Capítulo 23

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No dia seguinte nos preparamos para ir para Hilltop, enquanto eu arrumava algumas coisas na bolsa da moto de Daryl, pude ouvir Maggie e Beth conversarem.

— Eu não tenho mais nada dele... — Maggie disse.

— Você ainda tem o relógio.

— Mas isso não basta, eu sinto tanta falta do Glenn... e saber que meu filho não saberá nem como o pai dele era. — Ela limpou algumas lágrimas que caiam.

Aquilo me fez pensar um pouco, eu sabia o quão dolorido aquilo era para ela e eu sabia que poderia resolver. Mas tinha um problema, eu teria que remexer um passado doloroso para mim.

Respirei fundo e fui até a casa de número 102, a minha casa, de Daryl e do Liam. Subi as escadas da varanda e parei na frente da porta. Contei até três mentalmente e então a abri.

Tudo parecia intacto, do mesmo jeito que eu e Daryl deixamos. Subi as escadas e encarei o quarto de Liam, na frente da porta fiquei me perguntando se conseguiria mesmo fazer isso.

Mas aquilo não era apenas por mim, coloquei a mão na maçaneta e abri a porta devagar. A primeira coisa que vi foi o berço de Liam, ele ainda estava arrumado do jeito que deixei, o mesmo lençol e almofadas. Toquei na madeira e senti uma lágrima escorrer.

— Não, Lillian. Foco. — Falei para mim mesma.

Aquele quarto me trazia bons momentos e maus momentos. As cortinas brancas que escolhi, o tapete branco no chão, uma poltrona cinza no canto junto da minha bomba de leite. Uma estante de livros infantis e sobre maternidade. Tudo aquilo parecia fazer meu coração querer sair pela boca.

Fui até a pequena cômoda e toquei o abajur de ursinho que estava ali em cima ao lado do trocador de fralda. Abri a primeira gaveta e foi como um baque no meu coração.

A primeira roupa que vi foi o macacão de girafas que Glenn havia me dado. Respirei fundo sentindo as lágrimas começarem a cair. Abracei aquele macacão com cuidado.

Continuei vasculhando a gaveta até achar o que procurava. Um álbum com as palavras da minha família que, claro, era formada por todos do meu grupo.

Abri o álbum e senti meu coração acelerar quando vi aquelas fotos, sorri chorando ao mesmo tempo. Fotos do meu casamento, dos meus amigos, da minha família.

Depois de virar uma página algo caiu no chão. Me abaixei e peguei. Era a foto da minha ultrassom, estava na mesma página onde tinha uma foto da minha família toda, incluído meus amigos. Outra foto minha e do Daryl abraçando minha barriga e uma terceira só minha acariciando minha pequena barriga de quase cinco meses.

Dei alguns passos pra trás me encostando no berço e então deslizei para o chão. Comecei a chorar e não conseguia parar, meu coração estava acelerado e meu ar estava falho, minhas mãos tremiam sem parar. Por alguns segundos cheguei a pensar que estava infartando.

— Lilli? — Carl apareceu na porta. — Maggie, achei ela.

Carl se aproximou e se ajoelhou ao meu lado, viu o que eu estava olhando e entendeu tudo. Ele me abraçou com cuidado.

— Ta tudo bem, eu sei que é difícil. — Ele notou que eu não parecia bem mesmo. — O que está acontecendo? É a asma?

— Ela tá tendo um ataque de pânico. — Maggie apareceu na porta. — Ei? Olha pra mim. Respira com calma.

Os dois seguraram minha mão fazendo uma técnica de respiração e aos pouco consegui me acalmar. Quando já estava me sentindo mais calma Daryl apareceu na porta.

— Lilli? Tá tudo bem? Eu vi a porta aberta...— Ele se aproximou de nós e se sentou perto. — Por que entrou aqui sozinha?

— Podia ter chamado um de nós. — Carl falou.

Loving in hell Ⅱ- Daryl Dixon •TWD• Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora