thirty-nine

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📌 London, Paris.

ANY GABRIELLY

Quando dizem que na vida tudo pode mudar, a qualquer momento, acreditem, isso é real.

Naquela noite eu estava nos braços de Noah, dormimos abraçados. E em menos de algumas horas depois eu estava em um lugar que não conhecia, com uma pessoa surtada apontando uma arma na minha direção.

Assim que saímos da casa de Noah, Beto me fez dirigir para um lugar afastado, o que só fazia meu medo aumentar. Acabamos chegando em uma fazenda, que provavelmente era dele ou algo assim, já que ele tinha a chave da casa.

Naquele momento eu estava sentada em uma cadeira na cozinha, de frente para Beto do outro lado da mesa. Ele mantinha sempre a arma apontada na minha direção.

— O que você quer comigo? — Eu tentava me manter firme, sem chorar.

— Com você eu não quero nada. Só não acho justo meu primo querer. — O efeito do álcool começava a passar, e provavelmente alguma outra coisa que havia em seu organismo também.

— Por que você está fazendo isso, Beto? O que aconteceu? — Estava na hora de tentar entender, aproveitar aquele momento em que ele estava começando a voltar a si. Talvez eu pudesse resolver aquilo de uma maneira pacífica. Como dizem, a esperança é sempre a última a se perder.

— Eu não devo satisfação a você — ele gritou, batendo com a arma sobre a mesa.

Levei um susto naquele momento, pulando na cadeira. Eu deveria ser mais cuidadosa. Levei a mão à barriga redonda. Ele sabia da minha gravidez, e no estado em que estava, poderia fazer alguma coisa para ferir o meu filho. Eu tinha que lutar por nossas vidas naquele momento.

— O que você vai fazer? — tentei novamente, com uma voz mais calma e doce, como se falasse com uma criança.

— Estamos esperando o seu príncipe chegar. — Ele manteve a cabeça abaixada, olhando para a mesa. Eu poderia agir em um momento como aquele, mas seria muito arriscado.

— Você avisou onde estaríamos?

— Ele vai nos achar. O filho da mãe vai chegar aqui. Se não chegar, eu ligo avisando. — Ele levantou os olhos para mim, ainda vermelhos, mas desta vez eu senti ainda mais medo quando os fitei. Havia rancor, crueldade... chegava a ser assustador olhá-lo, ainda mais quando abriu um sorriso de lado.

— Noah sempre consegue o que quer, sabia? Primeiro que ele nasceu em berço de ouro, com o pai certo. Depois ficou com a mulher que eu amava. Ele sempre teve tudo na vida. E o que sobrava para mim? — Eu não estava entendendo muita coisa, mas pela sua fala, aquilo estava parecendo inveja.

Eu não sabia como agir, nem mesmo o que falar. Se ele fosse esperar por Noah, que ele pelo menos aparecesse preparado.

Noah me contou que Beto parecia não acreditar no nosso relacionamento, que tentará fazer com que ele ficasse com outra pessoa. Quando Noah recusou, isso provavelmente o deixou com raiva, o que piorou ainda mais com a bebida.

Se ele fosse mesmo esperar por Noah, eu não poderia fazer nada, então. Tinha apenas que me manter em silêncio e aguardar. O tempo foi passando e Beto começou a ficar inquieto, andando de um lado para o outro segurando a arma. Algumas vezes ele parava, olhando para mim, coçava a cabeça e voltava a andar.

Depois de um tempo, um barulho na frente da casa fez Beto se assustar. Era como se tivessem jogado uma pedra, provavelmente um aviso de que havia chegado alguém.

— Você vem comigo. — Puxando minha mão, ele me arrastou consigo até a porta, destrancando-a.

Não havia ninguém lá, apenas a pedra estava parada sobre as escadas da entrada. Beto olhou de um lado para o outro, procurando por quem fosse. Mas não havia ninguém ali. Pelo menos não naquele ponto.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora