Não me mande flores

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"Não me mande flores
Pare de bater no interfone
Não preciso do seu amor

Pare de me torturar
Não ouse me ligar
Não preciso do seu amor

Eu não amo você! (Só amo você)"

Verônica resmunga sonolenta com o toque insistente de seu despertador. As poucas horas de sono afetando seu mau humor ostensivo em acordar cedo. Ela gira o corpo nos lençóis, lançando um braço sobre parte esquerda do colchão, mas o membro atinge o vazio e ela grunhe ao lembrar que está dormindo sozinha.

Ela cai no sono novamente, mas cinco minutos depois, o celular volta a gritar incansavelmente e ela se dá por vencida. Pegando o aparelho, ela aperta os olhos para o brilho da tela que os irrita. Quando seu dedo desliza para que o som irritante acabe, ela é atingida por um número expressivo de ligações de Denise, bem como um conjunto de mensagens da morena.

"Olha, não sei bem o que aconteceu... Anita está furiosa aqui. Pode me ligar?"

"Você deve estar dormindo e seu celular no silencioso, mas a coisa está feia"

"Alguém enviou uma foto para ela, sua e do Paulo. Eu disse que parecia falsa, mas ela disse que você estava usando esse vestido hoje"

"Ela meio que chorou... disse que foi de raiva, mas não consigo acreditar"

Os olhos da escrivã se arregalam em desespero, e o sono que lhe atingia some rapidamente. Em segundos, seu celular vai de encontro a orelha, mas a ligação para Anita sequer chama. Ela abre o aplicativo de mensagens e nenhuma entra no celular da loira, sua foto também não aparece para visualização.

- Ela me bloqueou? – A morena indaga para si, alarmada.

Seu celular volta novamente a orelha, mas dessa vez chama. E ela se levanta apreensiva, mordendo os dedos, enquanto anda de um lado para o outro.

- Oi... – Uma voz grogue lhe responde. – Quem é?

- Verônica.

- Puts... E aí, Verô? – A voz feminina lhe pergunta, parece estar tão desnorteada quanto ela.

- Que história é essa de foto? – A morena pergunta ansiosa. – Cadê Anita?

- Nem Deus sabe... – Denise responde. – Não dormi nada por causa disso. – Ela bufa audivelmente.

- O que aconteceu?

- Ela chegou toda sorridente do encontro de vocês. Nós ficamos conversando até a entrada da madrugada e do nada, o celular dela vibrou e ela foi olhar. – A morena suspira, tentando se lembrar de como a confusão havia começado. – Me mostrou de relance uma foto sua beijando um homem e disse que era seu ex-marido, algo assim.

Verônica puxa um tufo de seu o cabelo com a mão livre, em desespero.

- Ela acreditou nessa merda? Estou bloqueada em tudo, por Deus. – A escrivã diz, desespero tingindo seu tom.

- Acreditou. – Denise suspira. – Eu disse que não fazia sentido, mas ela estava enfurecida como eu nunca vi. Se trancou no quarto e eu achei que fosse dormir, mas depois saiu de lá com uma roupa completamente diferente, pegou as chaves do carro e sumiu. Achei que tivesse ido atrás de você.

Torres morde o lábio, olhando ao redor como se Anita pudesse estar escondida lá por todo esse tempo.

- Não... eu acho que não. – Torres conclui o pensamento, mas um resquício de dúvida para no ar. – A que horas foi isso?

- Umas quatro da manhã. – Denise responde.

- Entendi... – A morena suspira, seus dedos apertam a ponte do nariz e ela fecha os olhos, buscando paciência. – Aquilo não aconteceu, ok? Quer dizer, aconteceu, mas não daquela forma. Ele apareceu aqui do nada e me agarrou no corredor, não sei que merda estava na cabeça.

Teto de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora