thirty-five

161 12 0
                                    

📌 London, Paris.

ANY GABRIELLY

Eu me sentia em paz como há um bom tempo não me sentia. Voltar para casa de Noah e deixar meus pais para trás era sempre um sofrimento, mas naquela noite foi tudo muito mais tranquilo, como se fosse algo natural.

Havia chegado há um tempo, e como estava tudo em silêncio, resolvi pegar um livro do escritório e ler na sala, já que havia recebido autorização para fazer o que quisesse.

Mas a verdade é que eu me sentia muito à vontade naquele ambiente. Noah me fez sentir em casa. Estava quase pegando no sono, deitada no sofá com o livro no colo quando o ouvi chegando em casa. Levantei-me espreguiçando-me e o vi entrando, fechando a porta.

— Oi, como foi sua noite? — perguntei casualmente.

Noah parou, olhou para mim e praticamente correu em minha direção, abraçando-me quase em desespero. Passei as mãos em seus cabelos, preocupada com o que poderia ter acontecido.

— Ei, está tudo bem? O que houve?

— Eu estou apaixonado por você, Any, e não quero te perder também. — Ele soluçava em meu ombro.

— O que aconteceu, Noah, respira. — Eu estava me sentindo uma mãe tentando acalmar o filho.

— Não foi nada. Só o Beto que me apresentou uma mulher como presente de aniversário. — Ouvir aquilo fez o meu coração parar. Não havíamos estipulado rótulos para o que estávamos tendo, muito menos juramos fidelidade um ao outro, então eu não saberia o que esperar de Noah naquele momento, mesmo com toda a sua reação.

Esperei que ele se acalmasse, ainda abraçado a mim, e fomos nos sentar no sofá.

— O que aconteceu? Ele fez algo contra você? — tentei não soar invasiva.

— Não, apenas falou alguns absurdos, me apresentando uma mulher como presente de aniversário. — Noah levantou os olhos já vermelhos em minha direção, deixando escapar alguns soluços. — Mas eu só conseguia pensar em você. Como eu queria estar com você, com nosso bebê. Não importava onde, eu só queria você, Any. — Noah colocou as duas mãos na minha cabeça em forma de concha e me puxou para perto de si, dando-me um beijo.

Fechei os olhos absorvendo suas palavras, deixando que meu coração se enchesse de orgulho. Ouvir aquilo era tão prazeroso quanto o beijo que ele me dava.

Mas ao mesmo tempo, veio a imagem de Beto, tentando atrapalhar nossa construção de relacionamento. Estava na hora de Noah saber o que ele havia feito.

— Eu preciso te contar uma coisa. — Segurei sua cabeça da mesma forma como havia feito comigo e o afastei de mim.

— É sobre o seu primo. — Ele parou, afastou—se de mim e esperou com uma aparência preocupada.

— Fala, Any, o que aconteceu? Ele te maltratou?

— Não... Você se lembra da nossa viagem para Vegas? Quando tivemos nossa primeira noite? — Ele fez que sim com a cabeça e eu continuei. — Quando eu acordei havia umas mensagens no meu celular. Era o Beto, me... — ponderei um pouco pensando em qual palavra usar — Avisando sobre você. Ele me encaminhou alguns áudios onde dizia que estava se encantando por mim, que iria insistir. E outro que você falava que mulheres serviam apenas para uma coisa, e era isso que você procurava. — Noah pareceu pensar um pouco no que eu havia dito.

— Foi por isso que você acordou estranha naquela manhã. — Fiz que sim com a cabeça, confirmando. — Beto distorceu as minhas falas, Any, você tem que acreditar em mim. Eu conversei com ele no dia em que você saiu da minha casa, depois do nosso primeiro beijo. Mas eu estava encantado por você, queria sim que algo rolasse entre a gente. — Ele deu um beijo rápido na minha boca. — Mas eu nunca disse que queria apenas uma coisa de você. Eu era muito irresponsável antes, não vou negar. Você sabe da minha fama. Mas hoje. — Ele segurou meu rosto novamente, olhando no fundo dos meus olhos. — Eu só penso em você, só quero você. Novamente, estou apaixonado por você. Acredite em mim. — Passei a mão pelos cabelos desgrenhados de Noah, vendo que ele começava a suar, provavelmente nervoso.

— Hoje eu estou te conhecendo, Noah. Cada dia mais. E estou descobrindo uma pessoa nova, que eu julgo ser até mesmo para você. Mas o mais importante, eu estou conhecendo você por aqui. — Apontei para o seu coração.

— E eu tenho me apaixonado cada dia mais por você. — Assim que as últimas palavras saíram da minha boca, Noah me puxou para si, beijando-me lentamente e apaixonado.

Se eu já estava me sentindo em casa antes, naquele momento eu relaxei ainda mais. O sono que estava antes foi embora, e Noah sentou confortavelmente no sofá, puxando-me para o seu peito, colocando a mão sobre a minha barriga, que agora eu sentia um pouco mais avantajada.

Era impressionante como em um dia eu não via diferença nenhuma e no outro ela parecia criar forma. Mas era lindo pensar que o meu filho crescia dentro de mim, ao mesmo tempo que era assustador.

Coloquei minha mão sobre a dele e ficamos em silêncio por um tempo. Era reconfortante, calmo e contagiante. Não existia constrangimento pelo silêncio dos dois, e nossas respirações pareciam entrar em sincronia.

Estava começando a amolecer de sono quando senti uma pontada na barriga. Era algo como uma cólica repentina, que me fez pular de susto.

— O que foi isso? — Noah me perguntou preocupado.

Virei-me de frente para ele, tentando entender o que eu havia sentido, se nosso bebê estava correndo algum risco novamente.

— Eu não sei. — Coloquei minhas duas mãos sobre a barriga, para ver se sentia alguma dor, como se eu pudesse segurar o bebê em meus braços e protegê-lo. E novamente senti a pontada.

Com a minha mão sobre a barriga, eu senti atravessar minha pele e o pequeno chute fez minha mão tremer. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e uma gargalhada ecoou escapando da minha garganta.

— Any, você está bem? Devemos ir para um hospital? — Noah transparece preocupação.

Peguei sua mão e levei à minha barriga, onde haviam acontecido as pontadas. Era quase imperceptível, mas como estávamos em silêncio, calmos, dava para notar o movimento.

Mas era maior dentro de mim. E sentir o meu filho se mexendo era uma das coisas mais mágicas que eu sentiria em toda a minha vida.

— Você está sentindo o nosso filho chutar. — Noah olhou para mim e para a barriga com a boca aberta, provavelmente sem saber o que dizer e esperando o próximo movimento. E quando veio, vi lágrimas escorrendo por seus olhos também.

— É o nosso filho... — sua voz estava embargada.

— É sim... — Noah se curvou, depositando um beijo sobre a minha barriga e depois levantou, dando um na minha testa.

Permanecemos ali por um tempo, com as mãos coladas em minha barriga, aguardando os movimentos do nosso filho.

— Eu estava pensando em alguns nomes essa tarde. — Noah ergueu os olhos para mim, curiosos.

— Escolheu algum?

— Andei pensando, e se você aceitar, eu quero colocar Henri. — Vi um brilho nascer em seus olhos, e eu poderia jurar que ele voltaria a chorar, mas antes que isso acontecesse, ele me puxou para um beijo. Era um nome que Noah já havia me dito que pensava em colocar em um filho, e eu achei perfeito.

— Está perfeito. Você é perfeita. — Ele voltou a me beijar, mas desta vez com mais calor e ferocidade.

O que provavelmente acabaria na cama. Ou talvez não desse tempo, e ficássemos pelo sofá mesmo.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora