Anne e Morgana continuaram sem se falar durante o resto da semana, pelo menos não com palavras. As trocas de olhares continuavam intensas e, caso Morgana decidisse ignorar a guerra silenciosa, Anne fazia questão de chamar a atenção, fosse a bater os talheres durante as refeições, fosse a bufar ou a estalar a língua a cada cinco minutos.
Sebastian era o único que se divertia com a situação, usando-se dela para acusar a irmã gémea de infantil. Ominis entrava no jogo para concordar, embora fosse mais para acordar Anne para a realidade do que para provocá-la, o que, até ao momento, não teve qualquer resultado. Anne estava irredutível e acreditava veemente estar certa.
– Quando é que vão se resolver? – Segredou Ominis para Morgana na manhã do primeiro sábado de setembro, durante o pequeno-almoço.
– Quando a Anne deixar de ser criança e aceitar conversar comigo como duas pessoas civilizadas.
– A prova de vestidos vai avançar mesmo assim?
– O meu compromisso é com a Nerida, não com ela e muito menos com a Imelda. Então, sim, está de pé e vou escolher um vestido para o baile.
– Um vestido amarelo?
Ominis pôs um pedaço de torta na boca para disfarçar a vontade de rir. Morgana deixou uma palmada no seu ombro, além de não esconder o seu desagrado em ter de passar boa parte do seu sábado com outra colega além de Nerida.
– A Green... Ela não quer ir contigo e com a Nerida? – Questionou, depois de mastigar e engolir a fatia de torta com a ajuda de um gole de sumo.
– Não. Ela... Não se sente bem. Os cortes ainda estão muito frescos.
– Está com mau aspeto?
– Não diria mau aspeto. Acredito que seja mais a lembrança do que aconteceu. Além disso, as pessoas ficam a olhar e fazem perguntas. – Morgana suspirou. – Ela não quer que se saiba o que realmente aconteceu.
– Pois. É desconfortável. – Ominis suspirou. – Bom, com a cara enfiada num livro ninguém vai notar.
Morgana arqueou uma sobrancelha e espreitou-o pelo canto do olho.
– Ominis Gaunt.
– Sim, sou eu. – Do outro lado da mesa, Sebastian e Anne interromperam a refeição para bisbilhotarem. – O que foi?
Ela riu-se antes de sussurrar:
– Vais chamá-la para estudarem juntos?
O queixo de Morgana caiu quando Ominis confirmou.
– Antes que tenhas ideias erradas, preciso de vigiá-la. Ela sabe sobre o Undercroft. Tenho que me certificar de que não espalha a informação.
– O quê? Contaram a alguém sobre o Undercroft? – Anne pousou os talheres num estrondo. – Quem foi? É o nosso lugar!
– Fui eu que contei. Algum problema? – Morgana cruzou os braços sobre a mesa. Os olhos fixaram-se nos dela em claro desafio.
– Claro, tinhas que ser tu. Como não adivinhei?! – Anne exaltou-se. Sebastian censurou-a, mas ela ignorou-o. – Nunca te passou pela cabeça, não sei, perguntar a mim e ao Sebastian se concordávamos? Afinal, aquele também é o nosso lugar!
Anne debruçou-se sobre a mesa, para se aproximar de Morgana. Os dedos tamborilaram, furiosos, sobre a superfície de madeira.
Antes de Morgana poder responder, Ominis tomou controlo da situação.
– Deixa-me lembrar-te, Anne, que quem contou sobre a existência do Undercroft para ti e para o Sebastian fui eu. O mesmo para a Morgana. – Anne abriu a boca para rebater, mas Ominis levantou uma mão para silenciá-la. – E eu estava com ela. Eu concordei.
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Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)
FanfictionA vida é como um baile de máscaras. Escondemos quem somos, o que somos. Dançamos ao som da música: por vezes a nossa, por vezes a dos outros. Nesta dança, Morgana Malfoy descobre que não só ela, mas também todos à sua volta vestem uma máscara para e...