Capítulo 19 -Martinis

25 1 0
                                    

NARRADORA

Algo cintilou em seus olhos. A mudança no ar passou de fluxo livre - quente a estático para frio e silencioso em questão de segundos. O transe quebrou. A conexão se cortou, quebrou. Uma intensa sensação de decepção cai através da Camélia. Por um momento, ela pensou que ele ia beijá-la. Quando ele desvia o olhar, não era a reação que ela esperava. Ela queria que ele mostrasse a ela, que reconhecesse o que eles compartilhavam.

— Kent...? — Ela pede inclinando um pouco a cabeça. Sua expressão parecia dolorida quando ela falou o nome dele.

— Olha, Camélia, há algo que eu preciso te dizer... — Stefan hesita, com a mandíbula apertada, lutando com a nova mentira que ele estava tecendo em sua cabeça. O que ele estava prestes a revelar era de longe uma das piores e mais duras mentiras que ele teria a dizer.

— Eu estou... antes de você levar as coisas para o lado errado... Devo confessar algo que nunca declarei a ninguém... — Camelia levanta as sobrancelhas com expectativa, prendendo a respiração. Uma sensação de pavor desceu sobre ela no instante seguinte.

— Eu sou homossexual. — O quê? Os lábios dela se separaram das palavras dele.

Camelia inalou bruscamente e piscou várias vezes como se isso a ajudasse a processar o que ouviu. Literalmente, ela sentiu a corrida de sangue drenando do rosto e do pescoço. O resto de seus membros entorpecidos e trancados no lugar, interrompendo sua dança. Ele estava olhando, seus olhos tempestuosos e intensos, esperando que ela dissesse algo, esperando por uma reação. Ela não conseguiu encontrar as palavras certas. Tudo o que ela podia sentir era que uma parte dela estava totalmente atordoada com a declaração dele.

Ele era gay? Mas não fazia sentido. Camélia puxa para fora de seus braços e dá um passo para trás.
Será que ela interpretou tudo completamente da maneira errada? Foi isso que ela sentiu que ele estava escondendo todo esse tempo? Houve um amolecimento em suas características que lascou pedaços de sua inocência. A única coisa que registrou foi a decepção, a mágoa - seus sentimentos não foram correspondidos... mais uma vez. Era tudo tão dolorosamente familiar.

Sentindo-se pequena, frágil e sozinha, foi difícil para Camélia entender por que a vida fez isso com ela. Era como se ela não fosse para encontrar o amor, sempre batendo em um bloqueio de estrada. Ela estava tão perto de amá-lo. Como sempre, ela era a tola. Uma garota tola que tinha cem fantasias. Uma garota que se empolgou com seus livros e acreditava que o amor era precioso e facilmente recuperado.

Ela amava demais. Confiável demais.

As lágrimas começam a picar seus olhos, mas ela rapidamente os pisca de volta, mantendo uma expressão estóica reta. Ela agiu como se não importasse quando estava realmente partindo seu coração. Ela se endireita, saindo de sua neblina, segurando o queixo alto, com o peito. Camelia só podia olhar para ele, o prédio furioso dentro dela como uma tempestade.

— Kent, está tudo bem. — Sua voz soa surpreendentemente firme para seus próprios ouvidos.

— Estou apaixonado por alguém. Estou apaixonado por ele há algum tempo e não acredito que ele possa ser substituído. Então, antes de você interpretar as coisas incorretamente, o que agora parece não precisa mais ser esclarecido, tenho grandes esperanças de que um dia terei uma chance com ele. — Foi parte mentira. Ela colocou Stefan em segundo plano e quase permitiu que Kent assumisse a liderança.

Uma carranca profunda marcou suas características. Seguido por um longo momento de silêncio, onde nenhum deles se moveu.

— Camélia.... Eu... Eu sou

— Desculpe. — Camelia se esquiva de suas garras enquanto ele tenta detê-la quando ela começou a se afastar dele.

— Não.

𝐌𝐄𝐔 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐑𝐀𝐍Ç𝐀 Onde histórias criam vida. Descubra agora