.

Quando abri minha boca para responder, as caixas de som da sala começaram a chiar e uma voz masculina ecoou. A reunião estava começando.

Era uma conferência com um dono de cassinos, que estava contratando a Urrea's Construções para uma obra grande em Vegas, e Noah vinha trabalhando afinco no projeto. Seria uma das maiores obras da empresa, que levaria o nome Urrea a outros patamares.

E provavelmente engataram mais projetos como aquele. Era um contrato gigante.

A reunião seguiu como o esperado, Noah era simpático e levava muito bem as conversas engatadas, tanto em momentos sérios como em descontrações que surgiam.

Levamos mais de uma hora lá dentro, e saímos com uma viagem agendada. Para firmar contrato, James, o dono do cassino que contratara os serviços de arquitetura, exigira a presença de Noah em Vegas. A viagem duraria uma semana, ele conheceria um dos cassinos, seus pontos fortes e fracos, para construir o mais perfeito projeto.

Para isso, James receberia Noah nas instalações do próprio cassino. Pelo que eu havia pesquisado para a reunião, o homem era muito poderoso, lucrava milhões por dia, e com a abertura de mais um grande projeto, seus lucros subiriam consideravelmente.

Ao final, eu ajudei Noah mais do que imaginei na reunião, já que enquanto eles combinavam tudo, eu faria anotações e pesquisas, como passagens, e tudo o que ele precisaria para a viagem que aconteceria o mais rápido possível.

Assim que ele se despediu, saímos da sala juntos, caminhando lado a lado.

— Já fiz uma rápida pesquisa em passagens enquanto estávamos na reunião. Existe opção para várias companhias. Você tem preferência por alguma? — Ele não me respondeu enquanto caminhávamos, achei que pudesse estar pensando em qual poderia ser melhor para uma viagem longa. Quando chegamos à minha mesa, ele parou em minha frente, encarando-me novamente.

— Você iria comigo? — Seu semblante estava sereno, como se ele perguntasse como estava sendo o meu dia. Franzi o cenho.

— Como assim? Para onde?

— Na viagem. Como falei, você vem mostrando um trabalho muito bom. E eu gostaria de ter sua assistência quando estivesse assinando o contrato finalmente. — Ele fez uma pausa.

— E você está trabalhando neste projeto tanto quanto qualquer um aqui, sabe tudo sobre ele.

— Mas é uma viagem cara — falei sem pensar muito. Mas era verdade, eu não tinha como bancar nem viagem e muito menos estadia.

— Você estaria indo com a empresa, não gastaria nada.

— Eu não posso te dar uma resposta assim, sem antes pensar direito.

— Então pense com cuidado, e me dê a resposta outro dia. Mas só para reforçar, sua presença seria de muita importância para mim. — Ele falou sério, com um semblante confiante, e assim que terminou, virou as costas e saiu.

A ideia era tentadora. Além de ser uma viagem que me daria uma oportunidade enorme de conhecimento, mesmo sendo a trabalho.

Mas eu teria que conversar com meu pai, minha mãe. Eles dependiam de mim. Mas eu estava começando a me empolgar, mesmo achando que não deveria.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora