Capítulo 22

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No dia seguinte, Flynt me acordou no horário de sempre para treinar. No entanto, depois do almoço, ao invés de sair, como de costume, Flynt disse para eu me aquecer e me preparar.

Ele pegou a chave que usava pendurada no pescoço por uma delicada correntinha de metal e abriu um dos baús. O baú das espadas!

_Está pronta, Milla?

_Claro! – Eu disse com um sorriso enorme, mal podendo conter minha animação.

_Por que isso não é surpresa? – Ele perguntou bagunçando o meu cabelo com uma mão.

_Escolha a sua. – Flynt indicou o baú aberto.

Me aproximei o mais devagar que eu conseguia, contudo consegui apenas não correr até lá. Minha mão automaticamente se fechou em volta do cabo da mesma espada que eu admirara da outra vez.

_Ótima escolha. – Flynt elogiou. _Ela é leve e tem uma lâmina fina. O cabo tem uma boa distribuição de peso e leveza que permite rápida recuperação. É perfeita pra quem é rápido, mas não tem tanta força física, assim como você. Claro, concordei com a cabeça fingindo que eu escolhera a espada pensando nisso, não porque era a mais bonitinha e brilhosa.

Ele, então, pegou uma espada pra si mesmo dentro do baú.

_Vamos? – Perguntou com um sorriso torto.

Assenti e o segui até a nossa área de treinamento.

_Milla, se defenda! – Ele disse um segundo antes de descer sua espada em minha direção. Por instinto, ergui a minha um instante antes da dele atingir o meu rosto, bloqueando o golpe de Flynt. O barulho do choque das espadas soou pela clareira.

_Boa. – Ele aprovou sorrindo.

_Até porque, se não fosse, eu estaria sem cabeça agora! – Quase gritei indignada.

_A perna de apoio fica mais atrás e um pouco mais para a direita. Seus joelhos devem estar sempre flexionados, assim como os cotovelos, para suportarem o impacto. Não curve as costas, mantenha a postura. – Flynt ignorou o meu comentário e ordenou. Vendo-me sem escolha, obedeci-o.

_É um combate rápido e perigoso. – Flynt alertou. _Você deve estar sempre pronta e atenta. – Ele parou de andar e parou bem à minha frente. _Hoje vamos começar apenas com o básico.

Depois de uma tarde toda de treinamento básico de espadas, Flynt disse:

_Você realmente tem jeito.

Sorri satisfeita comigo mesma.

_Flynt, o que exatamente um demônio quer? – Perguntei durante o jantar.

Flynt suspirou antes de responder.

_Eles se alimentam de pânico e de morte.

_Como assim pânico e morte? – Perguntei sem compreender.

_Os demônios aterrorizam sua vítima antes de matarem-nas. Esse terror irá alimentá-los. E quando a vítima estiver apavorada e sem forças para lutar, eles a matam e se empoderam com sua morte. Eles sempre tiram algo da alma da vítima, isso ajuda-os a se desenvolverem.

Engoli em seco.

_Mas aquele demônio de ontem queria me morder, como se fosse um vampiro ou um zumbi.

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