"pode parar de nadar agora, Lily. Finalmente chegamos a costa."
(É assim que acaba)Alguns dias depois.
Fernanda Bande
Poucas palavras descrevem o sentimento que tê-la novamente em meus braços significa. É como finalmente sentir segurança e paz ao ancorar o barco que navegou por dias em um mar revolto e turbulento.
Os dias têm passado depressa demais, desde que tudo aconteceu. Retornamos ao trabalho em poucos dias, mesmo a contra gosto de minha parte, quis que fôssemos para outro lugar por um tempo, mas Alane alegou que voltar a rotina a faria bem. Lidamos com tudo que precisamos lidar, retomando aos poucos, tudo à seu devido lugar.
Analiso tudo que passamos e chego a uma conclusão, não importa o que aconteça, sempre voltaríamos para casa como prometemos que faríamos.
Havíamos decidido fazer um passeio para respirar um pouco de ar puro juntamente com Liz que não desgrudava mais de ambas. Estávamos de volta ao parque, sentadas próximo ao lago. Não há mais ninguém próximo o bastante, o que me fez agradecer internamente pela calmaria ímpar do lugar naquela hora e fez com que Liz tivesse todo espaço possível para gastar toda sua energia correndo de um lado para outro. Estava crescendo rapidamente, não cabia mais na palma da mão como no dia que a encontrei, latia eufórica sempre que avistava algum pássaro como se pudesse pegá-lo atraindo risada de nós duas.
Olho em silêncio suas íris escuras, imaginando que outro significado daria a minha existência senão amá-la, aos poucos me dou conta que essa resposta não existe. Ela seria a razão pela qual buscaria minha melhor versão todos os dias. O farol que ajudaria meu barco voltar a terra firme. Logo o brilho de seus olhos me causa um sorriso involuntário, dessa vez não reprimo, não preciso mais fazê-lo.
Trocamos carinhos leves em meio a tarde que cai serenamente nos dando a visão de um pôr do sol perfeitamente alaranjado. Por um momento, me pergunto porque deixei de valorizar coisas tão simples, o quanto deixei de enxergar a beleza dos detalhes e dos pequenos momentos, perdi todo meu tempo na vida tentando ser a mais valente das criaturas, vesti uma amargura que me impossibilitou de externar meus sentimentos, mas aqui, com ela, sinto que quero viver rodeada por esses pequenos momentos.
- Não vai me contar qual a surpresa ? - seus olhos me fitam repletos de curiosidade após sua voz romper o silêncio. Dou uma pequena risada ao ser lembrada da minha pequena promessa de horas atrás.
- Então, sabe o Fred? - pergunto retoricamente e ela assente em sinal positivo.
- Ele é amigo de um dos donos de uma companhia de teatro e cheguei a comentar sobre sua paixão pela arte e coisas do gênero, então ele ofereceu uma vaga, como um presente - ela me encara por alguns segundos completamente surpresa mas principalmente feliz.
- É sério? Voltar a estudar teatro?
- uhum, você finalmente vai poder fazer o que gosta e realizar seus sonhos - faço um pequeno carinho em seus rosto.
- Mas...e o trabalho? Todas as outras coisas?
- Não se preocupe, daremos prioridade á isso por enquanto, não quero que você perca mais nenhum segundo atrás de um computador ou marcando reuniões. Seu lugar definitivamente não é ali e eu vou ser a primeira a apoiar todos os seus sonhos. - seu sorriso chega aos seus olhos agora levemente marejados.
- E então? Posso avisar que você aceita? - ela me encara como se a resposta fosse óbvia, na verdade era, mas proporcionar felicidade a ela mesmo que fosse por pequenos motivos também me deixava feliz, afinal, mesmo querendo financiar todos os custos de seu retorno ela nunca aceitou. Agora as coisas estavam diferentes, sentíamos que tínhamos todo o tempo do mundo e não queríamos perder um segundo dele.
Seus braços longos me rodeiam rapidamente enquanto ela repete "obrigada" repetidas vezes, soltando uma risada sonora com sua felicidade iminente e eu retribuo o contato. Logo ela se afasta minimamente de mim sem que o sorriso deixe seus lábios rosados, porém demonstrando agora um sorriso um pouco mais tímido e nervoso.
- Também tenho uma coisa pra você - morde os lábios nervosamente e eu a encaro cheia de dúvida e expectativa, havia sido pega de surpresa mas claramente era essa sua intenção.
(Sleeping At last - turning Page)
Ela abaixa levemente o rosto e parece procurar palavras para começar uma espécie de monólogo na qual se preparou por dias.
- Você me salvou de todas as formas que uma pessoa pode ser salva, Fernanda. Você lutou por mim cada segundo e não desistiu de nós, você me mostrou que o amor pode sim ser imprevisível, que por mais que haja dificuldades, sempre daremos um jeito. Quanto te conheci naquele fatídico dia que derramei praticamente uma máquina de café inteira em você - rimos - não imaginava que se tornaria uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu nunca havia sentido tanto medo quanto senti naquele lugar escuro e solitário. Medo não só de morrer mas de viver sem você, porque isso também seria morrer de certa forma, senti medo de não ter mais tempo. - sua respiração parecia um pouco descompassada enquanto ela lutava contra algumas lágrimas teimosas que molhavam suas bochechas. Sentia meus coração frenético, surpreso, incapaz de verbalizar qualquer coisa. Eu nunca mais quero sentir que meu tempo acabou. Nunca mais quero tardar a dizer o que eu sinto e quero fazer. - lentamente ela retirou um pequeno objeto da bolsa que havia trazido. Por um momento, imaginei estar tendo uma espécie de sonho paralelo, perdendo aos poucos a noção da realidade. Fui desperta por um de seus dedos tocando levemente o lado esquerdo do meu rosto, só então me dei conta que também estava chorando.
- Foi exatamente aqui que você disse que não precisava mais fugir de você, eu não quero mais fugir.
- Meu amor, ou devo dizer Senhora Fernanda Bande - soltamos uma pequena risada em uníssono - Você quer se casar comigo? - estendeu a pequena caixinha preta aveludada onde dois deliciados anéis brilhavam.
Me peguei encarando o objeto por mais tempo que o necessário, tentando processar que aquilo estava realmente acontecendo. Rapidamente cessei toda e qualquer distância entre nós para selar seus lábios em seguida, gritando mil vezes sim no silêncio de um beijo cheio de sentimento.
Ela sorriu da forma mais bonita que já havia feito desde que nos conhecemos enquanto repousava o pequeno objeto no meu dedo, espelhei seu movimento fazendo o mesmo logo depois notando suas mãos levemente trêmulas, as minhas não estavam diferentes.
- Eu amo tanto você - toquei levemente sua bochecha com o polegar enxugando algumas lágrimas.
- Eu também te amo.
Estávamos selando o último dos atos, o mais forte dos compromissos. Nada ao redor tinha relevância. Eu era dela, sempre fui, sempre seria.
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Olha quem voltou. :)
Vou fazer o possível para postar o último ainda hoje.
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O Diabo veste Preto (Ferlane)
FanficO que você faria se descobrisse que sua promoção de cargo traria também de brinde uma chefe insuportável? Alane vai descobrir que o diabo não veste só prada como também ama usar preto e se chama Fernanda Bande