GATO E RATO

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Não vou indicar nenhuma música específica, mas escrevi esse ouvindo all we do e bury a friend. Fiquem à vontade.

Fernanda Bande

Estou sem chão, mal posso conter minhas lágrimas. Meus pensamentos estão em uma completa confusão, sinto-me impotente e isso me destrói de maneira inimaginável.

- Senhora, Fernanda - um policial se aproxima com cautela.

- Vocês pegaram os desgraçados? - rapidamente pergunto em um fio de esperança.

- Uma viatura perseguiu o veículo mas acabou sendo atingida e os perderem de vista. Infelizmente não conseguimos mais informações até o momento.

Não posso acreditar. - BANDO DE INCOMPETENTES, COMO VOCÊS DEIXARAM ELES ESCAPAREM PORRA? - estou uma pilha de nervos, mal consigo conter minhas palavras mesmo podendo ser presa por desacato. No momento é a última coisa que me importa.

- Senhora, vou pedir para que se acalme, do contrário terá que me acompanhar - o policial me repreende. Alguém chama em seu rádio e ele se retira.

- Só pode ser um pesadelo - rezo internamente para que seja e eu acorde o mais rápido possível.

Minhas mãos estão trêmulas, não sei se é de raiva ou nervosismo. Talvez sejam os dois.

Logo sinto meu celular vibrando impaciente, só então me dou conta que está em minhas mãos.

Vejo o nome de Pitel reluzindo na tela, logo atendo.

- Fernanda? O que aconteceu? Acabei de ver o jornal - sua voz está afoita, mal consigo responder em meio aos meus soluços. - levaram ela, Pitel - as palavras me cortam como navalhas.

- Onde você tá? Eu tô indo praí agora! Calma, vamos dar um jeito, tá bom? - gostaria de responder mas não consigo formular uma frase coerente, as únicas que saem são "casa" e "Alane".

Logo vejo alguém se aproximando, o senhor que logo reconheci ser o porteiro do prédio onde Alane mora me estende um copo d'água na qual agradeço bebendo rapidamente. Noto que ele está com Liz, me repreendo por ter esquecido completamente dela. Por sorte, ele havia pego e cuidou dela até agora.

Passei todas as informações que sabia para polícia, cederia também as imagens das câmeras de segurança caso ajude em algo. Eles queriam falar com a senhora, mas julgando seu estado, receio que seja melhor se acalmar um pouco. Logo ele me guia até a portaria onde solicita que me sente. Tenho liz em meu colo, a abraço sentindo o cheiro de Alane. Sinto meu peito esmagar imaginando o quanto ela deve estar apavorada.

Não sei dizer quanto se passou ao certo, estava alheia a tudo ao meu redor. Meus pensamentos vagavam por Alane, pedi copiosamente para meu telefone tocar, eu faria qualquer coisa para tê-la de volta, segura em meus braços. A falta de notícias estava me deixando cada vez pior. Qualquer migalha servia. Só queria saber se ela estava viva.

Logo vejo o carro de Pitel estacionar de qualquer jeito em frente ao prédio, sua imagem afoita sai do mesmo se dirigindo à mim rapidamente.

- Fernanda - diz antes de me abraçar - sinto seus braços envolverem meu pescoço e me deixo desabar novamente com o contato.

- Eles deveriam ter me levado, Pitel. É tudo culpa minha, É TUDO CULPA MINHA PORRA - digo em meio às lágrimas.

- Para com isso, não é culpa sua - diz segurando em meu rosto enquanto olha em meus olhos.

- Eu preciso ir atrás dela, EU PRECISO - tento me desvencilhar mas ela me impede - Para. Me escute, segura meu rosto com firmeza. - Eu vou ligar pro seu amigo policial, vou te levar pra casa e você vai esperar eles entrarem em contato. Eles não podem fazer nada com ela, entendeu? - diz firme. Me dou por vencida. No fundo sei que ela está certa, mas não consigo pensar direito. Logo ela pega Liz e se despede do porteiro que me deseja sorte.

O Diabo veste Preto (Ferlane)Onde histórias criam vida. Descubra agora