Theodore Galanis.
Assim que Elisabeth passou pela porta, um segundo depois de eu me virar para Gustavo um gosto metálico surgiu na minha boca.
Ele me acertou um soco.
Passei a mão pelo canto da boca, limpando o sangue escorrido. Esse maluco tava com a cabeça nas nuvens.
- Você acha que o mundo gira em torno do seu umbigo? - Começou.
Como se eu fosse ele.
- O mundo nunca girou em torno de ninguém, é por isso que existem muitas pessoas lutam para conquistar suas coisas, muitas pessoas dão a vida por aqueles que amam, e existem pessoas como você - Desdém passou por mim.
Não pensei que um dia chegaríamos a isso, o que ele queria? Que Elisabeth passasse toda a vida esperando por ele? Que não vivesse em prol do pensamento que ele nutri, ele tinha tudo nas mãos, uma família formada, uma esposa que o amava e por um momento único de prazer ele destruiu a família que tinha.
Não faço ideia do que passou na cabeça dele nesse momento, mas quando percebi outro soco veio, dessa vez perto da sombrancelha, não duvido nada que tenha deixado um machucado. Espero que não fique nenhuma cicatriz nesse lindo rostinho.
- Por que não revida? - Perguntou levantando a voz, suas mãos encostaram meu peito, me empurrando para trás - Por que não briga comigo? - Gritou.
- Não vou sujar as minhas mãos com você - Disse ajeitando a blusa, que ficara amassada - Não vale a pena brigar com você, sabe por que? - Encontrei seu olhar - Porque eu não quero ter que explicar para duas lindas garotinhas, que eu bati no pai delas só poque ele me irritou, não quero explicar para elas que eu sinto raiva do imbecil que colocou a mão em uma das minha filhas - Falei o mais calmo que pude, ele tentou me acertar de novo, mas eu não deixei.
- Você não é pai delas - Falou engulindo seco, acho que deviria buscar água para ele - Eu sou o pai delas.
- Você não agiu como pai delas durante três meses e agora que voltou, machucou elas, fisicamente e emocionalmente e por que? - Esperei pela resposta, e juro que eu não gostaria de ter ouvido isso.
- Não aceito que Angel chame outra pessoa de pai - Angel? E a Aurora? - Ela é a minha filha, quanto Aurora eu a amo, mas não tanto quanto Angel e o filho que a minha esposa deu conta de perder - Dio mio - Eu tive que consolar ela, quando na verdade tudo o que eu sentia era raiva dela. E depois ela ficou grávida de novo e teve uma menina, outra menina - Sem piedade, sem remorso, sem arrependimento, ele falava como se a culpa fosse dela, o destino tirou uma parte de uma mãe e ele é capaz de culpa-la por isso?
- Ela não é sua esposa.
- Mas foi, ela tem filhos comigo, e você não pode mudar isso. Eu não me deitei com outra por um momento de prazer, eu me dormi com outra pessoa para que ela me desse o que minha esposa não foi capaz. Posso até amar Aurora, mas nunca a considerei minha filha. Ela apenas ofuscou o lugar do meu herdeiro.
Esperava por tudo, menos isso. Não acredito que existem pessoas assim, ele recusou a filha pelo simples fato de ter perdido um filho, ele colocou nas duas uma culpa que não era delas.
Elisabeth me falou que apesar de tudo o que ele fez, na hora da perda ele estava lá, dando suporte. Mas a única coisa que ele sentia era raiva e remorso da própria esposa, ele nem por um momento foi capaz de se colocar no lugar dela.
Se ele está fazendo isso agora por causa de uma frustração que veio do nada, não sei o que faria quando as pequenas começassem, por um acaso, me chamarem de pai com mais frequência.
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PURE LOVE.
Romance- Acho que está na hora de colocar essa dor na estante do perdão, o que acha? - Ele riu do meu jeito de dizer que ele precisava perdoar - O que? Você está rindo do mim? Eu estou tentando ajudar aqui - Segurei o riso, tentando ficar séria.