13 - Saudades da Clareira.

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Quando a noite começou a cair, os Clareanos acamparam próximo a um navio enferrujado que parecia estar ali há mil anos. Aris saiu de dentro de um dos contêineres e jogou o pouco de lenha que havia achado na fogueira que haviam feito. Ninguém tinha ânimo para conversar, mas Minho quebrou o silêncio. 

—Eu pensei que a gente fosse imune.

—Nem todos nós, eu acho. —Teresa disse em seguida, sem tirar os olhos da fogueira.

—Se o Winston foi contaminado, talvez também role com a gente, né? —Newt acrescentou com os olhos perdidos no chão.

A primeira pessoa em que Thomas pensou foi Peterson. Todos sabiam que ele havia sido mordido, mas parecia que ninguém queria comentar a respeito. Thomas olhou para trás e viu o irmão sentado no topo de uma pequena duna, uns quatro ou cinco metros afastado. Peterson não havia pronunciado uma palavra desde que eles deixaram Winston e começou a se excluir do grupo.

—Eu nunca pensei que diria isso. —Caçarola falou enquanto todos olhavam para ele, mas Thomas lançou um olhar rápido e fitou o chão. Ambos haviam lágrimas nos olhos e no rosto. —Saudades da Clareira.

Um silêncio incômodo se fez presente entre eles, deixando que eles ouvissem apenas algumas rajadas de vento e a lenha queimando no fogo. Thomas lembrou da manhã em que Alby e Peterson o levaram para escrever o nome dele no muro. Era uma das poucas lembranças tranquilas que ele tinha e com certeza, a sua favorita, mas também pareciam de um mundo pacífico que nunca existiu. Olhou rapidamente para trás pela segunda vez e viu que Peterson não havia se movido um centímetro.

—O que houve com o Peterson? —Minho perguntou enquanto olhava para a silhueta dele, o sol se pondo fazia com que ficasse cada vez mais difícil de enxergá-lo. —Não abriu o bico faz um bom tempo. E ele é bem tagarela.

Se o objetivo de Minho era levantar o astral do grupo, ele havia conseguido - ele sempre conseguia. Os Clareanos soltaram alguns risinhos e de fato, Peterson era mesmo um pouco tagarela.

—Deve estar só assustado, mas começo a me preocupar com ele. —Thomas respondeu, encarando o irmão. —Vou conversar com ele.

Thomas se levantou, aparentando estar dolorido. Mesmo assim, caminhou até Peterson lentamente e se sentou ao lado do irmão.

—Não vai comer nada, Peter? —Thomas questionou, olhando para ele, mas Peterson continuou a encarar o chão fixamente enquanto segurava o próprio pulso.

—Eu não tô com fome. —Peterson respondeu, a voz quase inaudível.

—Tem certeza? Faz quase um dia que você não come direito. —Peterson não respondeu e nem se deu ao trabalho de olhar para o irmão. —O que tá acontecendo, Peter?

—Winston se foi, mas eu não. Isso é... Isso é tão injusto! Deveríamos todos ser imunes. E agora que eu fui mordido devo agradecer por não ter me transformado em um Crank? E se for uma questão de tempo? Eu posso me tornar um daqueles a qualquer momento.

—Não diga besteira! —Thomas exclamou. —Você não vai virar um deles. Você é imune e vai ficar bem.

—Como você sabe? —Peterson perguntou, deixando uma lágrima escorrer livremente pelo seu rosto, finalmente olhando para Thomas. —Ninguém sabe quando eu vou enlouquecer e tentar matar vocês, ou se ao menos isso vai acontecer. Isso tudo é um jogo de sobrevivência e eu acabei apostando toda a minha sorte. Por isso, eu não quero ninguém perto de mim. Eu não quero machucar ninguém e se for preciso, eu quero que me matem.

Peterson e Thomas olhavam nos olhos um do outro. Peterson chorava em silêncio.

—Por favor, Thomas. Volta lá para trás. —Peterson sussurrou. —E se eu começar a correr, não quero que me sigam.

The Hope - The Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora