O Diabo veste Preto (Ferlane)

TE(N)SÃO

Alane Dias

Ao chegarmos novamente na casa de praia, notei que havia outras pessoas no local - devem ser os outros convidados do Fred, pensei - estavam todos na piscina conversando, bebendo, ao fundo tocava um som ambiente.

Fernanda avisou que iria subir rapidamente para guardar as coisas no quarto, mas logo voltaria, fiquei sozinha esse meio tempo. Como o clima estava um pouco quente, pensei em pedir uma água de côco  para um rapaz que estava fazendo drinks no deck. Já havia bebido álcool demais no barco.

- Oi, boa tarde. Você tem água de côco? - Pergunto próximo ao balcão.

- Opa, tenho sim, só um momento - responde simpático e eu agradeço.

Olho em volta para ver se Fernanda já voltou, mas nem sinal dela ainda, deve está pendurada naquele telefone de novo.

- O rapaz me entrega a água e eu agradeço.

- Opa, princesa. Tá precisando de alguma coisa? - ouço uma voz masculina atrás de mim.

Me viro e dou de cara com um homem de cabelo cacheado e bigode que parece o compadre Washington da shopee. Ele tem um sotaque carioca, veste uma camisa de botões ridícula florida que está aberta deixando aparente sua barriga grande. Me olha como se eu fosse um pedaço de carne suculenta. Era só o que me faltava.

- Alguém chama a polícia porque essa morena acabou de roubar meu coração - sorriu como se tivesse arrasado na cantada. Seu hálito tem um forte cheiro de álcool. Reviro os olhos.

- Licença - digo e tento me retirar mas ele segura meu braço.

- Vai pra onde, boneca? Acabei de chegar, fica aqui - acho que ele está bêbado.

- Acho melhor o senhor me soltar. - digo já ficando um pouco assustada mas ele ainda me segura.

- Eu vou te dar dois segundos pra tirar essas patas da minha namorada ou eu quebro a sua cara - Fernanda diz surgindo do nada, ou talvez fui eu que não notei sua chegada.

Ele ergue as mãos em sinal de rendição se afastando logo depois.

- Fernanda Bande, que desprazer em revê-la - soa totalmente irônico. - estende a mão.

- O desprazer é todo meu, Lucas Buda - responde sem humor ignorando completamente o cumprimento.

Sinto sua mão possessiva ao redor da minha cintura. - Algum problema, meu amor? Ele machucou você? Pergunta em um tom preocupado fazendo contato visual comigo, percebo o que ela está fazendo e decido apenas ir na onda.

- Está tudo bem, amor.

- Circula ou eu mando colocarem você pra fora - noto que está bastante irritada. O homem apenas solta uma risada nasal.

- Relaxa, Bande. É uma festa - seu tom é irônico e debochado.

- Fica longe dela - sua postura a deixa demasiadamente atraente. Ou talvez fosse o álcool mexendo com meus sentidos.

- Já entendi - O idiota vai embora fazendo uma dancinha ridícula achando que está arrasando, é um sem noção mesmo.

Ela me leva para uma área mais afastada.

- De todos os caras que estão aqui, aquele é quem menos merece atenção - diz em um tom raivoso. - é um escroto completo.

- Eu imagino, ele chegou do nada e segurou meu braço.

- Ele machucou você? - seus olhos pairam sob os meus rapidamente .

- Não, está tudo bem. Obrigada, dona Fernanda. Se a senhora não chega eu não sei o que poderia ter acontecido. Mas quem é ele, afinal? - questiono