A Decisão Foi Dela

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Imelda estava a ter as piores semanas da sua vida. O que a consolava era ser por um bom motivo — para ela. Quando a tempestade passasse, voltaria à sua rotina, aos seus treinos de Quidditch e seria como se nada tivesse acontecido. Um pesadelo que apenas três pessoas sabiam sobre: ela própria, Anne Sallow e Morgana Malfoy. No entanto, as semanas foram passando, o tempo arrastando-se cruelmente. O que parecia estar a sarar revelou-se ilusório: estava a infecionar.

Depois de Morgana entregar-lhe a poção, Imelda tomou-a no sábado seguinte. As dores foram muitas, sangrara mais do que todos os anos somados desde o começo das suas regras. Persistiu e resistiu. Anne foi e continuava a ser o seu pilar; a única capaz de aguentar todas as suas mudanças repentinas de humor e as horas de luta contra o sono à espera de Imelda ceder ao cansaço e adormecer. O mesmo não podia dizer do seu namorado Henry Abbott — ou talvez devesse chamá-lo de ex-namorado. A sua ausência afastou-o e não tardou para o ver enrolado com outra.

Outubro chegou e a fase pior tinha passado. Era o que Imelda pensava, até acordar uma manhã a tremer de frio, a suar e com febre. Todo o esforço para esconder o aborto tinha ido por água abaixo. Estava agora na Ala Hospitalar sob os cuidados de Madame Blainey e os seus sermões. Talvez devesse ter ouvido os conselhos de Anne e ter pedido a poção mais cedo a Morgana. Quanto mais adiasse, pior seria. Foram estas as palavras de Anne, como se previsse o viria a enfrentar. Por muito que lhe doesse, ela tinha toda a razão.

Noreen Blainey fez vários exames e escreveu todos os resultados num pergaminho. Em seguida, entregou-lhe uma poção para baixar a febre e deixou-a com Anne na proteção da cortina fechada. Diante da sua secretária estava Aesop Sharp a consultar o relógio de bolso.

— A placenta continua no útero da senhora Reyes. Não tenho nada para fazer o corpo expulsá-la, preciso de mais poções para controlar a febre, outras para fortalecer o sistema imunitário. Ela está a perder muito sangue. — Suspirou e sentou-se na sua cadeira. — Um descontrolo total. O que tinha ela na cabeça para fazer isto sozinha...

Noreen anotou todas as poções que precisava num pergaminho à parte, bem como as quantidades. Entregou-o a Aesop assim que terminou. Observou-o dividir a atenção entre o relógio e a sua lista.

— Está por ordem de urgência? — Indagou ao fechar a tampa do relógio com o polegar.

— Todas são urgentes, professor Sharp, mas sim. Retirar a placenta é prioridade antes que a infeção cause ainda mais estragos. Está no início, então ainda há forma de reverter sem tirar a senhora Reyes de Hogwarts.

Aesop respirou fundo. Apertou o relógio na mão por um momento antes de concordar com um aceno. Devolveu-o ao bolso do seu colete.

— Boa parte não tenho em stock porque, enfim, não é suposto acontecer... Isto. Dá-me algumas horas.

— Horas? Não posso deixá-la a sofrer assim por horas! — Noreen levantou-se num pulo.

— São poções complexas, preciso de tempo para confecioná-las. Tenho uma reunião urgente no Ministério daqui a vinte minutos à qual não posso faltar. Comprar também não é uma opção, porque... O Black ficaria furioso se soubesse.

Noreen cerrou os punhos, mas acabou por assentir. As opções eram limitadas. Os ombros da medibruxa caíram. Tornou a sentar-se e juntou as mãos no colo.

— Vou ter de contar à Matilda.

— É o mais sensato. Ela saberá o que fazer quanto à família. Independentemente do que acontecer, eles têm o direito de saber. — Suspirou. — Assim que tiver metade da lista pronta, mando para cima. — Anunciou já a caminho da saída, mal ouvindo o agradecimento de Noreen.

Masquerade (Morgana Malfoy x Aesop Sharp)Onde histórias criam vida. Descubra agora