Peterson ajudou Thomas à tirar Brenda do abismo que ela se encontrava depois de um esforço quase sobrenatural. O garoto jurou que iria perder a mão por conta da dor, mas sofreu em silêncio e não disse nada sobre o que sentia. Depois de saírem do prédio, eles entraram em uma viela que parecia levar até um pedaço da civilização sobrevivente. Brenda parou no meio do caminho e Peterson estacou junto, mas Thomas deu mais uns passos à frente para perceber só mais tarde.
—Tudo bem? —Thomas perguntou, se aproximando dos dois novamente.
Brenda arregaçou a barra da calça, mostrando uma mordida profunda e ensanguentada. Ela murmurou alguma coisa indecifrável, mas Peterson e Thomas perceberam a sua frustração. Brenda passou uma faixa que havia pegado na mochila na perna, fazendo um curativo discreto e caprichado. Depois que arrumou a calça, escondeu o rosto nos braços apoiados nos joelhos e suspirou. Sentia-se horrível e sabia que aquilo era uma sentença de morte.
—Brenda... —Thomas murmurou, chocado ao ver o ferimento.
—Eu sei. Eu sei. —Brenda estava prestes a chorar, mas Peterson sabia que ela se segurava.
O garoto não demorou muito para estender a mão para a garota sentada no chão, que o olhou com uma expressão de surpresa. Peterson sabia muito bem como era aquele sentimento, e não permitiria que Brenda desistisse desse jeito.
—Vamos procurar o Marcos. —Peterson falou com a mão ainda estendida, mostrando um pedaço da cicatriz roxa no pulso que ganhara três dias atrás.
Brenda sorriu brevemente e agarrou a mão dele. Peterson a puxou para cima com um gemido pela dor que sentiu, mesmo que a amiga tivesse tentado fazer com que ele aguentasse menos do seu peso. Eles foram até o fim da viela e viram algumas pessoas perambulando.
Era como uma grande comunidade de mendigos. Viviam em barracos sujos e desajeitados, andavam com as roupas sujas e o mais agasalhados possíveis. Peterson e Thomas observavam aquela cena com pena. Desde quando o mundo havia se tornado aquela miséria?
—Olha, tentem passar despercebidos. —Brenda disse antes de começar a liderar os dois enquanto mancava discretamente.
Era complicado não encarar as pessoas, aquilo causava tanto choque que tudo o que restava era olhar para o chão. Thomas olhou para Peterson, vendo-o andar curvado enquanto mantinha uma mão na costela esquerda que foi machucada no prédio. Thomas abaixou os olhos, triste, e continuou a seguir Brenda.
Eles chegaram a uma construção com um estado melhor do que os que já tinham visto e parecia estar lotado por conta das vozes animadas que vinham de dentro. Ao lado dele tinha uma enorme bandeira vermelha com as palavras "Zona A" escritas em branco. Havia bastante pessoas ali, especialmente mulheres maquiadas de forma exagerada vestindo trapos curtos e justos, o que fez Thomas e Peterson se sentirem um tanto desconfortáveis.
—Vieram para a festa? —Uma mulher com um rabo de cavalo loiro questionou atrás deles, mas essa não se vestia de forma tão vulgar.
—Hã, não. —Peterson respondeu, meio sem jeito. —Viemos ver o Marcos. É aqui que ele mora, certo?
—É aqui que eu moro. —Um homem gritou do lado oposto, depois deu um último gole no copo que trazia contigo.
A mulher os empurrou até ele, mesmo que eles se esquivassem das suas mãos esqueléticas.
—Você é o Marcos? —Thomas indagou, um pouco nervoso com a situação.
—Marcos não mora mais aqui. —O homem respondeu, acariciando o anel no próprio dedo e debochando deles com um sorriso que deixou Peterson um tanto incomodado.
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The Hope - The Maze Runner
FanficNuma manhã normal na Clareira, a Caixa subiu trazendo contigo um novo garoto. Mas e se esse garoto fosse mudo? Como os outros Clareanos iriam se comunicar com ele?