[2장] - Vizinho

800 75 148
                                    

- Tá tudo bem? - A voz ecoa pela minha cabeça me fazendo escorregar as costas pela parede - Ei, você está bem? - Escuto seus passos em minha direção e olho para cima.

Lá estava o menino do elevador, com seus olhos arregalados me olhando preocupado. Foi nesse momento que percebi exatamente como ele era, olhos expressivos, cabelo sutilmente grande e escuro e alto o suficiente para tomar conta de corações por onde passa.

E a cereja do bolo: Um braço fechado em tatuagem.

O garoto estica sua mão tatuada para mim, e continua perguntando se estou bem. Não sei o que dizer e nem como eu deveria me comportar nesse momento. Eu só consigo sair da minha imensidão de pensamentos confusos quando escuto uma voz conhecida chamar meu nome logo ao meu lado.

- Yejin? - Escuto a voz de Seojun chamar meu nome com um tom assustado - Eu posso explicar, vem comigo. - Pode explicar? Ele só pode estar brincando comigo.

Percebo que o garoto tatuado já não está mais na minha frente, provavelmente entrou para a sua casa em busca de se safar dessa situação alheia. Me levanto do chão pronta para retrucar e cuspir as piores palavras na cara de Seojun, mas simplesmente travo quando vejo a garota que estava com ele se aproximar pelo corredor.

- Eunju fique aqui, vou resolver isso lá embaixo. - Ele avisa e segura meu pulso me puxando em direção ao elevador, mas em um ato rápido, chacoalho meu braço em busca de me desvencilhar de seu toque. - O que foi, Yejin?

- O que foi? - Digo e rio de forma irônica, me sentindo no auge da raiva - Você está mesmo perguntando "o que foi?"?

- Yejin, olha... Vamos conversar lá embaixo, aqui os vizinhos vão nos escutar. - Ele diz tentando novamente me puxar pelo pulso em um ato falho.

- Eu quero mesmo que eles escutem! - Digo com a voz a beira da explosão. - Me poupe de explicações, Han Seojun - Viro as costas para o mesmo e busco a caixa que deixei cair em frente a sua porta.

- Isso é culpa sua! - Ele diz e por um instante eu procuro desacreditar do que está saindo de sua boca - Você que não quis me dar o que eu queria então precisei ir procurar com outra pessoa, você não pode me culpar por isso.

- Você deveria ao menos... - Digo com a voz falha, chocada com tudo que ele está dizendo - ...ter terminado comigo antes. - Me seguro para não chorar e termino de juntar o que caiu da caixa, me levantando abruptamente para ir embora o quanto antes dali.

Vou até o elevador com a caixa em mãos e aperto o botão para chama-lo. Ele chega mais rápido que o esperado e eu só tenho a agradecer por isso. Entro o quanto antes no elevador e aperto freneticamente o botão para que ele feche. Fechado então, escorrego meu corpo novamente para o chão e desabo em lágrimas. É impossível não se sentir triste, mesmo com a raiva instaurada em meu corpo. Namoramos por cinco anos para que isso fosse acontecer?

Me sinto com todo meu tempo desperdiçado por esse desgraçado e só consigo sentir vontade de chutar, socar e gritar. Nunca imaginei que era possível sentir todos os piores sentimentos de uma só vez, mas é assim que me sinto agora.

Quando a porta do elevador abre, enxugo minha lágrimas rapidamente e me levanto do chão pronta para sair. Caminho para fora do apartamento com um gosto amargo na garganta. Me sento nos bancos envolta da fonte que enfeita a praça do apartamento e relaxo meu corpo, só assim percebendo o quanto estava tenso.

Fecho meus olhos e tento acalmar o coração e a mente, tento aproveitar desse belo dia para não me afogar em mágoas, prefiro deixar isso para os próximos dias que ficarei deprimida dentro do meu apartamento. Distraída inalo um aroma de cigarro, mas não um normal, um de menta. Como não gosto do cheiro me sinto mais irritada e faço uma careta por ser obrigada a cheirar algo que não quero.

𝐉𝐮𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐏𝐨𝐫 𝐀𝐜𝐚𝐬𝐨 - 𝐉𝐞𝐨𝐧 𝐉𝐮𝐧𝐠𝐤𝐨𝐨𝐤Onde histórias criam vida. Descubra agora