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Como esperado, nos dois comemos toda a pizza e não satisfeitos, resolvemos comer o restante do sorvete que o Travis havia comprado. Levamos o pode para a sala, para comemos enquanto buscamos algo para assistir.

— Pode ser algum de terror? — Travis pergunta.

— Não, não assisto fime de terror.

— Não precisa ser de espirito ou sobrenatural.

— Não vejo, então coloca uma comedia romantica — provoco.

— Nem sonhando.

— Não precisa ser melosa ou água com açúcar.

— Engraçadinha você.

Ficamos minutos passando pela programação da Netflix em busca de algo que nós dois topássemos ver. Ora era eu que dizia não, ora era o Travis. Parece que não há um único filme que não tenhamos visto e que os dois queiram ver.

— Desisto — Travis diz, me passando o controle.

— E se eu fechar o olho, contar até dez e ir passando, no que eu parar depois da contagem é o que vamos ver?

— Mas e se for um muito ruim?

— A gente ver mesmo assim.

— Okay, como fazemos?

Decidimos por não olhar a televisão, viramos de frente um para o outro e de lado para a televisão. Eu vou passando e o Travis, também de olhos fechados, dirá a hora que devo parar.

— Pronto? — pergunto.

— Pronto, e nada de roubar.

— Sou uma garota honesta.

— Veremos, vai, no três fechamos os olhos e você começa a passar — diz com um sorriso empolgado, acho que estamos levando a serio demais essa brincadeira.

— Um, dois e três — contamos juntos e fecho os olhos no três, enquanto passo para o lado no botão do controle.

Após mais de um minuto, o Travis fala:

— Para! — exclama e assim que abro os olhos ele passa um dedo cheio de sorvete de chocolate no meu rosto.

— Travis, seu idiota! — grito pelo susto e pela comida gelada no meu rosto.

Tiro o grande pedaço de sorvete e, ao invés de limpar em um pano, revolvo revidar e limpo no rosto do Travis. Em segundos, a sala vira uma zona de guerra de sorvete de chocolate. O que foi só uma meleca de chocolate no rosto, virou mais para uma explosão. Tem chocolate no meu nariz, bochecha, orelha, cabelo, pescoço, braço e nas mãos. O Travis, por ser maior e mais forte, não foi tão atingido assim, mas consegui melecá-lo no rosto, cabelo e braço.

— Eu te odeio — digo com um sorriso abafado enquanto pego o pano de prato, que estava na mesa de centro, para me limpar.

— Odeia nada, sei que você gostou — provoca.

— Como que vou chegar assim em casa? — pergunto séria e limpando meu cabelo com o pano.

Não me vi no espelho, mas tenho certeza de que tenho sorvete no meu rosto todo, sem contar no restante do meu corpo. Como que eu explico isso para minha avó?

Assim como o blasé faz parte dele, a malícia também. Travis me encara com seu olhar malicioso enquanto seu sorriso se alarga lentamente.

— Ah isso é fácil — diz, no auge do seu sorriso largo, no auge da sua malícia e de sua beleza.

O Garoto da Casa ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora