24. MOMENTOS

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A vida não se mede pelo tempo que durou e sim por momentos especiais que se eternizou.
(Angélica Cordeiro)
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Descansei preguiçosamente no peito dele por alguns minutos, sentindo seu toque gostoso nos meus cabelos e nas minhas costas. Ele puxou meu rosto mais pra perto suavemente, me deu um beijo quente, dando sinais de que poderíamos começar tudo de novo.

- Leo, a gente precisa ir embora. Se alguém entra aqui estamos ferrados. - Ele me ignorou.

- Fica mais um pouco comigo? Eu não quero que esse dia, que esse momento acabe. - Ele fez uma carinha manhosa. Será que ele tinha dimensão do que acabara de acontecer ali naquele pequeno sofá?

- Leo, devem estar procurando a gente...

- Você vai esquecer do que eu te disse? - Ele me ignorou mais uma vez, mas dessa vez eu sorri, como seria possível esquecer? - Eu quero você, quero ficar perto, quero namorar, casar, ter filho, envelhecer juntos. Tudo o que você quiser.

- Como Leo? As coisas estão tão confusas agora. - Eu lamentei. Afinal, olha o que nós fizemos! Comecei a me sentir mal, culpada. Eu não devia ter me colocado nesse lugar. Se descobrissem, iam me colocar de pivô da separação dele e eu não teria mais paz.

- Eu prometo que tudo vai se acertar. Eu prometo! - Ele acariciou minha mão. - Só confia em mim?

- Eu confio, nem sabe o quanto. - Me arrependi no mesmo instante destas palavras.

Levantei em um impulso.

- O que foi? - Ele se assustou com meu ímpeto.

- Eu preciso ir. - Eu falei enquanto juntava meu roupão e minha blusa jogada no chão.

- Apesar de querer ficar aqui com você pra sempre, eu entendo... - Ele sentou no sofá e ficou acompanhando meus movimentos. Quando eu ia sair pela porta ele me chamou. Levantou e veio na minha direção, segurou minha mão de novo. - Aceita jantar comigo hoje? - Eu estava quase chorando por ser obrigada a negar aquele convite.

- Leo, eu não posso! Vamos nos afastar, por favor. - Ele abaixou os olhos, triste e eu quis gritar que eu aceitava, que eu era loucamente apaixonada por ele. - Tô te pedindo.

- Não significou nada? - Ele perguntou.

- Não fala assim. Significou muito, mas não podemos. - Eu negava com a cabeça. - Não me procura mais.

Eu me enrolei naquele roupão, espiei o lado de fora e entrei correndo no meu camarim, sem olhar pra trás. Fiquei recostada atrás da porta, tentando me acalmar um pouco e processar tudo o que havia acabado de acontecer. Por sorte não tinha ninguém ali, o set estava em completo silêncio. Olhei meu celular, tinham 20 ligações da Bárbara. Liguei de volta.

Oi Bárbara! O que houve? Agora que eu vi o celular... - Eu falei um tanto afobada.

Cici, aonde você estava? Eu não pude esperar você e o Leo, o Mário estava irredutível com o horário.

Eu estava no camarim. - Não era bem uma mentira. - Como vou embora? Consegue chamar um carro?

Hum. - Ela pareceu duvidar de mim e não julgo.

O Mário disse que foi procurar por você e pelo Leo nos camarins e que vocês não estavam. - Ela completou e um aperto tomou conta do meu peito.

Levantei os olhos e me deparei com um detalhe aterrorizante que eu não tinha visto antes. No espelho do camarim estava escrito "PIRANHA" em batom vermelho. Lágrimas correram do meu rosto, não conseguia identificar se era ódio, tristeza ou frustração.

Cici? - A Bárbara chamou minha atenção.

Oi. - Eu respondi. Minha voz ficou por um fio para que ela não percebesse meu choro.

Vou chamar o carro, tá? Se achar o Leo fala pra ele me ligar ou se der, pra vir no mesmo carro que você.

Tá. - Eu desliguei, apática.

Digitei uma mensagem apressada para o Leo e mandei a foto do espelho pra ele.

Leo, acho que o Mário nos viu. A Bárbara disse que ele veio nos procurar, não achou, mas que não quis esperar nenhum minuto. Ele ordenou que a van fosse embora sem nós.

O que? Quem escreveria isso? - Ele me respondeu de imediato.

Só pode ter sido ele, Leo. Só pode, quem mais faria algo assim?

Não sei...

Fica pronto, o carro está vindo nos buscar. Só temos mais 20 minutos.

Está bem.

Entramos no carro em silêncio e assim nos mantivemos até entrarmos no nosso próprio quarto da pousada.

O AMOR DESPERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora