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Elisabeth Harrys.

Um mês depois.

Acordo com a porta do quarto sendo aberta e uma cabecinha com fios escuros passou por ela, a garotinha assim que me viu começou a correr em minha direção. Coçando os olhinhos cheios de sono subiu na cama e se aconchegou contra meu peito.

Aurora, desde que viemos para casa de Theo, tem se acostumado a dormir na cama. Ela pareceu um pintinho no meio da cama gigante que o Theodore colocou no quarto, segundo ele em sua defesa, ela poderia cair se a cama fosse menor.

- Oi, amore mio.

- Oi, mamãe.

- Tudo bem? O que faz aqui no meio da noite? - Perguntei-lhe começando uma sessão de cafuné, nos fios soltos.

- Pedi o sono - Disse - Quelia ve você e o papi - Theodore se levantou no mesmo instante e naquele momento tenho certeza que os nossos corações erraram completamente as batidas seguintes.

Nesse último mês o laço dos três tem se fortalecido, algo lindo de se ver, algo que amava ver, dia após dia, laços sendo fortificados, o amor entre eles crescendo e isso era mais do que nítido.

Angel e Aurora chegaram a nos perguntar se elas poderiam chamar o Theo de papai, se não iríamos ficar tristes com isso e desde então, Theodore tem esperado esse momento, apesar de ter só uma das garotinhas aqui.

Ele tem me dito o quão ansioso está, o quanto ele queria que esse momento chegasse logo, e no meio da madrugada, o homem que estava dormindo profundamente ao meu lado deu um sobressalto ao ser chamado de pai.

Eu estou feliz com esse momento, mais que feliz. Não dá para explicar a sensação que estou tendo, não sei se choro ou se sorrio, se os abraço ou grito de alegria pelo Theo, porque isso foi uma conquista. As meninas depositaram nele sua dependência, apesar de Angel não estar aqui, colocaram nele a toda a confiança, vendo nele um pai.

E nesse momento Theodore Galanis e eu estamos derramando uma cachoeira no quarto.

- Mamãe? - Aurora me chamou atenção - Cholando? Pouque? Titio? - Suas mãos pararam em meu rosto, que agora se encontra molhado.

- É de felicidade, amor - Falei me sentando na cama.

- Querida - Theo a pegou no colo - Do que... - Uma pausa. Theo respirou fundo antes de continuar - Do que você chamou o titio?

- Titio? - Um sorrisinho brincalhão apareceu no seu rosto. Theo negou com a cabeça, parecendo desesperado - Velhote?

- Aurora, você vai mat... acabar com o coração do seu pai - Meu coração transbordou com a palavra, me encostei na cabeceira da cama, apenas observando a interação deles. Pai, papi, combina com ele.

- Não me relecordo - Dá minha perspectiva, a alma de Theo vinha e ia e a minha pequena Aurora, estava gostando.

- Tudo bem, eu espero - Um suspiro derrotado - Eu te amo, pequena - Theo disse.

- Eu te amo, papai - Retribuiu a garotinha, tão sincera quanto as vezes que falara para mim. As lágrimas que insistiam em cair dos olhos azuis céu de Theodore, foram secas pelas mãos da menininha que, agora sorria. Um sorriso tão doce quanto o nome que carrega.

- Papai? - Um voz melodiosa soou da porta. Ao olharmos para lá, pimentinha estava com a cabeça de lado, como quem perguntasse: o que eu perdi?.

- Vem cá, pimentinha - A chamei, em um instante ela estava no meu colo, de frente para os outros dois - Aurora, chamou o titio de papai - Contei.

- Tudo bem, pequena? - Theo perguntou.

- Eu quero te chamar assim também, velhote - As voz parecia ter sido banhada por um ar de choro.

- Princesa - Chamei sua atenção, ela se virou um pouco, sem sair do meu colo, para me olhar - Está tudo bem se você quiser chamar o Theo, de papai, de titio ou até mesmo velhote - Um sorriso - Não precisa se sentir pressionada, vai no seu tempo. Ninguém vai ficar bravo ou chateado com você, muito pelo contrário, vamos nos sentir mais que felizes.

- Papai - Angel pronunciou - Combina com você, velhote.

- Pensei a mesma coisa - Rimos.

- Angel, eu vou me sentir mais que lisonjeado se você por algum acaso me chamar de papai. É o que eu quero, vai ser mais que uma simples palavra e até que você me chame assim, eu prometo te amar mais e mais todos os dias, cuidar de você como se fosse minha, prometo cuidar de você e da sua irmã, e da mamãe também - Entre sorrisos e lágrimas escutamos com atenção:

- Vou ficar bravo quando vocês chegarem aqui com um garoto e vou dar bronca quando vocês mentirem para mim - Coitado do garoto que vier conhecê-lo - Eu vou te ajudar com projetos da feira de ciências e com os trabalhos da escola, eu vou sentar na primeira fileira nas suas formaturas e vou ser o pai que vai te fazer passar vergonha ao te beijar na hora de entrar para o colégio - Os olhos de Theo brilhavam em lágrimas e amor.

- Eu vou ser o seu pai, mas não vou substituir o que você tem, vocês tem memórias juntos e sei que vocês o ama e isso nunca vai mudar, eu vou ser o pai que vocês merecem e mesmo que não me chamem assim, eu vou amar vocês com todo o meu ser - Um abraço de urso em família, nossa família.

- Eu amo você, papai - Angel disse - E quelo que seja assim para sempre.

Depois de uma noite cheia de lágrimas e abraço e muita, muita felicidade. Dormimos juntos, os quatro abraçados como se nunca quiséssemos sair do casulo que acabamos de criar.

Amanhã seria um novo dia e hoje iria passar, mas esse momento ficaria na memória para todo sempre. Marcado em nossos corações, o dia que nos tornamos conectados não pelo sangue, mas pela alma.

Não mudaria nada do que vivi até agora, as coisas que vieram e se foram, me fizeram amadurecer, me fizeram feliz e triste, sorrir e chorar, amar e por um momento odiar. Mas com o passar do tempo, nos curamos, se nada do que vivi tivesse acontecido eu não chegaria na felicidade de hoje.

Podem aparecer pessoas nas nossas vidas que nos farão questionar, se merecemos ser amadas ( os ), mas haverão outras que nos farão questionar, se não está na hora de deixarmos para trás o passado e deixar que o presente nos cure.

Terão momentos que nos questionaremos e terão momentos que veremos, que a resposta sempre estive aqui, mas estávamos doentes demais para perceber.

Se permita curar, para não perder a essência que você têm. Viva a vida de uma maneira que seja memorável, todos os momentos, até mesmos aqueles que machucam.

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