O Diabo veste Preto (Ferlane)

FIM DE JOGO

Fernanda Bande

- Fred, que bom que você está aqui amigo - trocamos um abraço reconfortante assim que ele adentra minha sala. Algumas horas atrás ele havia me telefonado prestando solidariedade, fez questão de vir pessoalmente para me dar suporte emocional, não neguei uma vez que estava completamente abalada com toda situação.

- Vim assim que eu pude. Como você está? - seu abraço me conforta quase automaticamente.

- Péssima, não consigo pensar direito - respondo com pesar.

Não hesite em contar comigo pra o que for necessário, ok? - seus olhos me fitam de maneira sincera e preocupada. Maneio a cabeça em sinal positivo enquanto ele faz um carinho leve em minha bochecha.

Essas são Pitel e Beatriz, Pitel é uma amiga que trabalha comigo e Beatriz é amiga de Alane, veio nos dar apoio e saber notícias. Meninas, esse é Frederico, um amigo praticamente pai, os apresento rapidamente.

- Logo Fred as cumprimenta educadamente se demorando um pouco mais ao falar com Beatriz.

- Eles já ligaram para pedir o resgate? - questiona se sentando ao meu lado.

- Já. Pediram 60 milhões, Fred - seus olhos me encaram surpresos, quase em choque.

- Mas isso é um absurdo, a polícia tem que pegar esses bandidos - rapidamente me bate o desânimo pela falta de atualizações, Matheus precisou ir até a delegacia mas prometeu que se tivesse qualquer novidade, rapidamente entraria em contato, agora me encontrava encarando o telefone à espreita de qualquer sinal.

- Eu posso te ajudar com o valor, vamos dar um jeito - Fred me olha complacente.

- Não precisa, amigo. Eu vou abrir o cofre da empresa, vou dar um jeito - agradeço seu gesto.

- Eu faço questão, Fernanda. Seu pai era como um irmão pra mim e você é como uma filha, me deixe fazer isso por você - trocamos um abraço de apoio e solidariedade. Nessas horas é sempre bom ter com quem contar.

- A polícia está trabalhando no caso?

- Eles foram categóricos, não querem polícia envolvida. Disseram que iam ligar pra combinar o local de deixar o dinheiro. Matheus, um amigo delegado está me dando todo suporte necessário sem fazer alarde.

- Mesmo assim, você não pode resolver isso sozinha, vai acabar colocando sua vida em risco - diz preocupado.

- Foi isso que eu falei mas você acha que ela escuta? - Pitel diz participando da conversa.

- Eu não me importo, isso tudo é culpa minha, eu que envolvi ela nesse mundo sujo onde as pessoas fazem qualquer coisa por dinheiro. Eu coloquei ela nisso e eu vou fazer o que for preciso para salvá-la. - Seus olhos me fitam pesarosos, ele entende o sentimento que estou sentindo, se sua boca dissesse qualquer coisa agora, seria pra não me culpar, mas não há outra palavra para definir o que sinto.

- Precisamos manter a calma e rezar bastante pela proteção da Alane. Eu tenho certeza que ela não iria concordar com você se arriscando desse jeito por ela - Beatriz também entra no assunto.

Logo o telefone toca atraindo a atenção de todos os presentes na sala. O nome de Matheus pisca na tela. Sinto uma ligeira decepção, mas também uma pitada de esperança. Rapidamente atendo em pura ansiedade.

- Fernanda, tenho boas notícias. Uma testemunha diz ter visto um carro suspeito em uma estrada de terra no interior. Pedi que uma equipe fizesse uma varredura completa por todo local, vou te deixando atualizada de tudo, não se preocupe - meu coração se enche de alívio e esperança pela primeira vez em horas regadas de aflição. Rapidamente agradeço a Matheus que encerra a ligação logo depois.