Sagrado profano

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"Me encontra em todo mundo
Procura e me destrincha a fundo
Me diz qual amor não é confuso
Minado, inseguro
Ciúme de um fatídico segundo
Sagrado amor profano"


- Pelo que eu me lembre, você disse que não tínhamos nada. Como vamos retornar ao nada? – Verônica debocha, cruzando os braços em seriedade.

Anita morde o lábio inferior, reconhecendo as palavras duras que usou.

- Me desculpe, eu disse aquilo por desespero. – Ela torce as mãos, desesperada para que Verônica entenda toda sua confusão sem que ela precise explicar.

Mas a pose de Verônica a diz o contrário, que não será nada fácil.

- Anita, estou entalada com você. Então, escute bem o que vou dizer. – A morena se aproxima. - Eu estava bem em manter o que tínhamos até você dar para trás como uma covarde! E eu pensava muitas coisas ruins sobre você Anita, mas nunca que você seria covarde. – Verônica aponta com o dedo para o peito de Anita e a loira engole em seco. - Não estou falando para você me pedir em namoro, até porque eu não aceitaria, mas não vou aceitar mais os termos de antes. Você vai me tratar bem, fora e dentro da delegacia. Não quero mais saber de grosserias, patadas ou xingamentos. Você vai avisar ao RH sobre nós e vai me tratar decentemente, eu sou boa demais para você me tratar só como uma foda e você sabe disso, pois senão não estaria aqui.

Berlinger absorve as palavras como balas que perfuram sua pele, ela achava que Verônica não seria fácil, mas que cederia com mais facilidade. Todavia, uma parte do discurso em particular perturba seu coração.

- Por que você não aceitaria? – Anita pergunta, a voz embargada.

- Não aceitaria o que? – Verônica parece confusa, sem saber ao que a loira se referia.

- Namorar comigo? Eu sei que sou ruim, mas achei que-

O tom de Anita parece perdido e a morena sente o coração se apertar em vê-la tão vulnerável. Vulnerável por ela. Os punhos fechados de Verônica se soltam e seu coração se amolece levemente.

- Você não é ruim, Anita. Mas eu não sei nada sobre você, sobre sua vida. Mal sei seus gostos, seus sonhos, sua história. Como namoraria com você quando há esse muro imenso ao seu redor? – Verônica responde, seu rosto se franze em preocupação ao notar o olhar baixo da loira.

Deus, ela tem vontade de abraçá-la e beijá-la, mas sabe que se ceder, Anita a continuará tratando da forma de antes.

- Entendo. – Anita engole o nó em sua garganta, ela não consegue encarar Verônica.

- Então, o que você me diz? – A morena pergunta. – Você aceita o que eu quero?

Anita abre a boca, mas nada sai. Seu problema com compromisso gritando que ela não daria conta, que seria um erro e que ela deveria deixar isso para lá. Que ela não deveria estar lá.

O silêncio responde a Verônica algo que ela não queria ouvir.

- Olha, eu não sei se-

O toque estridente do celular de Verônica interrompe a conversa e a morena levanta um dedo, pausando o discurso de Anita. Ela não queria ser insensível, mas já sabia o que a loira responderia.

- Fala, Helô! – Verônica atende o aparelho e Anita rola os olhos ao ouvir o nome da mulher. – Beleza, só estou resolvendo algo aqui e estou descendo. Beijos!

Ela desliga o aparelho, o colocando na bolsa de mão que estava sobre o sofá.

- Você tem algo que valha a pena ouvir para dizer? – Os olhos castanhos a fitam cansados.

Teto de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora