22. TESÃO

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Odeio o óbvio, a certeza, o planejado... Porque adoro desfrutar do tesão de uma surpresa!
(Leleli Santos)
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O que será que os dois estavam conversando? Uma dor repentina tomou conta do meu peito. Eu queria chorar, de raiva. Eu só me iludi, achando que eu era especial para ele, mas ele era carinhoso e atencioso com todas. Um canalha e galanteador nato.

Fiquei de braços cruzados, esperando ele se aproximar. Ele veio andando devagar, olhando para os pés. A partir do momento que ouvi "gravando" tudo aconteceu muito rápido.

O Marinho deu autorização para que a chuva começasse. Os personagens discutiram na areia por causa de umas fotos que Roberto havia feito de Marina. Havia fotos dela na câmera durante toda a viagem ao sertão e ela ficou com muita raiva e com certa razão. Achou que ele era obcecado, um stalker. Imprimi toda a raiva que eu estava sentindo nas expressões da personagem.

"Não consegue ver o porquê eu fiz isso? - Ele gritou."

"Porque é um louco, não tem esse direito."

"Só se for louco por você. - Roberto disse um pouco tímido. - Você não consegue enxergar e me desculpa por não demonstrar. Eu sou um grosso as vezes, mas eu te amo. Eu sou louco por você e toda hora eu via a beleza das suas expressões. Seria uma pena não registrar, mas não tinha nenhum motivo nojento envolvido nisso. Pensei em imprimi-las e te dar de presente."

Nesse momento nós corremos um em direção ao outro e nos beijamos, molhados. Ele me deu um beijo técnico, sem língua, eu estranhei, mas ele havia prometido que faria assim daqui pra frente.

- Corta! - Marinho gritou no megafone. - Por mim está bom, vamos para a próxima cena. Todos no set se surpreenderam. Ele estava de má vontade.

- O QUE? - A Babi se manifestou, exaltada. - Não, vamos fazer mais, Mário. Esse beijo não teve química nenhuma. Nunca gravamos uma cena em só uma tomada, isso não existe.

- Ahh Bárbara, quer mandar no meu set? - Mário se aborreceu com ela.

- Se sair uma merda você vai me cobrar depois. Eu estou aqui fazendo o meu trabalho e estou vendo a câmera. Você está aí em cima e não viu direito. NÃO FICOU BOM! - Ela gritou e até o Mário se assustou. - Me desculpem gente... - Ela se dirigiu a nós. - ...mas vocês sabem que não se grava nada assim. A cena ficou boa até o beijo, mas mesmo assim preciso que repitam. No beijo preciso de mais química, mais vontade. Vamos repetir o que vocês fizeram até agora e vai dar certo.

Mário continuou no andaime com o assistente que ligava a chuva e por incrível que pareça não se manifestou mais.

- Vamos lá, gravando... - Bárbara gritou, ignorando o Mário. A chuva voltou e mais uma vez o beijo foi sem língua e a Babi não estava gostando, só porque era diferente de tudo o que havíamos feito até aqui.

Repetimos uma, duas, dez vezes. Nada! A Joana interferiu várias vezes, falou o que poderíamos fazer: eu tirar a blusa dele; mãos no rosto e na nuca, nas costas... Eu já estava ficando irritada. Nós não estávamos conseguindo nos entender.

- Você pode me beijar normal, por favor? - Eu pedi baixinho, mas irritada.

- Tô fazendo do jeito que combinamos. - Ele respondeu, tinha ironia na sua voz. Eu fiquei mais nervosa.

O AMOR DESPERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora