Vou Sentir a Sua Falta

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A relação do professor Aesop Sharp e da aluna Morgana Malfoy mudara desde o dia na Floresta Proibida. Mudara, mas não para melhor. Aesop evitava com todo o seu ser ter qualquer contacto com Morgana fora do âmbito escolar. Parecia temê-la, embora não fosse bem assim. Aesop temia a ele mesmo.

Num primeiro momento, Morgana ficara ressentida. Iludida com a possibilidade de uma aproximação, esquecera-se que Aesop ainda era o seu professor, rígido e severo no que toca a regras e a títulos. Por mais que tentasse abordá-lo em busca de um entendimento, Aesop negava-se. Era mais uma rejeição para acumular. Tinha voltado ao posto de mais uma aluna, de onde, na verdade, nunca tinha saído exceto na sua cabeça.

Nunca tinha saído porque Aesop negava-se a aceitar que o seu corpo reagia de forma diferente à presença de Morgana. As borboletas no estômago eram, com toda a certeza, fruto de algo que comeu e não lhe fez bem; o coração agitado era o stress e a preocupação pelo futuro a desassossegá-lo; o calor que fazia o seu sangue ferver era uma consequência do verão prestes a começar.

– Então é aqui que tu estás.

Morgana levantou os olhos por instantes para confirmar que Ominis estava sozinho. Ele puxou a cadeira à sua frente e sentou-se sem esperar qualquer convite. A biblioteca ainda era pública e o costumeiro lugar que Morgana ocupava no canto mais distante não lhe pertencia.

– Estou a estudar.

E Ominis estudou-a: o rosto sério, a mão ligeiramente trémula, a letra pouco cuidada. Morgana bufou e atirou a pena para o caderno. Cruzou os braços como uma criança prestes a fazer birra.

– Acho que esses estudos não estão a correr bem. Queres ajuda? – Ominis gracejou com um sorriso, apesar de estar dividido entre a diversão e a preocupação.

– Preferia estar sozinha – balbuciou com desagrado.

Ominis cedeu à preocupação. Morgana mantinha a compostura facilmente, exceto na frente de Sebastian. Ele tinha o poder de atiçar a sua raiva com um simples estalar de dedos. No entanto, Sebastian não estava ali.

Portanto, endireitou-se e pousou as mãos sobre a mesa.

– O que aconteceu naquele dia em Hogsmeade?

Morgana empertigou-se, subitamente séria.

– Porquê? Essa pergunta do nada...

– Não é do nada, Morgana. Estás diferente desde esse dia.

Susteve a respiração por momentos. A sua boca secou e sentiu dificuldade em engolir. Fechou os olhos e expirou devagar.

– Diferente? Diferente como? Não estou a entender... Estás a ver coisas a mais...

Ominis não a deixou terminar.

– Não quero usar nomes, porque até agora ninguém se apercebeu do que se passa. E é melhor que assim seja, para o bem de todos. – Morgana tamborilou os dedos no seu braço. – Agora conta-me o que aconteceu.

Ainda ponderou se deveria ou não fazê-lo. Observou o ambiente em volta e viu que as mesas mais próximas estavam vazias. Os alunos que deambulavam pelas estantes estavam distantes. Era seguro conversar se fosse num tom baixo. Por isso, levantou-se e ocupou a cadeira ao lado de Ominis. Arrastou-a até os ombros colarem um no outro. Compreendendo o que fazia, Ominis inclinou-se na direção de Morgana e ouviu-a contar sobre o que fizera: seguir, espiar, intrometer-se no trabalho e explorar uma gruta misteriosa; tudo isso na presença do professor que agora a evitava.

Ominis estava embasbacado e demorou para compreender a dimensão do que Morgana fizera. Para sua sorte, tinha sido poupado do último detalhe: que Morgana também tinha espiado o professor no seu quarto.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora