Prometo Voltar Sempre

7 2 0
                                    

Eram horas de jantar quando chegaram, motivo pelo qual a biblioteca estava parcialmente vazia. O silêncio era tal que parecia estar sob o efeito de algum feitiço de supressão de ruído. Morgana gostaria de poder estender esse efeito à sua mente para que parasse de praguejar. Os seus dedos estavam inquietos, batucavam nas coxas por cima da saia, pelo que seria um alívio ocupar as mãos com livros.

Subiram para o segundo andar pelas escadas em caracol. Do alto conseguiu encontrar Ominis, Alma e Nerida numa das mesas entre as estantes da entrada. Nerida também a viu e acenou. Ominis e Alma imitaram-na logo a seguir.

– Quer sentar-se com os seus amigos? – Questionou Mudiwa.

– Não. Eles sabem que estou em detenção. – Mais tarde acrescentou: – Também não estou preparada para lidar com as perguntas deles. Tenho de pensar numa desculpa para esconder a história das visões.

– Não confia neles?

– Não confio em ninguém.

A professora abriu um discreto sorriso.

– Ambas sabemos que não é bem verdade. Existe alguém em quem confia, mesmo que tente negar.

– Não, a senhora não sabe. – Morgana não se preocupou em não ser ríspida. A ira fervia dentro dela como se fosse um caldeirão sentado no fogo.

Mudiwa fez pouco caso. O sorriso continuou presente quando pousou uma mão sobre o seu ombro e encaminhou-a para uma das estantes mais distantes, próximas às janelas.

– Sempre que precisar de algum livro sobre Adivinhação, este é o conjunto que lhe indico. Tem aqui sobre os cristais, os incensos; acolá é sobre os facilitadores, como a bola de cristal, a varinha, tem um pouco sobre tarot também. No entanto, sobre tarot aconselho este. É mais completo. – Conforme explicava, Mudiwa apontava para os respetivos livros. Abriu alguns deles e mostrou os capítulos que considerava mais importantes ou mais interessantes.

– Como é que posso usar a varinha para a Visão?

– Bom... – Mudiwa folheou o livro até à página correta e mostrou a Morgana. – Para quem tem uma aptidão menor para a Visão pode usá-la desta forma: veja, utilizando um cristal, por exemplo, encante-o com este feitiço. Este feitiço irá criar uma ligação entre o utilizador e o facilitador.

Morgana cruzou os braços.

– Mas nesse caso, não é exatamente a varinha que está a fazer o trabalho. Precisa de mais do que um objeto.

A professora alisou as pedras da sua pulseira.

– A sua aptidão para a Visão é muito forte, pelo que não será necessário preocupar-se com isso. Vamos procurar o que realmente nos interessa ou acabaremos sem tempo.

Mudiwa fechou o livro e devolveu-o à estante. Estudou as lombadas em busca de outros dois sobre a Visão. Ficou com um e entregou o outro a Morgana.

Morgana tirou alguns momentos para estudar o semblante de Mudiwa. A sensação que tinha era de que estava a esconder alguma coisa, tanto pela insistência em mexer nas pulseiras como na ruga que surgiu entre as sobrancelhas. No entanto, pela forma evasiva com que Mudiwa conduziu o assunto, Morgana concluiu que de nada adiantava perguntar. Teria que descobrir por conta própria.

– Sobre o professor Sharp...

– Não quero conversar sobre ele.

Morgana virou a página com força desnecessária.

– Ele preocupa-se muito consigo.

– A sério? – Atirou de forma sarcástica. – Se assim fosse, ele estaria aqui.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora