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O almoço de hoje, ao contrário de ontem, foi silencioso. Minha avó e a Ava até tentaram dar uma animada no ambiente, mas não rolou. Não era nítido apenas no ambiente, que eles estavam chateados, era nítido na aparência. O Travis estava com o maxilar sempre tensionado, Louis estava toda hora movendo sua cabeça em negação, já o Liam ficou mordendo a boca. Não sei quem cederá primeiro.

Pelo menos a comida está impecável. Tive a oportunidade de comer o bolo de ontem, que estou sem palavras para descrevê-lo, ponto perfeito, molhadinho, macio e doce na medida certa! Sentirei falta de suas comidas encantadoras.

Na noite passada, ouvi uns ... como posso dizer? Discussão elevada, entre o Travis e o Liam. Tentei ouvir melhor, mas não quis sair do quarto com receio de encontrar o Louis no corredor, então só ouvia algo quando um elevava a voz. Porém, o tópico da discussão era claro: futuro do Travis. O que eu ouvia era apenas o Travis afirmando que não irá se mudar e o Liam tentando persuadi-lo de que se mudar é a melhor opção para seu futuro.

— Onde vocês pensam em fazer o casamento? — minha avó pergunta a Ava.

Já não estamos mais na mesa de jantar, estamos na cozinha, sem homens, tomando um café com uns biscoitos, maravilhosos, que Ava fez.

— Queríamos aqui, o Liam disse que tem um lugar que ele gosta e que gostaria de se casar lá. Não tenho tanto parente, então seriam pouquíssimas pessoas do meu lado.

— Que bom que vocês pretendem se casar aqui. Faço questão em ajudar no casamento — Dona Kitty fala empolgada.

— Iria amar! Queremos um casamento pequeno mesmo, da parte dele seriam vocês, a Melanie e uns amigos dele.

— Liam chamaria o Paul? — minha avó pergunta curiosa, mas com cautela.

— Não, quer dizer, ele não falou sobre e eu preferi não perguntar — Ava fala contida, o que aguça ainda mais minha curiosidade.

Quem é Paul?

— Se quiser, posso conversar com ele sobre.

— Eu adoraria. Sei que é um assunto delicado, e percebo que sempre que toco no assunto ele não se aprofunda ou muda o rumo da conversa.

— Entendo bem. Fica tranquila que eu vou conversar com ele.

Em algum momento elas voltam para o assunto: casamento, mas continuo pensando nesse tal de Paul. Será que é o pai deles? Ou melhor, pai de um deles? Sinto que os assuntos sobre os familiares deles são tabus, nunca se fala nada, nem explicam, ou contextualizam, apenas deixam no ar.

Não só o deles, minha parte também. Minha avó nunca fala da minha mãe, ou o que aconteceu com elas. Minha mãe também não falava, e eu estou seguindo para ser igual: não comentar sobre o assunto, fingir que ele não existe, fingir que ele não me instiga.

***

Quando volto da minha viagem a maionese, percebo que elas ainda estão conversando. Poderia tentar pegar o fio da meada, mas não estou a fim de engatar uma conversa sobre casamento.

Ao me desencostar da bancada, para sair da cozinha e ir para minha casa, vejo o Travis na janela da cozinha. Mais precisamente, sentado no balanço no quintal. O observo por uns instantes enquanto decido se vou até ele ou para o meu quarto.

Não acho que o Travis queira conversar com ninguém, mas, é o Travis, ele nunca quer conversar com ninguém. Porém, é involuntário, quando dei por mim, estava segurando uma vasilha com os biscoitos da Ava, caminhando para o quintal de casa.

— Você deveria provar esses biscoitos que a Ava fez, estão divinos! — digo entregando um biscoito a ele e sentando ao seu lado no banco em forma de balanço. — Sério, a Ava conseguiu me surpreender com seus dons culinários — continuo com meu papo de elevador ao ver que ele aceitou e comeu o biscoito que ofereci.

O Garoto da Casa ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora