Passei o restante da noite conversando com as meninas até me distrair, de novo, por causa do Travis, ou melhor, Sid. Ele está bêbado, isso é um fato, ele está rindo, falando alto e, o mais doido, dançando sozinho. Sei que as meninas já me explicaram, mas não sei o porquê estou tão fissurada nessa versão diferente do Travis.
Quando vejo que ele começou a dançar agarrado com a Cam, volto a focar nas meninas. Contei um pouco da minha vida sem muito acontecimento em Los Angeles. Hoje o clima está bem leve, até mesmo com a presença da Lola está tranquilo, ela não está dominando o ambiente. Na verdade, estou sentindo ela um pouco ausente, sem falar muito sobre si própria.
O Ben interrompe nossa conversa.
— Chris, vou deixar o Travis em casa, o Sid passou dos limites hoje. — Ben olha para a Raquel — você vai embora com o Juan, né? Pedi para ele acompanhar a Chris em casa.
— Claro, a deixo em casa!
— Mas você está bem para dirigir? Você também bebeu muito — Chris pergunta ao Ben.
— Estou bem, consigo dirigir — ele volta a olhar o Travis, que parou de dançar com a garota e agora parece estar discutindo com a Jules — talvez eu demore, deixa a janela da sala aberta.
Travis exclama algo longe e a Jules sai, parecendo irritada, o deixando sozinho. Será que ele e a Jules realmente terminaram e agora ele está ficando com a Cam e a Jules não gostou?
Ele está extremamente bêbado, mal consegue ficar em pé.
— Olha — Jules chega perto do Ben —, consegui arrancar a chave do carro dele, melhor ficar com você — diz irritada entregando a chave nas mãos do Ben.
— Ei, eu não tenho culpa dele tá assim — reclama.
— Claro que tem, fica o incentivando, enfim, ele está vindo e eu não quero mais saber dele por hoje, tchau — sai irritada antes que o Travis apareça.
— Por que a Jules está tão irritada? — Chris pergunta preocupada, enquanto a observa subindo as escadas para o segundo andar.
Antes que o Ben pudesse responder, o Travis aparece na roda. O olhando de perto, preciso concordar que esse cara não é o Travis, consigo distinguir, ela é nítida. O Sid não anda ereto, mal consegue se equilibrar, ele tem um sorriso largo e bobo, mas o olhar é vago. Não conheço o Sid.
— Ambrose, cade a chave da Ophy? — Pegunta com um sotaque mais forte e embaraçado.
— Não sei, depois você procura — Ben fala ríspido com o Sid.
— Eu estou bem, consigo dirigir, não vou deixar você dirigir a Ophy — protesta.
— Travis, você já conseguiu irritar a Jules hoje, não faça eu me irritar também.
— Por que a Jules estaria irritada comigo? — Sid muda sua expressão para chateado, como se tivesse esquecido que minutos atrás ela estava gritando com ele.
Eu e as meninas, estamos observando caladas toda essa cena desastrosa do Sid com o Ben. Não sei dizer o motivo das garotas estarem calada, mas sei o meu. Estou assimilando o Sid enquanto penso em como o Ben conseguirá o levar para casa sem que ele faça um escândalo quando chegar. Hoje é o dia que minha avó dorme na casa dele, a chance dele acordar os dois é grande, quero nem ver o esculacho que o Louis irá dar no Travis quando o ver assim, por mais que ache que ele está merecendo um esculacho.
Olhando o Sid, penso que o Travis sentiria vergonha dele.
— Travis — digo, indo para perto dele —, ela está com raiva de você porque você está sendo um pé no saco — me viro para o Ben e pego a chave do carro que ainda está em sua mão. — Você quer o seu carro? Então entra na porra do carro do Ben e fique quieto até chegar em casa, se você fizer isso, seu carro estará te esperando intacto amanhã de manhã, entendido? — falo firme, sem tirar os meus olhos dos dele.
Assim como o Travis tem o Sid dentro dele, tenho uma pessoa oculta dentro de mim. Normalmente libero essa Zoe 2.0 quando minha mãe age como o Sid: bêbada e chata. Um lado que só minha mãe conhece, que agora, todos dessa roda conhecem. Espero não os ter assustado, mas era o único jeito que funcionava com a minha mãe, quem sabe funcione com ele também.
Sid me observa sério, em seguida abre um largo sorriso:
— Zoe, falando assim você me quebra — diz com um sorriso sedutor e chega ainda mais perto de mim —, seu pedido é uma ordem.
— Aí, você não cansa de ser ridículo? — Lola pergunta revirando os olhos. — Você está assustando a Zoe.
Estou de fato com o coração palpitando e com expressão confusa, mas não é medo. O modo que o Travis falou comigo e me olhou, me deixou nervosa, sem reação. Ele estava flertando comigo? Definitivamente, esse não é o Travis.
— Oi, para você também, Viola — responde com um olhar e sorriso implicante. — Vou esperar você no seu carro — fala ao Ben e sai andando torto.
Estranho o modo que eles interagiram, será então que ela não gosta dele? Isso explica o motivo das meninas nunca falarem com e sobre o Travis.
— Você sabe onde está o carro dele? Vou no carro dele seguindo vocês — pergunto ao Ben.
— Sei. Você não bebeu né? — respondo que não com a cabeça — Tudo bem, então vamos antes que ele volte para a festa ou caia duro no chão.
Me viro para da tchau as meninas:
— Vou ajudar o Ben, tudo bem?
— Por que você se importa com ele? Olha como ele tratou você — Lola pergunta desconfiada.
— Porque não quero que ele acorde o Louis e muito menos a minha avó, e ele está bem bêbado — não quero falar que é porque me importo com ele, elas podem entender errado.
— Boa sorte — diz com um tom de desdém.
— Ajude mesmo, e fica de olho na estrada. — Chris ri, mas vejo um olhar de reprovação que a Lola direciona a ela.
Me despeço delas e vou até os dois. O Ben conseguiu colocar cinto de segurança no Travis, mesmo com ele protestando para ir sem.
— Ben — digo assim que chego perto deles —, leva ele para minha casa, ele dorme no sofá. Se ele chegar assim, vai acordar o Louis e a minha avó.
— Ah, havia esquecido que você é a neta da Dona Kitty — ele me olha com um mini sorriso no rosto.
— Sou, pode confiar em mim.
— Tudo bem então, vamos para casa da Dona Kitty, mas ele precisa de um banho.
— Eu sei, hum, você prefere ir lá pegar ou eu pego as coisas dele?
— Você conhece o quarto dele?
— Não, mas se você me disser onde ficam as coisas, posso pegar — digo, não sei se tenho força o suficiente para segurar o Travis sozinha.
— Faz assim, a gente para, coloco ele na escada da sua porta, e entro na casa dele para buscar alguma roupa, enquanto você o vigia. Mas fica de olho mesmo, porque é capaz dele fugir.
— Combinado.
Entro na caminhonete, insiro a chave na ignição e me lembro de um pequeno detalhe: não tenho carteira de motorista.
Esqueci de mencionar esse detalhe aos dois. Porém, mesmo não tendo carteira, eu sei dirigir carro automático, mas o carro do Travis é manual. Tento resgatar do mais fundo da minha memória os dias que meu pai me ensinou a dirigir um carro manual: Zozo, o primeiro de tudo é pisar na embreagem, depois ligar o carro. Faço o que a voz do meu pai me ensinou.
Isso, agora, mantenha o pé na embreagem e coloca a marcha no 1, não se esqueça, para mudar de macha é sempre com o pé na embreagem. E Zozo, o mais importante, nunca solte a embreagem com rapidez, senão o carro dará um salto para frente.
Com o coração quase saindo para fora, consigo tirar o carro do estacionamento. Agora é ir rezando para todas as religiões para não haver nenhum sinal vermelho e nenhum tipo de fiscalização.
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O Garoto da Casa ao Lado
RomanceZoe Brooks, uma adolescente recatada, muda-se para o interior com sua excêntrica avó após um incidente em sua cidade natal. Lá, ela conhece Travis Avery, seu vizinho problemático. Enquanto tenta se integrar na nova escola, Zoe acaba caindo nas graça...