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Neste espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada.
(Caio Fernando Abreu)
❤️Fui do êxtase e felicidade ao medo em menos tempo do que eu gostaria. Agora eu e Cici estávamos distantes. Não nos falamos mais depois do que aconteceu. O entre cenas foram grandes hiatos. Vazios. Luas minguantes. Sem ela.
Óbvio que por vontade dela, mas não só por essa imposição, que eu aceitei com o coração doendo. Também nos mantivemos afastados por medo de que o Mário tenha nos visto. Ele nos encontrou várias vezes em cena, não disse nada, mas os olhares, as insinuações me deixavam com muitas dúvidas.
Eu não devia nada a ele, mas eu tinha medo de que uma fofoca daquelas vazasse e a Cici fosse apontada como pivô da minha separação. Depois do quanto eu tentei não envolvê-la nos meus problemas seria terrível se tudo o que aconteceu de tão intenso entre nós vazasse para a imprensa.
A noite do luau chegou e ela nem ao menos me respondeu se ia. Ignorou minha mensagem. Me arrumei, sem esperanças de vê-la de branco naquela linda noite de lua cheia.
A beirada do rio estava toda iluminada com gambiarras e a pracinha de pedra em frente as margens do rio tinha um charme a mais com toda aquela decoração. Cheguei um pouco tímido, eu me sentia deslocado sem ela. A Paula logo veio ao meu encontro e se jogou no meu pescoço.
- Leo, que bom que veio! - Ela me cumprimentou. Muitos outros colegas nossos já dançavam animados ao som de forró.
- Oi. Eu falei que viria. - Eu respondi um pouco sem graça, tentando me livrar dos braços dela no meu pescoço.
- Vem, vem dançar! - Ela me puxou entre os casais animados.
- Depois, vou cumprimentar algumas pessoas e depois comer algo né? Também sou filho de deus. - Eu dei uma risada para aliviar minha negativa. Fiz o possível para não ser antipático, mas eu queria fugir daquela dança.
Me virei indo em direção a mesa de frios suntuosamente arrumada e deixando a Paula para trás. Tinha vinho tinto sendo servido ali. Servi uma taça. Cumprimentei algumas pessoas e fiquei recostado no balcão de bebidas, observando o ambiente. Olhei para todos os lados e nenhum sinal dela. Todos chegaram aos poucos: Bárbara, Joana, até o idiota do Mário.
Observei ele se aproximando da Babi, ela saiu de perto e se apoiou do meu lado. Ficamos em silêncio. Eu dava pequenos goles no meu vinho. Esperei que ela fosse dizer algo.
- Você não precisa ficar convivendo com ele. É muita tortura. - Eu finalmente falei o que estava querendo há cinco minutos.
- Eu sei, estou tentando fugir de qualquer troca com ele. Ele é mesmo um idiota. Está vindo pra cá de novo! - Ela falou desesperada.
- Vem, vamos dançar, assim ele vai te deixar em paz! - Eu puxei ela pelo braço pra pista de dança, enquanto escutávamos os primeiros acordes da uma música do Falamansa. A banda era muito animada.
- Não precisa fazer isso, Leo.
- Preciso sim! Vem. - Eu sorri, puxando ela pela mão.
🎵
Se um dia alguém mandou
Ser o que sou e o que gostar
Não sei quem sou e vou mudar
Pra ser aquilo que eu sempre quisE se acaso você diz
Que sonha um dia em ser feliz
Vê se fala sério
🎵Depois da primeira estrofe ela já estava sorrindo e a música se encaixou perfeitamente para o momento. Ela só precisava ser feliz depois dos traumas. Eu também, só queria sonhar em ser feliz de novo. Eu rodopiei ela e depois nos aproximamos, dançamos animados, mas muito desengonçados. Ela tinha dois pés esquerdos.
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O AMOR DESPERTA
RomanceO amor desperta ♥️ Catarse. Lembranças. Medo. Alegria. Pânico. Felicidade. Insegurança. Companheirismo. Ciúmes. Vontades. Desejos. O amor desperta sensações que há muito tempo estavam adormecidas. Clarice Muller, ou Cici Muller como é conhecida, é...