PERIGO

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Alane Dias

Era um sábado como outro qualquer, resolvi levar Liz para passear como normalmente fazia. Mal podia conter o sorriso que havia em meu rosto ao observar enquanto a mais nova membro da minha família caminhava graciosamente presa à coleira cor de rosa guiada por mim.

Seu rabo balançava de um lado para o outro em sinal de animação enquanto ela se divertia com todos os cheiros novos e lugares inexplorados. Fernanda nos observava com um sorriso bobo em seus lábios, vez ou outra riamos da afobação de Liz em correr, o que era engraçado e muito fofo devido seu tamanho. Eram as primeiras horas da noite, havia algumas pessoas fazendo exercícios, conversando ou voltando do trabalho. Quem via de longe, dizia ser um dia normalmente corriqueiro sem maiores acontecimentos.

Estava em paz, mesmo que estivesse aos poucos me acostumando com a ideia de ser oficialmente namorada da "poderosa Fernanda Bande", parando em páginas de fofoca e perdendo parte da minha privacidade, decidi apenas aceitar que não havia muito o que ser feito, minha vida seria aquela daqui em diante e isso não era necessariamente ruim.

- Pensou sobre a proposta que fiz? - Fernanda me resgata de meus pensamentos atraindo meu olhar. Alguns dias atrás Fernanda me fez a proposta de deixar o cargo de secretária alegando que me daria um cargo mais alto, segundo ela, não havia motivos para eu continuar sendo sua secretária já que estávamos em um relacionamento. não queria apressar nada, apesar de ter plena certeza que queria dividir a vida com ela, estávamos bem e isso era o suficiente. Fernanda simplesmente queria que eu assumisse a posição de chefe, porém isso era novo pra mim, precisava me acostumar com a ideia. Decidi que focaria primeiro em apresentá-la para minha mãe. As possibilidades desse encontro me deixavam deveras apreensiva.

- Você sabe o que eu penso sobre isso, amor. Sempre trabalhei pra conseguir as minhas coisas, não quero pegar carona no seu dinheiro, quero crescer por mérito próprio. Muito menos quero virar uma madame sustentada pela esposa - respondo em tom ameno apesar daquele assunto me deixar um pouco estressada.

- Quem disse que você não tem mérito pra ser diretora? Isso provavelmente aconteceria em qualquer outra empresa que você estivesse devido sua competência, porque faz tanta diferença que seja na minha? - Fernanda questiona impaciente. A olho como se fosse óbvio.

- A outra opção te deixaria bem mais flexível pra voltar a estudar teatro ou qualquer coisa que você quisesse.

- Amor...- lanço um olhar repreendendo seus argumentos e ela se cala, sei que entende o que meu olhar significa, não era o momento de termos aquela conversa.

- Viu Liz? Sua mãe é muito cabeça dura - diz se abaixando para fazer carinho na nossa filhote enquanto segura sua guia. Observo a cena sentindo meu coração aquecido com um sorriso no rosto. Com certeza essa cena ficaria anexada em minha caixa mental de memórias preferidas.

Fernanda se levanta novamente e sela nossos lábios. - Você sabe que vou te vencer pelo cansaço, não sabe? - pergunta retoricamente e eu reviro os olhos sorrindo. Depois a cabeça dura sou eu.

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(Believer - Imagine dragons)

Do outro lado da rua, Brunet assumia devidamente seu papel de reportar as informações necessárias. Às observava atenta de dentro de seu audi branco. Enquanto discava o número de Nizam, fazendo contato com o outro veículo estacionado próximo alí em local estratégico.

Acomodados no interior do carro, os quatro rapazes aguardavam as ordens da loira.

- Vocês estão prontos? - pergunta a loira.

- Alô, sereia? Sim, tudo certo - diz Nizam no banco de trás do veículo se preparando para executar o plano.

- Presta atenção e vê se não faz nenhuma cagada. É pra ser rápido e limpo. E lembre-se, não quero meu nome associado nessa merda - responde a loira do outro lado da linha.

O Diabo veste Preto (Ferlane)Onde histórias criam vida. Descubra agora