thirty-four

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📌 London, Paris.

MOAH URREA

Assim que deixei Any na casa dos pais, comecei a sentir sua falta. Era estranho, eu passava tanto tempo com uma mulher, e quando me separava dela por apenas algumas horas, era como se tivesse deixado metade do meu coração para trás.

Passei em casa para um banho e Beto me mandou uma mensagem para nos encontrarmos em uma boate. Eu preferia um lugar mais calmo, mas ele disse que teria uma surpresa para mim, então não contestei.

Já conhecia o lugar, que era muito famoso, então por minha condição financeira não precisei enfrentar filas, entrando direto para a área vip. Assim que avistei Beto, levantei um braço, para que ele me reconhecesse e fui em sua direção.

— Feliz aniversário, Noah. — Ele me abraçou, assim que chegamos perto o suficiente. Beto já estava com um copo na mão, o que indicava que começara a festa mais cedo.

— Obrigado. — Retribuí o abraço.

Quando nos instalamos pedi um drinque mais fraco, já que voltaria para casa dirigindo.

— Que é isso, vai beber essa coisa de mulherzinha?

— Não sabia que bebida tinha disso também — respondi a Beto em um tom de brincadeira, não caindo em sua provocação.

— Você está diferente, cara. Essa nova vida não está te fazendo bem.

— Eu estou conhecendo um lado diferente. Quando se tem uma mulher esperando em casa, junto com um filho, as coisas mudam. — Bebi um gole da bebida.

— Você está ficando muito mariquinha. Mas esta noite vamos esquecer isso. — Ouvi-lo falando estava me deixando irritado, mas respirei fundo, controlando-me, afinal, era uma noite para me divertir.

— Não te contei, o meu bebê é um menino — falei alto, para ultrapassar o som que ecoava no lugar.

Beto me olhou por um momento sério, como se processasse o que eu havia dito, mas logo sorriu.

— Mais um para o clã. O garoto vai ser bem-tratado. — Colocando o braço por cima do meu ombro, conduziu-nos para a pista de dança, embalando nossos corpos para lá e para cá em uma espécie de dança.

Beto ficava cada vez mais bêbado à medida que a noite ia passando, e ainda mais inconveniente, mexendo com todas as mulheres que passavam por nós.

Quando já estava cansado, sentei-me em uma mesa, dessa vez com uma garrafa de água, já que havia parado de beber há um tempo, e fiquei observando as pessoas ao meu redor.

Há alguns meses aquilo era o que eu mais gostava, som alto, mulheres bonitas, bebidas. Mas olhando para aquele salão lotado, só conseguia pensar no quanto eu queria apenas uma mulher, no conforto da minha cama, fazendo carinho na sua barriga, imaginando o rostinho do nosso filho.

As pessoas realmente amadurecem e mudam o foco quando encontram algo que querem cultivar. Eu estava andando perdido no labirinto da vida, desesperado para achar a saída, mas Any me encontrou, e começou a caminhar comigo, mostrando-me que há beleza até mesmo quando estamos sem rumo.

Que o importante é o caminho que seguimos lá dentro, e não a saída dele. Senti um aperto no peito, uma saudade ainda maior de Any e peguei o celular para mandar uma mensagem para ela.

Já havia uma ali, que eu não havia ouvido, avisando que ela fora para casa de Uber, que estaria me esperando. Um sorriso bobo curvou meus lábios quando estava prestes a responder, mas Beto surgiu na minha frente, tirando o celular da minha mão e colocando de lado.

— Tenho uma surpresa para você, um presente de aniversário. — Ele estendeu a mão para um lugar, onde olhei. Havia uma mulher, alta, morena, com roupas minúsculas, que caminhou rebolando até nossa mesa.

— O que é isso? — perguntei olhando diretamente para Beto.

— Seu presente. Pensei que uma mulher nova, bonita como essa. — Ele segurou na mão da moça, fazendo-a girar em torno de si. Sua roupa era ainda mais curta atrás. — Fosse tudo o que você queria.

— E porque você pensou isso? — usei um tom sério, com uma sobrancelha franzida.

— Era o que você gostaria de ganhar. — Ele sinalizou para a mulher, que começou a sentar no meu colo. Segurei por sua cintura, impedindo que sentasse.

— Desculpa querida, mas sou comprometido. Houve um engano aqui, desculpa de verdade. Mas pode aproveitar a noite.

— Tem certeza, gato? — Ela praticamente miou, passando as mãos pelo meu rosto.

— Tenho sim. E não se preocupe, Beto vai pagar o que te prometeu. — Ela abriu um sorriso para mim, em agradecimento, e depois olhou para Beto, que se encontrava sério. Quando a mulher se distanciou, ele se virou para mim.

— Sério que você dispensou aquela gata? O que está acontecendo com você?

— O que está acontecendo comigo? — praticamente gritei, de raiva, revolta e para me fazer ouvir. — Parece que você não entende. Eu estou com uma pessoa séria. Eu não preciso que você me arrume mulher. Tenho uma me esperando em casa. — Beto levantou as mãos em rendição.

— Mas era apenas para você se divertir. A sua secretária não iria nem ficar sabendo. Vamos lá, Noah, o que está acontecendo com você? — Meu sangue estava fervendo. Era como se Beto não estivesse feliz com a minha situação, com a minha própria felicidade, e não aceitasse Any como minha mulher.

— Eu estou apaixonado, Beto, é simples. — Assumir aquilo em voz alta era como gritar para o mundo que eu estava feliz.

Ao mesmo tempo que era um alívio, fazia com que eu caísse na realidade do que eu estava sentindo.

— Quantas vezes você já pegou suas secretarias e saía com outras mulheres? Eu mesmo te aconselhava a não fazer isso. Não vai ser um pirralho com seu sangue que vai mudar isso, muito menos um chá de calcinha bem-dado. E tenho certeza que a morena ali é bem mais experiente que a bonitinha da sua secretária. — Eu já estava me controlando, mas ouvir Beto falar daquela forma sobre Any era demais para mim.

Levantei-me com tanto ódio, que não via mais nada à minha frente, apenas o rosto cínico de Beto, que foi onde desferi um soco, forte o bastante para fazê-lo tombar sobre a mesa, ficando deitado. Puxei-o pela gola da camisa, colocando seu rosto bem próximo ao meu.

— Espero que com isso você aprenda a respeitar a minha mulher e o meu filho. — Joguei-o de novo sobre a mesa, deixando-o lá mesmo, com sangue escorrendo pela boca e virei as costas, saindo daquele lugar.

Eu queria apenas uma coisa naquele momento: abraçar Any o mais apertado que pudesse.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora