Tive Medo de o Perder

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Tirar Archie da cela mostrou-se mais trabalhoso do que esperava. Morgana achou que explodir o portão seria a opção mais rápida, mas um feitiço de proteção poderoso mantinha a sua integridade. Archie vasculhou a sala onde estava preso, à procura da chave, mesmo sabendo que nenhum subordinado de Victor Rookwood seria burro de deixá-la com um prisioneiro. Restou a Morgana a tarefa de continuar a investigar as salas. Procurou dentro das caixas de madeira, em gavetas acopladas às mesas, por baixo das cadeiras — até mesmo ganhou coragem de voltar a abrir alguns sacos de serapilheira. A chave não estava ali, concluiu. No pior dos cenários — e parecia ser esse o caso —, a chave estava com um dos homens de Victor Rookwood. Quem sabe com o próprio Theophilus Harlow.

— Archie. — O rapaz saiu debaixo de uma mesa, a sacudir o pó da roupa e do gorro. — Eu vou ter de voltar. Não a encontro em lado nenhum. Deve estar com um dos carcereiros.

— Espera — disse ele. Marchou para a porta com uma pedra consideravelmente grande na mãozinha. Tremia levemente diante do peso. — Talvez possa partir com isto.

— Está magicamente protegido, não sei se...

Morgana não teve tempo de terminar. Archie ignorou a sua linha de pensamentos e arremessou a pedra no cadeado. Por ser pesada, a mira não foi certeira. Não desistiu e voltou a tentar. À terceira vez, o metal cedeu e entortou. Grãos de ferrugem caíram no chão.

— Dá-me cá.

Substituiu Archie na tarefa, ainda abismada com a esperteza do rapaz. Pela altura, não deveria ter mais do que nove anos. Controlar magia ainda não era algo que fazia parte do seu dia-a-dia, pelo que em muitas coisas ainda era como um muggle. Morgana não deveria se surpreender por ele ainda pensar como um. No entanto para ela, que usava magia em mais da metade do seu dia-a-dia, a hipótese que Archie tinha levantado parecia surreal.

Mais três pancadas e o cadeado caiu no chão. O portão chiou ao ser aberto. Empancou duas vezes e deixou dois montinhos de ferrugem no chão na direção das dobradiças.

A esta altura, a poção de invisibilidade já estava mais do que expirada. Archie observou-a de alto a baixo. Ele era pouco mais baixo do que Morgana. Equivocou-se ao pensar que tinham a mesma idade.

— Só existe uma saída? — Indagou Morgana enquanto voltavam para o corredor principal.

— Não. Vi alguns deles a virem dali.

Archie apontou para o lado oposto de onde Morgana tinha entrado no esconderijo de Theophilus Harlow. Tinha quase a certeza de que tinha percorrido todas as salas quando tinha procurado pela chave e não tinha encontrado nenhuma saída. Poderia ser um ponto de aparatação, mas Morgana não sabia aparatar — Archie muito menos. Aesop sabia, mas a poção que tomara para as dores estava a chegar ao fim. Com as dores, Aesop não era capaz de se concentrar o suficiente para fazer a viagem de forma segura sozinho. Acompanhado seria impensável. Fazê-lo com Morgana tinha sido um risco. Além disso, ainda não havia sinal dele. Apesar da preocupação martelar a sua cabeça e do seu coração gritar para ir ao seu encontro, Morgana respirou fundo e focou-se em sair dali com Archie.

Ficarem parados não era uma opção. Por isso, agarrou a mão de Archie e puxou-o consigo na direção em que apontara. Marcaram cada corredor menor onde entravam com uma estrelinha. Archie ficou encarregue de desenhá-las com o giz branco que tinha no bolso do casaco.

Morgana tocava em todas as paredes na esperança de encontrar uma porta escondida com magia enquanto Archie batia os pés no chão pelo mesmo motivo. Até então, nenhum progresso — só nuvens de poeira a flutuar no ar. Iam na quarta sala quando Morgana sentiu o coração disparar. A sua visão escureceu por um momento e vislumbrou Aesop cair no chão, agarrado à sua perna esquerda. Sangue escorria da sua testa fruto de alguma batida ou feitiço.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora