"Rasgue minha roupa
Mas por favor não dê beliscão
Eu fico nua
Depois você reclama quando eu chamo atenção"O carro estacionado debaixo de uma mangueira na esquina possui vidros fumê. É um veículo velho, meio caído, mas perfeito para o papel que Heloísa precisava: esconder-se.
Há dois dias, ela iniciou a ideia suicida de observar o hotel que Helena estava por conta própria, sumindo do DHPP sem dar muitas explicações e sem pedir ajuda. Só ela, binóculos, um rifle carregado no banco traseiro e muitos sanduíches.
Ocasionalmente, quando o carro de Helena deixava o hotel, a morena seguia vagarosamente o SUV imponente, mas só se deparava com lojas de grifes, restaurantes caros e outras atividades comuns a uma herdeira de meia idade.
No entanto, a atividade daquele dia começa incomum. Não é o Toyota de sempre que sai da garagem, na verdade Helena atravessa a rua sobre seus saltos, entrando em um carro com muito menos pompa que o que costuma andar. Ali, o instinto de Helô apura-se.
Dentro da polícia, muitas vezes policial e criminoso compartilham pensamentos. É assim que policiais conseguem prosseguir em investigações, bem como é a maneira que alguns criminosos conseguem escapar de seus delitos. Muitos deles divididos apenas por uma autorização do Estado em poder portar uma arma e ceifar uma vida.
Por isso que quando Helena entra no carro simples, a delegada sabe que ela tem o mesmo objetivo da morena, não chamar atenção.
Silenciosamente, o motor dá partida atrás do veículo que a mulher havia entrado, Heloísa mantendo certa distância no correr das ruas e não conseguindo visualizar quem dirigia o automóvel.
Quando eles começam a se afastar do centro da cidade, sua atenção se redobra e quando tudo fica um pouco deserto, ela se afasta ainda mais, vendo apenas relances do carro branco de Helena.
Um galpão estranho, com cara industrial, é onde eles param e de longe, através dos binóculos, ela vê Victor descer do banco do motorista, com Helena saindo logo após do passageiro. O homem possui hematomas no rosto e a mulher imponente mal dá mais que um olhar para ele antes de por grandes óculos escuros e andar a sua frente. Ele segue, como um cachorro arrependido segue seu dono.
Heloísa acha prudente não seguir, não sabe o que pode lhe esperar lá dentro. Depois de uma troca de tiros com 6 homens que ela mal havia escapado por causa de Anita, ela estava levemente temerosa por sua vida. Gravando bem o endereço, ela aguarda por cerca de uma hora até Helena deixar o lugar, voltando ao carro com Victor em seu encalço.
Por alguns segundos, Helena olha na direção em que Heloísa se esconde, e mesmo com o olhar escondido pelos óculos escuros, a delegada sente os orbes escuras sobre ela. Mas se Helena desconfia de algo, ignora. Entrando no carro, Victor volta ao caminho de antes e Heloísa resolve não os seguir mais, após o olhar intimidante da mulher.
Ela voltaria ali, com certeza voltaria, mas acompanhada.
★
Verônica não poderia reclamar de sua manhã.
Após uma noite perdida nos lençóis e nas mãos de Anita Berlinger, ela acordou com o cheiro gostoso de café pela casa, o que aliviou sua breve frustração de não estar grudada ao corpo esguio da loira.
Quando ela se arrastou até a cozinha, encontrou uma mesa de café da manhã montada diretamente de um livro de culinária: torradas, geleias, frutas cortadas e café feito de grãos que ela nunca havia ouvido falar.
Ali, ela notou que havia progredido algo com Anita, que fugia de cafés da manhã com ela. O último sendo em uma cafeteria, o máximo que ela havia conseguido quebrar o padrão.
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Teto de Vidro
FanfictionApós se envolverem por uma noite, Anita e Verônica prometeram que tudo não passou de uma experiência. Todavia, é difícil resistir a adrenalina e diversão que somente pessoas tão opostas poderiam se provocar. Ao se verem envolvidas em um caso incomu...