Me adora

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"Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora"


Batidas pesadas na porta interrompem a tranquilidade da mulher que tem uma frigideira de ovos mexidos na mão. Ela franze o cenho, não tendo escutado o porteiro interfonar e estranha que alguém tenha subido para o apartamento sem autorização àquela hora da manhã.

- Já vai! – Ela grita, largando na panela em cima do balcão.

Quando a porta é aberta, olhos castanhos se cerram para ela.

Verônica está do outro lado da porta, observando com curiosidade a mulher que lhe atendeu. Ela está apenas de blusão, cabelo preso em um coque e cara amassada de sono. A mulher é bonita, Verônica não deixa de reparar. Corpo definido, coxas grossas escapando da camiseta comprida e um rosto bem desenhado. Sua admiração não dura muito quando se lembra onde está.

- Quem é você? – A escrivã questiona, a outra mulher faz uma careta.

- Eu que pergunto, quem é você? – Denise questiona, a sobrancelha levantada em indagação.

- Quero falar com a Anita, cadê ela?

Verônica passa pelo batente da porta sem ser convidada, ela já conhece o apartamento mais que sua nova casa. Seus olhos correm pelo lugar, vendo garrafas de vinho vazias na mesa de centro e taças borradas de batom.

Denise acha a mulher petulante e observa a pose defensiva, então ao dar uma segunda olhada no rosto sério da escrivã, se lembra das fotos que viu no celular de sua amiga dias atrás.

- Ah, eu sei quem você é! – Denise ri e Verônica lhe olha estranho.

Antes que a escrivã possa questionar de onde a mulher lhe conhece ou Denise possa gritar Anita, a loira aparece na sala. Seu cabelo está armado, os pés descalços e uma careta no seu rosto denuncia que ela não está bem.

- Verônica? – A voz da loira é rouca e sua expressão é confusa.

- Puts, boa sorte em conversar com ela de ressaca. – Denise se direciona a escrivã, rindo da situação. – Vou deixar vocês a sós.

A mulher some ao entrar no corredor que dá acesso aos quartos e Verônica volta sua atenção para a loira a sua frente. Anita cruza os braços, sua cabeça lateja de dor e sua boca está seca, ela se arrepende de todas as garrafas de vinho da noite passada.

- O que você quer, Verônica? – A mulher é azeda e a morena se sente estúpida em ter ido até lá.

- Você não atende a porra do seu celular! – A escrivã acusa.

- E eu sou casada com você para ter que atender suas ligações? – A loira solta mal-humorada, Verônica sente vontade de estapear o rosto bonito.

Sem controle de sua raiva crescente, Verônica é grossa: - Oh, sua desgraçada! Eu vim aqui porque Silvano topou a merda do seu acordo. – Ela resolve descarregar a razão porque foi lá. – Vim te avisar porque Helô queria interrogar ele sem você, já que você sumiu!

- Aquela mulherzinha desgraçada! – Anita pragueja, incrédula com as informações. – Ela acha que é quem? Mas que porr...

Mas Verônica a interrompe antes que ela despeje todos os xingamentos que rodam sua cabeça.

- E ela deveria ter começado mesmo, afinal você está de ressaca e parece ocupada com outra coisa. – O tom é ácido, a outra "coisa" que a morena se refere é a mulher que abriu a porta para ela.

Teto de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora