twenty-eight

150 15 0
                                    

📌 London, Paris.

NOAH URREA

Um desespero me assolou assim que meu pai avisou sobre o sangramento de Any.  Por um momento eu não sabia como agir. Mas meu primeiro pensamento era de que Any precisava de um médico, nosso bebê precisava de ajuda. 

Era estranho pensar no quanto uma criança que ainda nem existia direito já conseguia mexer tanto com o meu coração. Uma pressão no meu peito fez com que eu apertasse ainda mais Any.

Já estávamos no quarto do hospital, com uma médica avaliada-a  Eu havia insistido para entrar com ela, que não a deixaria, até que ela aceitou minha presença.
 
— Você já começou com o pré-natal? Está fazendo o acompanhamento? 

— Não. Eu descobri da gravidez na sexta, não tive tempo ainda de ir ao médico. 
— Pelo que você me contou, teve uma crise de ansiedade, o que levou ao sangramento. 

— Sim. Eu fiquei um pouco nervosa. Aconteceu o mesmo quando descobri que estava grávida. — A médica ergueu a roupa que Any usava, deixando sua barriga de fora e colocou um pouco de gel. Eu observava tudo, muito curioso e ainda apreensivo. 

— Vocês são casados? — Ela perguntou olhando para nossas mãos que estavam entrelaçadas. 

— Não, não somos — Any quem respondeu. 

— Ainda — ousei falar, mas baixo, acreditando que ninguém ouviria, mas Any me encarou, olhando-me com aqueles olhos castanhos como chocolate tão expressivos e curiosos, mas não disse nada. 

Assim que a médica começou a fazer o ultrassom, tudo ficou em silêncio na sala. Apenas se ouviam nossas respirações.  Apertei com um pouco mais de força os dedos de Any e ela retribuiu. 

— Vocês ainda não fizeram exame nenhum, não é? 

— Não, ainda não. 

— Então. — Ela virou uma tela na nossa direção. Era uma daquelas telas de ultrassom, que não dava para distinguir nada, tudo em preto e branco.

— Olhem para o bebê de vocês pela primeira vez. — Ela apontou para um minúsculo círculo na tela, onde provavelmente havia um serzinho se desenvolvendo.

— Ele está bem. Aparentemente foi só um susto. Mas vou pedir que comecem logo com o pré-natal, os exames tudo certinho. E que a mamãe aqui faça um pouco de repouso, evitando esforço físico por um tempo.  — Enquanto ela falava, eu continuava encarando aquela tela, onde eu podia ver, mas não distinguir um bebê. O meu bebê.

Aquela criança que tinha parte de mim. Que estava se formando por mim.  Lágrimas começaram a escorrer por meus olhos sem que eu desse liberdade, mas não me importei.

Meu filho estava bem.

O meu bebê. 

Ver aquela tela, imaginá-lo crescendo e se desenvolvendo, parecia credibilidade ainda mais o meu sentimento por ele.  A médica nos deixou sozinhos no quarto e assim que ela saiu meu pai entrou. 

— Como está o bebê? E você? — Ele se dirigia direto para Any. 

— Estamos os dois bem. — Ela, que ainda permanecia deitada, levou uma das mãos à barriga, e a outra usou para secar as próprias lágrimas. 

— Então, por que tanto chororô? Temos que comemorar. — Apenas nesse instante, Any levantou a cabeça em minha direção, notando que eu também chorava. 

Ela muito calorosamente colocou uma das mãos ao redor do meu corpo, puxando-me para perto dela em um abraço.  Aceitei seu contato, o que fez com que mais lágrimas corressem pelo meu rosto. 

— Nosso bebê está bem. — Quando ouvi suas palavras, um soluço de alívio escapou por minha garganta e ela me apertou ainda mais forte, e eu o retribuí. 

Permanecemos assim por algum momento, esquecendo-nos da presença do meu pai ali.  Assim que nos afastamos, um pouco mais recuperados, ele se aproximou da cama. 

— Eu sei que você ficou um pouco tensa com a minha abordagem, Any, mas eu queria falar que você é a mudança na vida que meu filho precisava. Eu fico muito feliz por vocês dois juntos. E esse bebê vai ser uma bênção nas nossas vidas. — Ele apertou o pé de Any por cima do lençol que a cobria e abriu um sorriso. Mas rapidamente foi embora, deixando-nos a sós. 

— Você está bem? — perguntei enquanto ajeitava seus cabelos que lhe caíam no rosto. 

— Estou sim, só um pouco cansada. 

— Vem morar comigo — falei tão de súbito que Any se assustou, abrindo os olhos ainda mais. 

— Já falamos sobre isso, e eu não quero te atrapalhar com nada. 

— Você jamais me atrapalharia. — Puxei uma cadeira, sentando-me ao seu lado e segurando sua mão. — Não precisa ser como casal se você não quiser. Mas me deixa cuidar de você e do nosso filho. Você terá todo o conforto do mundo. 

— Eu não sei se é uma boa ideia... 

— Claro que é. É uma ótima ideia. Você não vai deixar seus pais preocupados, ficará bem, em companhia de uma pessoa segura. — Neste momento ela deu um sorriso, achando graça no que eu dizia. — Eu posso te proteger de qualquer coisa — usei um tom mais divertido, fazendo-a rir ainda mais. 

— Só se for nesse período de repouso. 

— O tempo que você quiser. — Desta vez quem estava rindo era eu.

My Boss ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora