21. CEGUEIRA

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Nenhum médico é capaz de curar a cegueira da mente.
(Textos Judaicos)
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Foco, profissionalismo e uma dose de frieza. Eram as âncoras necessárias para enfrentar o dia que eu apenas desejava que chegasse ao fim.

Quem eu estava querendo enganar? Era impossível ficar alheio a tudo, ficar alheio a ela.

Entrei em silêncio na van que nos levaria até a locação. Acenei com a cabeça para cumprimentar a equipe e fui para os últimos bancos. Cici não estava e obviamente foi a primeira e única falta que notei.

Sentei o mais distante possível do Mário. Ele estava bem na frente e sua expressão mudou, é claro que para pior, no mesmo segundo em que cheguei.

Todos se entreolharam, com medo do que poderia acontecer. A Babi percebeu o clima e se manifestou.

- Pessoal, o Mário e o Leo já conversaram e está tudo bem, as gravações seguirão normalmente. Foi só um desentendimento entre amigos e não queremos ouvir mais nenhum comentário sobre o que aconteceu, certo? Nem nos bastidores e nem para a imprensa. - Como ela poderia mentir tão descaradamente? Quem iria acreditar naquilo? Agora éramos amigos? Meu peito se inflou de raiva, mas soltei o ar devagar, sem me manifestar.

Enquanto esperávamos a Cici e os demais, a Babi mudou de assunto e humor rapidamente e falava animada sobre um evento naquela semana.

- Pessoal, já estamos no meio das gravações e precisamos de um pouco de diversão, não é mesmo?

Os câmeras e os assistentes se manifestaram, felizes com a novidade.

- Por favor! - A Paula bateu palmas, parecia saber do que se tratava aquela novidade.

- Nossa, ninguém aguenta mais ficar fechado naquela pousada. - Alberto, um dos câmeras mais experientes, brincou.

- Então na próxima sexta, ao entardecer, nós vamos oferecer um luau na beira do rio pra toda a equipe.

- Aeeeee! Todos gritaram! - Mário levantou, parecia animado agora.

- Quero ver todo mundo perdendo a linha. As gatinhas todas de branco e trabalhadas na transparência e os homens de preto, por favor. - Como ele podia ser tão nojento? Cruzei os braços e fingi olhar pela janela. - Vamos oferecer um jantar com frutos do mar e música boa até o amanhecer. - E mais uma vez ele foi ovacionado.

Vi a Paula se aproximando de mim. Sentou ao meu lado, enquanto mais umas cinco pessoas entravam na van e ficavam sabendo do luau. Todos ficavam animados com a notícia.

- Oi. - Ela se manifestou. - Você vai, né?!

- Vou sim. - Eu respondi sem pensar muito.

- Achei que depois de tudo que aconteceu, você preferiria fica na sua. - Ela falou baixinho para que ninguém escutasse e depois sorriu. - Achei que ia ter um pouco mais de trabalho para te convencer.

- Não vou dar esse sabor a ele e... além do mais, a equipe não tem nada a ver com nossos desentendimentos. - Eu expliquei, entredentes, enquanto a Bárbara começava a chamada para partirmos. Eu sabia que faltava a Clarice. Que raiva! Por que ela sempre tinha que se atrasar? Comecei a suar.

-  Clarice... - A Babi gritou e não obteve resposta.

- Fica tranquilo, vai dar tudo certo. - A Paula tentou me tranquilizar.

- Por que você está indo pra locação? Achei que éramos só eu e Clarice para esta cena.

- Ahh o Mário está com medo de que ela estrague a série. Você conhece a Cici, a fama subiu para a cabeça. Veja quanto tempo ela está demorando. Parece que deu muito trabalho pra Joana, da intimidade. Você sabia?

O AMOR DESPERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora