Quando Ben termina de contar sobre os personagens, fico pensativa. Na história real dos quadrinhos, Vampira gosta do Gambit e não do Wolverine ou o Homem do Gelo. Porém, tanto no filme como nos HQs, a Vampira é tóxica, literalmente, ela machuca todo mundo que toca. Não pode se relacionar com o Gambit, pois, além de sugar seus poderes, suga também sua energia. Será que sou um pouco o meu personagem? Será que estrago tudo que toco?
Estava tão focada na história que mal percebi que o Travis e a Jules saíram do closet ainda com o Ben no meio da história. Seu domínio por X-men é tanta que os dois permaneceram quietos enquanto contava sobre os personagens. Começam a falar assim que a história termina, mas fiquei presa nos meus pensamentos. Em como me identifiquei com a personagem.
— Ei, você não vem? — Jules pergunta a mim, com os três na porta do seu quarto.
Volto a realidade. Não havia reparado nos dois e em como estão bonitos. A Jules está a cara da Tempestade, na verdade, ela está quase irreconhecível de Jules. Bom, o Travis, ele está lindo, como sempre, o Wolverine combinou com sua marra estampada.
— Vou — digo com um sorriso e me levanto do sofá.
Os garotos saem do quarto, mas Jules permanece, na porta, à minha espera. Caminho até ela.
— Você está arrasando de Tempestade, está igualzinha — digo.
Ela agradece.
— Temos umas regras nessa festa — me conta assim que fecha a porta do seu quarto. — Só meus amigos entram no quarto, a senha é 8776 — só quando fala que percebo que a maçaneta da sua porta é digital. — Você pode entrar se estiver se sentido mal, mas sem vômito, se alguém estiver sendo inconveniente ou se quiser apenas dar uma descansada, mas sempre venha só ou com quem saiba a senha. Se alguém tentar algo que a deixa incomodada, pode me chamar ou qualquer outra pessoa do time que elas tirarão o indivíduo da festa. Tranquilo?
— Tranquilo, obrigada.
Descemos e vejo que a festa já começou, tem uma boa quantidade de pessoas circulando na parte de baixo. Noto também uma cerca no final da escada, barrando a passagem para o andar de cima — onde estávamos e onde ficam os quartos — sendo vigiada por uma das calouras. Sigo a Jules, que vai em direção a cozinha, que está toda equipada com bebidas e petiscos e, claro, monitorados por duas calouras.
— Quer? É nosso ponche especial — a Lisa me oferece.
A observo com atenção. Sua fantasia está muito boa, porém engraçada. Ela está vestida do que normalmente o homem acha de mais broxante em uma mulher. Está com uma meia e papete que parece ter roubado de sua avó, com uma calça saruel, uma blusa de babados e altas presilhas em seu cabelo. Seu rosto está mais pálido que o normal e ainda desenhou umas verrugas e rugas. Para finalizar, na sua blusa está um adesivo com os escritos: "Hi, my is" e no espaço em branco ela escreveu, "assassina do patriarcado".
Na minha humilde opinião, isso está longe do patriarcado ou de assassiná-lo, mas a fantasia continua sendo ótima.
— Aceito, porque não tem como dizer não para uma assassina — digo rindo.
— Muito inteligente da sua parte — diz, me entregando um copo cheio e oferecendo um brinde.
É a primeira vez que tomo um ponche. Preciso confessar que é uma delícia. Preciso me policiar para não tomar tudo.
— Uma pergunta muito importante — diz Ben, apoiando seu braço no meu ombro.
— Que pergunta é essa? — pergunto desconfiada.
— Já fizeram um tour nesta casa, no caso, nessa mansão?
— Não.
— Pois, serei seu guia — com o seu braço ainda no meu ombro, ele me guia para a sala — aqui é a sala, as danças e a pegação acontecerão aqui. Está vendo aquela poltrona naquele canto perto das plantas? — pergunta e digo que sim. — É um ótimo lugar para dar uns amassos, fica a dica.
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O Garoto da Casa ao Lado
RomantikZoe Brooks, uma adolescente recatada, muda-se para o interior com sua excêntrica avó após um incidente em sua cidade natal. Lá, ela conhece Travis Avery, seu vizinho problemático. Enquanto tenta se integrar na nova escola, Zoe acaba caindo nas graça...