19 - Te pegamos.

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Eles passaram por um pequeno túnel pichado, ouvindo apenas o som de goteiras distantes e da própria respiração. Depois de vencer a pequena distância, se depararam com um alto e largo corredor, um lugar muito úmido e nojento. Apenas as lanternas iluminavam o local. Os três olhavam para os dois lados, confusos sobre que lado seguir.

—Acho que é por aqui. —Brenda falou baixo, indo lentamente para a direita.

—Acha? —Thomas exclamou e apesar de ter falado baixo, sua voz ecoou pelo túnel.

Peterson e Thomas a seguiram mesmo assim, já que não tinham outra escolha. Aqueles túneis eram assustadores e o silêncio começava a despertar pavor dentro deles, mas a curiosidade era alimentada na mesma intensidade.

—Mora gente aqui? —Peterson perguntou enquanto andavam.

—As tempestades solares forçaram as pessoas a irem para o subsolo. —Brenda respondeu sem encará-lo. —Jorge diz que há acampamentos por todos esses túneis.

—E o Jorge? Ele é seu pai? —Thomas e Peterson revezavam quem faziam as perguntas involuntariamente.

—Quase isso. A verdade é que eu não sei muito bem o que ele é. Sempre esteve ao meu lado. E eu sempre fiz o que ele me pediu, até as maiores burrices.

—Acha que o Braço direito não é real?

Quando Peterson finalizou a pergunta, um lamento distante veio de trás deles, os forçando a virarem as lanternas naquela direção. Depois de encararem a escuridão por alguns segundos, eles voltaram a andar.

—Eu acho que... Esperança é uma coisa perigosa. —Brenda respondeu, parecendo mais tensa que antes. —Esperança já matou mais amigos meus que o Fulgor e o Deserto juntos. Só achei que Jorge fosse mais inteligente.

Peterson e Thomas se entreolharam, percebendo certa melancolia na voz de Brenda e se lembrando dos amigos que haviam perdido no meio do caminho. Chuck foi o primeiro que lhe surgiram na mente. Brenda parou quando o corredor se dividiu em dois e murmurou algum palavrão. Peterson e Thomas se lembraram do Labirinto, mas aquilo era bem mais assustador. Os dois se dirigiram para a esquerda e viram que o final havia uma luz, o que eles imaginaram ser a luz do dia.

—Aí, eu acho que pode ser por aqui. —Thomas disse, esperando que Brenda respondesse.

—Brenda? —Peterson chamou, mas ninguém respondeu. Eles olharam para trás e ela não estava lá. —Brenda?

—Tô aqui. —Ela respondeu, um pouco distante. —Olhem para isso.

Peterson e Thomas se aproximaram de outro corredor e viram que havia teias grossas e negras nas paredes. Era nojento. Lampejos de memórias lhes diziam que aquilo se aparentava com uma selva, mas eles sabiam que selvas eram muito mais belas do que aquele túnel úmido e escuro. Um guincho veio de um pequeno túnel ao lado deles, fazendo com que o trio tivesse um pequeno sobressalto. Um rato apareceu na borda do túnel e reproduziu o mesmo guincho, mas não tão alto quanto antes.

Peterson fechou os olhos e balançou a cabeça, mais por nojo do rato do que pelo fato de ter se assustado com aquele animal. Aquilo era apenas um grão de areia comparado ao que ele já havia visto. O rato veio cambaleando até os pés dele e o garoto o chutou, fazendo o animal guinchar alto pelo pontapé. Thomas grunhiu com nojo e deu um passo para trás. Brenda permanecia imóvel, quase hipnotizada.

O rato se afastou do trio e seguiu pelo corredor. De repente, uma mão se lançou em cima do rato e uma cabeça se desgrudou à força das teias grossas na parede, mostrando o Crank mais horrendo que Peterson e Thomas já tinham visto em toda a sua vida. O rato chiava desesperadamente enquanto o monstrengo horripilante o levava próximo ao rosto. Quando o trio menos esperava, ele mordeu a cabeça do rato e a arrancou com uma força animalesca.

The Hope - The Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora