Epitáfio

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"Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor"


O burburinho alto de conversa inunda as baias do DHPP, Verônica está sentada sobre uma das mesas como um menino rebelde. Dante está ao seu lado, mas somente encostado, sua caneca de café do Batman em mãos. Nelson e Lima discutem sobre alguma moeda de cripto nova e a morena acha o papo um saco.

Uma mão macia estende-se na frente de Lima, Anita dá tapinhas na mão à frente do homem e ele olha confuso, assim como o resto do grupo que volta a atenção para a loira.

- Meu dinheiro, anda. - Ela exige.

- Aquela merda foi roubada. - Lima protesta.

- Foda-se, aprende a perder. Meus R$ 100 reais, anda! - Ela bate na palma da mão novamente, sua expressão entediada. Verônica e Dante olham confusos.

- O que tá rolando? - Nelson questiona, saciando a curiosidade do resto do grupo.

- Eu apostei com esse perdedor que o Corinthians levava ontem, e levou. - A loira explica - Agora ele quer fugir!

- Você recebe mais que todos nós, alivia essa. - Lima tenta mais uma vez.

- E o que eu tenho a ver com isso? - A loira questiona, deboche escorre em sua voz.

O homem bufa, aceitando perder. Ele saca a carteira do bolso, retirando uma nota azul de dentro do objeto, depositando-o na palma da mão da delegada.

- Obrigada! - Seu sorriso é falso e ela dá as costas para o grupo, desfilando até sua sala.

Verônica observa a saia preta apertada, a traseira da mulher marcando no tecido, uma blusa de mangas longas e soltas lhe dando um toque refinado.

- Ah! - Ela parece se lembrar de algo, virando-se ela pega o olhar de Verônica em sua bunda. - Dante, preciso falar com você.

Dante acena, passando pelos outros funcionários e seguindo a mulher.

- O que conseguiu sobre a rotina do Silvano? - Ela pergunta assim que eles cruzam a soleira da porta.

- Fiquei de tocaia ontem durante o dia e a noite. Ele sai para trabalhar às 9 da manhã, almoçou em um restaurante da Faria Lima, voltou às 16 horas. Só saiu novamente às 20 horas, foi para uma academia 24 horas lá perto, voltou quase 22 horas e não saiu durante a noite. Rotina tranquila, nenhuma visita em casa. Deixei um agente hoje seguindo ele, ver se ele recebe alguém ou vai à encontro de alguém. - Ele deposita a mão nos bolsos da calça jeans, finalizando sua fala.

- Alguma outra novidade? – Anita está pronta para dispensá-lo, trabalho administrativo acumulando-se em sua mesa uma vez que Carvana se recusava a levantar um dedo até se aposentar.

- Estou com uma pista quente. – Dante confessa – Nelson puxou as câmeras dos outros dois lugares que acharam os corpos e o carro do nosso suspeito passou por perto em ambos. Muita coincidência, não? – Ele sorri com o achado e Anita suspira satisfeita.

- Finalmente alguma notícia boa, por Deus. – Ela joga as mãos para cima. – Pode ir Dante, obrigada.

O homem franze o cenho ao escutar o agradecimento, Anita sequer cumprimentava ninguém, quem dirá agradecer.

Quando ele volta a passar pelo grupo de amigos, Verônica está discutindo com Lima sobre como conseguiria derrubar ele facilmente em uma briga.

- Doutora tá de bom humor, até "obrigada" tá dizendo. – Dante comenta.

- Ela está de preto, então deve estar mesmo. – A morena solta sem dar muita atenção.

- O quê? Como assim? – Os olhos azuis do homem focam em Verô que se dá conta do que acabou de falar.

Teto de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora