Aprende a Voar

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Morgana acordou uma manhã com o nome Gideon Bythesea na mente. George Osric, na noite do baile, tinha dito esse nome no lugar de Eleazar Fig. O seu pai não seria facilmente enganado; ele tinha aceitado como sendo o ajudante de Osric, pelo que poderia concluir que, sim, Gideon Bythesea sabia sobre magia ancestral. Havia outra coisa além dessa magia que Osric mencionara, mas Morgana não conseguia se lembrar. Em certos momentos, tudo o que acontecera nessa noite não passava de imagens turvas e desconexas, sem fazerem qualquer sentido.

Reconhecia esse nome; ele era importante e censurou-se por ter demorado para dar-lhe atenção. Aesop mencionara-o no passado, quando conversaram na biblioteca sobre Quidditch. Gideon Bythesea tinha sido seeker da equipa de Aesop nos seus tempos de estudante em Hogwarts. O seu tio Nicholas tinha estudado com ambos, por isso temeu que não demorasse para encontrá-lo.

Logo depois de ter acordado, sem ainda ter lavado a cara ou trocado de roupa, Morgana sentou-se com um papel, uma pena e um tinteiro à frente, na sua escrivaninha. Quando pousou a ponta da pena molhada no papel, deteve-se. Para quem escreveria? Aesop iria reconhecer a sua letra mesmo que não assinasse e, se assim fosse, temia que não abrisse o envelope. O que poderia fazer? Aesop era o único que o conhecia.

– O que faço? – Questionou-se, de olhos postos na coruja ao seu lado. Ela inclinou a cabecinha para o lado, como se tentasse entender o que dizia. – O professor...!

Com renovada determinação, Morgana optou por um bilhete enigmático para não dar a entender a sua identidade e que despertasse a curiosidade de Eleazar Fig:

Magia Ancestral.

Gideon Bythesea está em perigo.

Morgana não assinou. Foi o mais breve possível, e apenas escreveu o nome de Fig no envelope. O professor Fig não tinha recebido nenhuma carta sua no verão, e duvidava que se lembrasse da letra de cada um dos seus alunos, pelo que tinha a certeza que a sua identidade continuaria em segredo. Feito isso, prendeu a carta na patinha da coruja e murmurou o pedido.

– Vai, o mais rápido que puderes.

Abriu a janela e viu-a partir.

– É um deleite ver-te logo pela manhã. – A voz de Jacob veio da janela ao lado. A esta altura deveria estar acostumada, mas ainda assim assustou-se. – Tenho inveja de quem vai receber uma carta tua tão cedo. O tal Kevin, será?

– Pensas mais nele do que eu. E bom dia para ti também. – Morgana fez uma careta e afastou o cheiro de cigarro da sua frente com as mãos.

– Dois meses a ver-te todas as manhãs? Podes ter a certeza que foram todos bons dias. – Jacob sorriu e piscou o olho para ela. – Estás melhor?

Aquela era a pergunta de todas as manhãs, e Morgana estava, de facto, a melhorar a cada dia. Quando se recuperou por completo, voltou a enfiar-se na biblioteca nos horários em que Ezekiel se ausentava de casa. Por vezes levava Jacob com ele, deixando-a e a Cordelia para trás, o que a surpreendera visto que, para irem no Horntail Hall, Ezekiel não quis que ficasse sozinha com a sua mãe. Perguntou-se o que teria mudado.

O que não mudou foi a sua pesquisa, que continuava sem sucesso. Absteve-se de voltar às prateleiras sobre magia negra com receio do que pudesse encontrar e, principalmente, porque fazia-a lembrar do que sofrera às mãos de Ezekiel. Sempre que se lembrava, a dor parecia voltar a percorrer cada centímetro do seu corpo.

Essa falta de resultados aumentava a sua vontade de espiar a mesa de Ezekiel e, quando atingiu o seu limite e quase chegou até ela, Ezekiel e Victor Rookwood entraram aos cochichos na biblioteca. Rápida e silenciosamente, Morgana escondeu-se e ficou a ouvir. Devagar, foi contornando as estantes até que estivesse próxima o suficiente da saída em caso de ser descoberta.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora