"Sinto saudades já não me recordo porque
E assim como o tempo o motor ao relento
Você disfarça a tristeza e sorrisos pra fingir viver"
Victor bufa ao ser conduzido com brutalidade para dentro do prédio que ele lê como Polícia Civil, o homem não entende porque foi mandado para São Paulo, tampouco porque estava em uma delegacia civil. É cedo da manhã, e o céu é tingido por um azul forte que brilha limpo ao ser atingido por raios solares.
Dentro da Polícia, a Civil era conhecida por cuidar da maioria dos casos que se conhecem: roubos, tráficos comuns, assassinatos, latrocínios, tudo que envolvesse responsabilidade do Governo do Estado. Já a Federal, era reclusa a cuidar de casos federais, que envolvam um panorama nacional no caso, como: corrupção, crimes do colarinho branco, tráfico internacional, organização criminosa, entre outros.
É por isso que Victor estranha estar no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, não que sua organização nunca tivesse matado alguém, pelo contrário, mas após ser preso com uma acusação de tráfico da Bolívia ao Brasil, ele não esperava estar ali.
Todavia ele descobre a razão quando uma mulher com expressão sisuda aparece na sala de interrogatório.
Heloísa Sampaio.
A fama que precedia o distintivo de delegada em seu peito não era desconhecida por Victor. Ele foi em enterros de amigos que se foram nas mãos dela. Viu outros apodrecendo na cadeia após entrarem em seu caminho. Assistiu uma mulher particularmente importante sucumbir a ter seu destino cruzado com o de Heloísa.
Por isso, ele desejava nunca ter encontrado aquela mulher na vida. Que aquele caso nunca parasse nas mãos dela. Se ocorresse um embate entre Heloísa e entre a mulher que estava acima dele na organização, seria um banho de sangue como nunca antes visto.
Uma mulher loira acompanha ela, o distintivo da Civil preso em seu cinto e a expressão de poucos amigos em seu rosto demonstra a pouca paciência da mulher.
Mas é a morena de cabelos curtos que entra na sala chama sua atenção, ela não cumprimenta ninguém, nem lhe dá mais que um olhar. Parece marrenta, as roupas escuras e o lápis de olho borrado lhe dão uma expressão de raiva naturalmente. Ela é bonita, tem o rosto bem desenhado e apesar das roupas simples, o corpo parece bonito.
Sua atenção da mulher - que ele descobre ser escrivã pelo distintivo – é desviada por um ardor no rosto. Aquela filha da puta loira tinha batido em sua cara?
- Está olhando o que, porra? – Ela rosna. – Você já não está fodido demais para querer assediar a escrivã?
Ele observa o rosto vermelho da mulher, antes de rir em escárnio. – Vocês, mulheres, se descontrolam muito rápido. – A voz grossa é maldosa. – Nem se apresentaram e já estão me batendo, meu advogado vai adorar saber disso. – O homem ameaça.
Heloísa observa a situação. O homem algemado a mesa parece ter a faixa de 35 anos, não passando dos 40, cabelos castanhos, olhos profundos e barba rala. Ela jura já ter o visto antes, mas não se recorda de onde.
- Como se seu advogado pudesse fazer grandes merdas sobre você levar um tapa, me poupe Victor. – Helô soa entediada, se jogando na cadeira em frente à mesa, no lado oposto onde o homem está. Anita ainda parece enfurecida e Heloísa acha a cena estranha, a loira tem mais cara de sádica do que alguém que se preocupa com assédio feminino, mas agora ela parece mais tombada a segunda alternativa. – Senta Anita, ele não vai mexer de novo com ela.
Anita parece se recuperar de um torpor, voltando a realidade. Ela cumpre o que Heloísa pede, estranhando a própria reação. A morena iluminada ao seu lado abre a pasta que contém o arquivo de Victor, antes de começar a falar.
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Teto de Vidro
FanfictionApós se envolverem por uma noite, Anita e Verônica prometeram que tudo não passou de uma experiência. Todavia, é difícil resistir a adrenalina e diversão que somente pessoas tão opostas poderiam se provocar. Ao se verem envolvidas em um caso incomu...