thirty-eight

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📌 London, Paris.

NOAH URREA

Eu não tinha demorado no caminho. Até mesmo porque como era de madrugada, não tinha trânsito. Mas quando cheguei lá, meu pai disse que Beto havia ido embora há um tempo.

Arrumei algumas coisas da casa que estavam quebradas, mas ele insistiu que eu precisava ver se Beto estava bem.

Na verdade, quando vi o estado em que a casa do meu pai se encontrava, eu não queria nem olhar na cara do meu primo. Havia vasos e porta—retratos quebrados por todos os lados.

— Vai até a casa dele e veja se precisa de alguma coisa — meu pai disse, colocando a mão no meu ombro e fazendo-me largar a vassoura que segurava.

— Amanhã eu contrato uma equipe de limpeza, não vou deixar a Lucia mexer com esse tanto de caco.

— Ainda bem que ela tomou um remédio e dormiu rápido. — Coloquei a vassoura encostada em uma parede e olhei aquela bagunça.

— Ela ficou assustada com todo o barulho. Mas Beto estava muito diferente.

— O que ele falava, afinal?

— Eu não entendia muito bem. Ele parecia misturar assuntos, e ainda mais com a língua enrolada pela bebida dificultava mais ainda. Mas ele gritou várias vezes que você não merecia isso tudo, enquanto quebrava as coisas.

— Beto nunca foi dado a ciúmes assim.

— Não que ele aparenta, mas ninguém sabe o que realmente se passa no coração de uma pessoa. — Eu não queria vê-lo. Não agora, depois de tudo o que ele fez aqui, e do que Any me contou.

Eu havia falado um pouco sobre o assunto das mensagens que Beto passou para Any enquanto arrumamos algumas coisas, então meu pai já estava ciente das coisas.

— Mas ele é seu primo. Isso não é quesito — ele se corrigiu assim que lancei uma cara feia— Mas faça por mim. Você sabe que eu o considero como um filho. Ele é meu sobrinho, não posso abandoná-lo assim. — Respirei fundo, meio resignado, mas já convencido.

— Vou dar uma passada na casa dele, para onde deve ter ido. E qualquer coisa te mando uma mensagem. — Despedi-me de meu pai e entrei no carro dirigindo até a casa do Beto.

Seu carro estava estacionado na frente do portão, todo torto. Estacionei o meu e passei ao lado do dele, olhando para dentro e vendo que a chave se encontrava ainda na ignição. Entrei no próprio carro dele, estacionado melhor e trancando quando saltei.

Quando fui adentrar sua casa, notei que a porta estava entreaberta, provavelmente ele estava sem forças até mesmo para trancá-la.

Empurrei-a com cuidado, para não fazer um barulho brusco e assustá-lo e fui entrando enquanto o chamava. Mas estava tudo escuro e em silêncio. O interior estava em total penumbra, com as janelas e cortinas todas fechadas. Entrei na sala e corri a mão pela parede à procura do interruptor para acender a luz.

Esperava encontrá-lo sobre o sofá desmaiado, ou até mesmo jogado no chão, mas no lugar disso encontrei várias fotos e recortes sobre a pequena mesinha de centro. Procurei em outros cômodos por Beto, mas ele não estava em casa. Parei em frente ao sofá, virado para as fotos espalhadas e me sentei, analisando cada uma.

Havia várias, mas algumas em particular começaram a me chamar a atenção. Algumas fotos eram de Violette, que pareciam ser tiradas em momentos descontraídos. Algumas estavam ao meu lado, mas a maioria estava sozinha. Mas mesmo as que eu estava, o foco era nitidamente em Violette.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora