03 - Então, você gostaria de saber a resposta?

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Peterson e Thomas seguiram o guarda e chegaram a um corredor comprido e iluminado. Havia algumas portas na direita e o guarda abriu uma delas, mandando apenas Thomas entrar. Ele encarou o irmão, preocupado e hesitou um pouco, mas entrou mesmo assim. Antes que o guarda fechasse a porta, Peterson percebeu que havia duas cadeiras e uma mesa entre elas dentro da sala. O guarda o levou para a porta seguinte e pediu que ele entrasse. Peterson também hesitou, mas entrou segundos depois.

A sala era idêntica à que Thomas havia entrado, a única diferença era a sua ausência (que causava a Peterson um desconforto sufocante). Peterson se sentou em uma cadeira e esperou paciente no local. Tudo o que ele se lembrava passava como um filme borrado e confuso em sua mente. E era um filme desagradável e triste. Ele soltou um suspiro, apoiando os braços na mesa e brincando com os dedos. Peterson olhou para a sua esquerda e viu uma câmera discreta pouco acima dela. Um destrave eletrônico e um ranger metálico fez um eco baixo pela pequena sala. E quando Peterson olhou para porta, viu a Doutora Chloe Sánchez.

—Peterson, perdoe-me por fazê-lo esperar. Estava conversando com... —Chloe fez uma pausa, como se estivesse prestes a dizer algo que não deveria. Peterson estranhou a atitude e o por que aquela mulher lhe parecera tão próxima repentinamente. —Com alguns médicos sobre seus exames, parece que tem se mantido em forma lá fora.

Milhares de respostas sarcásticas e grosseiras atravessaram a mente de Peterson, mas resolveu apenas acenar com a cabeça, concordando com aquele comentário que, de certa forma, o feriu.

—Bem, eu não vou tomar muito o seu tempo. —Chloe falou, puxando a cadeira e sentando-se frente à frente com Peterson. —Eu só tenho algumas perguntas.

Peterson encostou as costas na cadeira e ergueu um pouco a cabeça, mas continuou em silêncio.

—Do que você se lembra do C. R. U. E. L.? —Chloe perguntou, mas Peterson continuou quieto. —Não está encrencado. Nós só estamos conversando e eu estou tentando entender.

—Entender o quê? —Peterson finalmente disse algo depois de alguns segundos.

—De que lado você está. —A expressão dela não mudou, mas ela pareceu transmitir um ar cruel ao responder.

Peterson e Chloe ficaram se encarando por alguns segundos, mas Peterson desceu o olhar para um pequeno conjunto de folhas que ela colocara na frente dele e começou a falar.

—Lembro que já fiquei preso na C. R. U. E. L., servindo de cobaia para um experimento doentio que nunca me disseram pra cá servia. E era um experimento doloroso e cansativo. —Peterson contou com raiva. —Lembro que dois amigos meus trabalharam lá, mas se arrependem mortalmente disso. Lembro que me mandaram para o Labirinto e depois os mandaram. Lembro de ver os meus amigos morrerem na minha frente. —A cada palavra que ele pronunciava, um nó na sua garganta se formava. —Estou do lado deles.

—Interessante. —Chloe respondeu, encarando Peterson fixamente. —Já ouvi algo parecido anteriormente. E você disse que esses seus amigos trabalharam para o C. R. U. E. L., mas que os mandaram para o Labirinto. Por que fariam uma coisa dessas?

—Eu não sei, deviam ter perguntado à eles antes de terem matado todos. —Peterson não se segurou dessa vez.

—Eu garanto que vou me lembrar disso. —Chloe respondeu, rindo e encostando as costas na cadeira. —E sobre a sua família? Se recorda de algo?

—Minha família? —Aquela pergunta surpreendeu Peterson. O que ela gostaria de saber sobre a família dele?

—Sim, pelo o que eu vi, você é bem próximo daquele garoto de cabelo castanho...

The Hope - The Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora