Ser chamada ao gabinete da professora Weasley depois do baile só poderia significar uma coisa: Imelda Reyes. Morgana não gostava de pensar ou tocar nesse assunto. A decisão foi dela, dissera Aesop, mas não conseguia deixar de sentir uma faísca de culpa por ter contribuído. Era mais uma morte para a sua lista, que já contava com dois nomes: o homem misterioso e George Osric.
Além disso, havia Anne Sallow. Como passou a odiar esse nome.
Estava sozinha na sala de poções, a organizar as prateleiras, quando Aesop veio buscá-la com a notícia.
— Ocupado, professor? Não o tenho visto fora das aulas ultimamente — declarou Morgana, a meio do percurso.
— Tenho estado a organizar os documentos para mostrar ao professor Fig na reunião que vamos ter na sexta.
— Refere-se à pesquisa que me mostrou?
Aesop anuiu.
— Essa pesquisa já estava organizada. Nós confirmamos juntos. — Morgana travou o passo e estendeu a mão para agarrar o pulso de Aesop. Ele desviou-se no último instante. — O que se passa?
— O que se passa é que a professora Weasley está à nossa espera. Vamos.
Morgana seguiu-o com o olhar.
Assim que ele lhe deu as costas, notou os punhos cerrados. A sua primeira reação foi chamá-lo. Mas o que diria? Estavam no meio do Pátio de Transfiguração. O frio não era convidativo para alunos deambularem por ali, mas ainda tinham de atravessá-lo para outras partes do castelo. Era arriscado pressioná-lo para conversarem.
Por isso, avançou em silêncio para a sala de Transfiguração.
A porta do gabinete estava aberta. Do seu interior vinham as vozes de Anne e Imelda, a cochichar sobre qualquer coisa que a distância não permitia ouvir.
Ao entrarem na sala, o burburinho cessou.
— A professora Weasley não está — anunciou Anne.
— Eu sei, senhora Sallow. Também sei que ela não demora.
Morgana seguiu o professor como uma sombra. Anne mordiscou o lábio e baixou o olhar para as mãos no seu colo.
— Afinal, não estávamos atrasados, professor — rezingou Morgana.
Aesop fingiu não ter ouvido.
Até que Matilda Weasley chegasse, o ambiente na sala era de cortar à faca, o silêncio tão poderoso como um buraco negro que tudo suga.
Imelda era a única que não estava afetada por toda a situação, algo alarmante dada a gravidade. Mas a fachada de calma caiu por terra com a chegada dos seus pais.
— O que significa isto?! — Gritou, levantando-se num pulo.
Matilda preparou duas cadeiras para o senhor e a senhora Reyes ao lado de Imelda e Anne. Morgana e Aesop continuaram de pé ao fundo da sala.
— Isso é o que te perguntamos, Imelda. Professora Weasley, por favor, explique com detalhes do que se trata isto? — Exigiu o senhor Reyes, batendo com um envelope na secretária de Matilda.
A professora endireitou-se e ajustou os óculos, o rosto era uma máscara rígida e sem qualquer fuga para sentimentos.
— Com certeza, senhor Reyes, foi para isso que os chamei aqui. É um assunto demasiado delicado para ser abordado na sua plenitude por carta. Por isso, convoquei para esta sala todas as pessoas que sabem do que se passou, exceto a nossa curandeira, a Madame Blainey, uma vez que enfrenta um pequeno contratempo com alguns alunos.
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Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)
FanfictionA vida é como um baile de máscaras. Escondemos quem somos, o que somos. Dançamos ao som da música: por vezes a nossa, por vezes a dos outros. Nesta dança, Morgana Malfoy descobre que não só ela, mas também todos à sua volta vestem uma máscara para e...