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Elisabeth Harrys.

Estava assinando alguns papéis quando a porta foi aberta pelo pai das minhas filhas. Liguei para ele e tentei me manter o mais calma possível durante a ligação, pedi para que ele viesse o mais rápido que pudesse. O assunto é sério, envolve a minha filha e não podia deixar para lá como se não fosse nada.

O bem estar das minhas filhas vem em primeiro lugar.

Vivemos momentos difíceis no nosso casamento, reconheço que quando eu perdi nosso bebê, se ele não estivesse lá, talvez, eu não tivesse suportado tamanha dor, mas minha confiança e amor por ele foram quebrados quando ele se deitou com outra mulher.

Gustavo continua do mesmo jeito. O rosto parecido com o da minha pequena Aurora, os fios castanhos escuros bem penteados, os olhos caramelos que já não eram os mesmos brilhantes e cativantes de quando o conheci. Em um terno alinhado ao seu corpo da cor azul escuro, o mesmo cheiro enjoativo desde quando nos separamos.

Sinto raiva esquentar minhas veias assim que ele cruza o arco da porta. Como esse homem que se diz pai, não toma nenhuma atitude quando sua filha foi machucada pela parceria que nem é mãe da criança?

Peço para que ele se sente e sinta-se a vontade, mesmo que ele não seja tão bem-vindo aqui mantenho a boa educação pelo bem das nossas filhas. Olho para porta do anexo que tem na minha sala, tem um tipo de quartinho lá, adaptei para que as crianças tirassem uma soneca quando estivessem cansadas. Encomendei tudo ontem, e chegou hoje pela manhã e já estava tudo montado.

Angeline reclamou por não ter a chamado para ajudar na decoração, mas logo recuperou o bom humor, sabendo que teria uma sala para decorar e o dinheiro da mamãe para gastar.

- Onde elas estão? - Perguntou Gustavo.

- Elas dormiram a alguns minutos. - Respondi - Gustavo - Comecei, mas ele me interrompeu.

- Aurora poderá ficar comigo esse fim de semana? - Certo. Aurora não fica com ele. Ela está em um processo para sair da amamentação, não está sendo tão difícil, minha filha está se adaptando bem. Logo, logo ela deixará de lado a amamentação comigo e estará na mamadeira.

- Não, Aurora ainda está no processo para sair da amamentação. - Expliquei. - Logo ela se acostuma. Daqui uma ou até duas semanas eu acho. Ela está se adaptando muito bem - Falei normalmente.

- Certo - Ele olhou em volta e disse - O que você queria me dizer? - Ele parece cansando. É a segunda vez que ele suspira desde que chegou.

- Angel. - Respondi e ele me olhou. - Ela disse que não quer mais ficar com você e te chamou pelo nome de novo. Conversei com ela, mas sinceramente, ela não parece mais animada pelos dias que ela fica com você. - Disse a ele que não parecia tão desinteressado no assunto, afinal ele é pai.

- Por que? - Perguntou um pouco surpreso - Ela estava se adaptando bem a nova rotina.

- Ela disse que Kelly apertou o braço dela, e realmente estava esverdeado - Falei - Olha Gustavo, você pode ficar com quem quiser a vida é sua, mas é a nossa filha e eu não admito que nenhuma mulher que não seja eu corrija a minha filha - Disse um pouco nervosa ao lembra da Angel chorando - Nós nunca encostamos um dedo nelas, nenhuma das duas, estávamos sempre conversando com Angeline e ensinando ela de jeito civilizado. Não permito que a sua namorada encoste a mão nela. - Tentei explicar a ele a situação e o meu ponto de vista.

Ele continuou me olhando, parecia estar pensando no que dizer.

- Sinto muito por Angel. Eu não queria que... - Interrompi

- É isso? - Subi o tom - Isso é o que tem a dizer? Essa mulher machucou minha filha e tudo o que você diz é "sinto muito por Angel?" - Falei um pouco alterada, mas sem gritar.

Me levantei buscando ar, tentando me acalmar, andei de um lado para o outro na extensa sala. Nunca pensei que ele fosse ser tão desatento, queria ele participasse da vida das meninas é direito dele, mas desse jeito não vai ser. Onde ele estava quando isso aconteceu? Ele estava presente? Angeline pediu ajuda a ele ? Ela falou para ele?

- Ela contou? - Perguntei a ele - Ela falou para você que Kelly tinha machucado ela?

- Ela não me contou - Repondeu. Mio Dio. - Ela não me disse nada. Seu eu soubesse eu teria feito alguma coisa - Respiro fundo tentando me acalmar.

- Gustavo, eu não quero essa mulher perto das minhas filhas. - Falei olhando para ele.

- Vou conversar com ela, dar um jeito em toda a situação... - Não deixei ele completar

- Não é só uma situação, Gustavo.

- Eu sei. Sei bem disso, tá legal. Eu queria... - Ele repentinamente parou de fala e sinceramente não queria saber o que viria depois.

Conversamos por alguns minutos e decidimos que assim que a férias acabassem ele buscaria as meninas na sexta de tarde e traria elas de volta à noite, e no domingo passaria parte do dia com elas. Deixaria elas com ele nos feriados e ele falou que conversaria com a mulher. Pelo menos até que Angel e Aurora se acostumassem com a nova rotina ela não participaria do dia deles.

Ele sabe que Angeline me conta tudo, absolutamente tudo, provavelmente porque ela em vê não só como sua mãe, mas confidente. E eu amo isso que tenho com elas, Aurora apesar de falar pouco, que por opção está sempre sorrindo, gosta de tagarelar com pessoas que ela se sente confortável. Uma dessa pessoas sou eu e Livy, e de vez em quando os meus pais, quando entramos em contato com eles.

Depois da nossa conversa, voltei ao meu trabalho, desenhando os design de alguns projetos que pegamos para fazer, incluindo a arquitetura do novo restaurante da família Galanis. Planejamentos e planejamentos.

Estava quase na hora de sairmos, faltava mais ou menos 20 minutos para o almoço, então nesse período de tempo fui acordar minhas coisinhas, mas encontrei uma delas já se espreguiçando.

Aurora. Ela era tão fofa e doce, sou muito apaixonada nas minhas filhas, elas são o meu tudo. Aurora é o nosso bebê arco-íris, antes que ela viesse a este mundo, eu estava esperando um bebê. Era o nosso Enzo. Mas por conta de uma complicação que tive na época acabei perdendo meu precioso homenzinho. Tenho quase certeza que ele seria apegado em Angel e muito protetor com Aurora.

Saio dos meus pensamentos com alguém batendo na porta da minha sala, logo pego Aurora no colo e vou ver quem é. E lá está ele, com um sorriso de canto que dá para ver a marca da covinha do lado esquerdo do rosto. Os cabelos um pouco bagunçado em que nada diminui sua beleza.

- Oi - Ele se pronuncia.- Podemos ir? - Seus olhos são hipnotizantes, tão azuis quando o céu. E tinha algo lá, um brilho diferente que me chamava antenção toda vez que eu o olhava.

- Oh - Exclamei - Claro, eu só tenho que acordar a Angel. - Falei, apontando para porta entreaberta, e antes que pudesse me virar para ir até o pequeno quarto, Aurora fez algo que não costuma fazer com estranhos. Ela se jogou nos braços do meu chefe, que logo se prontificou em pegá-la. - Me desculpe, eu vou pe... - Eu ia pegar Aurora de volta, mas...

- Não, não tudo bem - Falou calmo - Eu também gostei dela, pode deixar. Vai lá acordar a pimentinha. Eu fico aqui, com essa fofa coelhinha. - Ele se lembrou dos apelidos. E falou de uma forma tão amorosa que, sem nem perceber eu estava sorrindo.

- Certo, vou lá acordar ela. - Falei dando um passo para trás - Entre - Disse antes de fechar a porta e seguir para o outro lado da sala. - Volto logo.

Pela cena que vi, ele já nem estava ligando para o que falava. Estava tão concentrado conversando com a coelhinha que eu acho que nem se deu conta que eu falava com ele. Minha filha também tagarelava bastante, era difícil ver ela conversando daquele jeito.

Pelo visto alguém conquistou, não somente a mim, mas as minhas pequenas também. Bem, pelo menos uma delas.

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