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Finalmente chega o dia do jogo. Almoçamos cedo para não perdemos a partida, o Louis está super nervoso pelo sobrinho. Passou o dia todo falando que o Travis mal come e dorme e, claro, que não o ouve.

— Eu não entendo essa pressão toda, é só um amistoso! — minha avó fala irritada, ela também está preocupada com o Travis.

Estamos a caminho da escola para assistirmos à competição.

— É o que digo a ele, mas você acha que ele me ouve? Fica falando que esse time é o melhor do estado, que vencer deles vai ser bom para a moral do time — Louis continua a desabafar irritado.

— Mas para que esse auê todo? Eles não serão eliminados se perderem essa partida — minha vó fala ainda mais indignada.

— Falei o mesmo, mas não adianta.

— Estou levando um chá para ele, e ele vai beber! Aí dele se não beber.

Ouço os dois conversando irritados o caminho todo, mas confesso que me diverti. Eles parecem os pais do Travis, aqueles pais bem atenciosos. Na verdade, os dois são os pais dele, até porque não sei nem se ele tem pais presentes, mas conseguiu ótimos substitutos.

Ao chegar na escola, os dois vão atrás do Travis, e eu vou atrás de algum lugar para sentar na arquibancada. Assim que entro na quadra, vejo as meninas se aquecendo, elas são as líderes de torcida, vão fazer um número antes da competição.

Elas estão todas de azul e branco — são as cores do time de hóquei, os Sharks —, tanto nas roupas, como nos pompons e no rosto. Quando param o aquecimento, elas me chamam. Reclamam que estou básica demais, que tenho que estar a caráter, portanto, Lola saca de sua bolsa um kit de maquiagem e pinta, em formato de coração, minha bochecha de azul e branco, e ainda colocam o número 15, que é o número do Noah.

Confesso que entendo zero de hóquei, só sei que tem que colocar o disco no gol. Não me empolgo com esse esporte, mas hoje, além de empolgada, estou nervosa. Desde que cheguei na cidade, me aproximei dos meninos do time, e me apeguei à escola. Toda essa energia da arquibancada está contagiante. Espero que os meninos sintam também.

O Noah é da defesa, o Kenny é o goleiro, Juan é o capitão e da defesa, e o Mike, Tyler e o Travis são atacantes. O juiz apita e começa a partida. Enquanto o jogo rola, a minha avó vai me explicando um pouco, ela ama hóquei e entende de tudo, mas, mesmo ela explicando direitinho, não entendi quase nada. Porém, o jogo está animado, o time adversário é mesmo bom, talvez melhor que eles, o time em si tem mais entrosamento que o nosso.

Os dois primeiros tempos foi no zero a zero, os meninos ralaram bastantes, o outro time conseguiu cansá-los. No terceiro e último tempo o nosso time está melhor, o Travis tacou três vezes para gol, mas o goleiro defendeu todas as tentativas, o Mike tentou uma, mas bateu na trave. O Noah está defendendo bem nesse tempo, mal deixa um disco se aproximar.

Em uma defesa, Noah pega a posse do disco e passa para o Tyler, que corre até ser driblado pelo adversário, mas Travis consegue recuperar o disco e corre para fazer um gol ... cacete ... ele se esquivou de um ... eita ... esquiva de outro ... ai, ai, vai, vai menino ... GOL!!!! GOL!!!

Por que só eu que estou celebrando? O Travis fez um gol, um gol lindo! Nem o Louis está comemorando, na verdade, todos estão chateados. Quê?

— Zoe! — minha avó puxa minha camisa, para eu voltar a sentar — o juiz apitou falta — me informa.

— Por quê? — pergunto, voltando a me sentar.

— O adversário empurrou o Juan — Louis informa, chateada.

— Mas foi tão bonito — estou decepcionada.

— Foi, mas foi anulado, não enten...

A galera grita gol e nos viramos para ver. Merda! Gol do adversário. Como perdi isso?

O Garoto da Casa ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora