O que dizer do amor? Desde criança nos é dada a crença sobre encontros perfeitos, amores perfeitos, pessoas perfeitas, as chamadas "metades", contos de fadas com príncipes e princesas encantadas. Mas onde ficam os acasos dentro desse paradigma? Como ficam as exceções, os encontros não planejados, os imprevistos, o dia errado na hora errada ou o dia certo exatamente no momento certo. Como entender se somos realmente meras marionetes ou se de fato temos controle sobre algo? Alane se perdia em pensamentos enquanto fazia carinhos nas madeixas escuras de Fernanda que descansava em seu colo, agora devidamente agasalhada após ser obrigada a vestir uma roupa seca e confortável. Era inevitável fazer uma retrospectiva sobre os últimos acontecimentos de sua vida, quem diria que a megera que outrora tanto lhe atormentou, agora era a principal responsável pelo sorriso bobo que não saia de sua face. Vez ou outra, olhava para o anel, agora posto devidamente em seu dedo, enquanto intercalava os carinhos pela face da mais velha e seus cabelos, deslizando devagar com a ponta dos dedos. Aproveitou para admirar também cada detalhe, Fernanda era belíssima, desenhou uma linha invisível em seu nariz, quase como se desenhasse seus traços, depois sua bochecha e finalmente seus lábios, recebendo como resposta o olhar marcante da outra sobre si, ambas se encararam, trocando milhares de diálogos no silêncio dos olhares, logo um sorriso surgiu também em Fernanda, que indagou o motivo do sorriso aparente da mais nova.
- Posso saber o motivo desse sorriso? - perguntou retoricamente, já sabia a resposta.
- Pergunta como se não soubesse - Alane diz em falso desdém - Eu amei a surpresa, mas ainda não concordo com sua irresponsabilidade - a mais velha a encarou e ajeitou a postura, agora estando da mesma altura que ela.
- Você não imagina as coisas que eu faria por você - Fernanda encara Alane, alternando o olhar para seus lábios, extremamente convidativos - tão beijáveis - imagina.
Alane sente seu peito palpitar com aquela frase, talvez nunca se acostumaria com as sensações causadas pela outra, mas gostava de cada uma delas. Ah! se Fernanda soubesse o efeito que causa sobre ela, ainda assim, não se daria por vencida, sempre fora dura na queda e apesar de intensa, também era cautelosa.
- Pensa que vai me conquistar com essas cantadas baratas? - brinca charmosamente com um tom convencido.
- Já conquistei - Fernanda sela seus lábios rapidamente de surpresa e rir da sua cara descrente, logo ela empurra a mais velha levemente, como resposta, Fernanda a abraça imobilizando seus movimentos e enchendo seu rosto e pescoço de pequenos beijinhos, era indescritível a sensação de aconchego e paz que sentira, como estar em casa, como se todas as histórias que ouviu ao longo da vida finalmente se explicassem, então é isso que significa se sentir plena? Completa? Não sabia se isso era amor, talvez fosse cedo demais para nomear, em contrapartida, não havia tido relacionamentos longos ou intensos o suficiente para comparar, de qualquer forma, o que sentia era genuíno, desejou não deixar de sentir.
Com habilidade, conseguiu se desfazer do enlace de Fernanda, sentando sobre seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo, sorrindo satifesta logo depois.
- Que fique claro que você só conseguiu fazer isso porque eu deixei - se justifica Fernanda recebendo um sorriso satisfeito de Alane como resposta.
- Você pode mandar no resto, mas aqui- faz um pequeno gesto indicando seu quarto - mando eu - seu tom era sério, quase como um rosnado bravo, um aviso.
- Tudo bem, eu deixo você achar que manda em alguma coisa - Fez questão de usar seu melhor tom de desdém. Seu ego era grande demais para aceitar perder qualquer mera batalha, por mais insignificante que fosse, ironicamente , as batalhas que travava com Alane nessas horas eram deveras interessantes. O que ela não contava, era que Alane por sua vez também não costumava perder batalhas, igualmente egocêntrica, a morena sabia usar todas as artimanhas disponíveis para deixá-la à mercer de suas vontades.
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O Diabo veste Preto (Ferlane)
FanfictionO que você faria se descobrisse que sua promoção de cargo traria também de brinde uma chefe insuportável? Alane vai descobrir que o diabo não veste só prada como também ama usar preto e se chama Fernanda Bande