Depois que Thomas saiu da tenda, ele foi ao encontro do grupo dele, que estava em um pequeno penhasco, sentados perto um do outro. Porém, Peterson estava encostado no peito de Newt enquanto o mesmo o abraçava.
—Queria que Alby tivesse visto isso. —Newt falou depois de alguns minutos em silêncio.
—E Winston. —Caçarola acrescentou.
—E Chuck. —Thomas sussurrou, observando o pequeno boneco de madeira que carregava contigo desde sempre.
—Ele ficaria orgulhoso de você. —Newt disse, encarando Thomas.
—Onde tá a Teresa? —Peterson perguntou, sorridente, mas sentindo falta da amiga.
—Foi lá para cima. —Newt respondeu, apontando com o polegar por cima do ombro para um penhasco mais alto e isolado.
Eles ficaram conversando por mais alguns minutos e depois, Peterson foi para lá, pois não havia conversado com Teresa desde o Deserto onde tiveram aquela conversa estranha. Enquanto ele descia o pequeno penhasco, ouviu o nome dele e de Newt serem mencionados, seguidos por vários risos. Peterson revirou os olhos com um sorriso, imaginando a piada da vez sobre o relacionamento dele com Newt, mas sentiu que todas elas tinham significado verdadeiro.
Peterson começou a subir o penhasco. Era íngreme e bem difícil de subir, chegando a questionar o porquê Teresa subiria ali, sendo que havia outros muito mais fáceis de chegar. E por que havia se isolado?
—Oi, tudo bem? —Peterson questionou assim que chegou ao topo. Teresa virou-se para ele e mostrou uma expressão chateada. —O que veio fazer aqui?
—Pensar. —A resposta curta soou seca para Peterson, fazendo-o pensar que estava incomodando a amiga. Ele decidiu deixá-la sozinha, pois não queria perturbá-la.
—Tudo bem, eu... Eu vou te deixar sozinha. —Peterson respondeu, hesitando em partir, mas virou-se para ir mesmo assim.
—Você se lembra da sua mãe? —Teresa se virou rapidamente, fazendo Peterson parar e se virar para ela também.
—Hum... Sim, me lembro.
Teresa ficou frente a frente com ele. Era possível ver seus olhos brilharem por causa de lágrimas, mesmo diante da luz fraca do pôr do sol.
—Eu me lembro da minha também. Era uma linda mulher, todo mundo a adorava. Antes do CRUEL, ela era tudo o que eu tinha. —Teresa sorriu brevemente, mas parou quando continuou a falar. Peterson aproximou-se lentamente, ficando a dois passos dela. —Quando ficou doente, eu não soube o que fazer. Eu a deixava trancada, escondida. Pensei que fosse melhorar. Toda noite, ela fazia sons horrorosos e gritava. E em uma noite, ela parou. Ficou quieta. Eu fui até o quarto dela e tinha sangue em todo lugar, mas ela estava sentada lá tranquila. Ela disse que se sentia melhor, que as visões tinham sumido e que tinha dado um jeito. —A cada palavra, ela chorava mais. —Ela arrancou os dois olhos, Peterson.
Peterson abaixou a cabeça e sentiu os seus olhos se encherem d'água também.
—Existem milhões de pessoas sofrendo no mundo, milhões de histórias iguais a minha. Não vamos dar as costas para elas. Eu não vou! —Teresa falou a última frase com determinação, deixando Peterson confuso com o contexto.
—O que quer dizer? —Ele indagou, dando um pequeno passo.
—Eu disse que quero que você entenda.
Todas as peças se encaixaram naquele momento. A conversa sobre a garota no shopping, a conversa no Deserto e agora, aquela conversa. Mesmo assim, Peterson perguntou:
—Entender o quê?
—Porque eu fiz isso.
Peterson ouviu as hélices de helicópteros, mas muito distantes. Ele nem precisou pensar para descobrir quem eram. CRUEL. Os dois se viraram para ver os dois pontos iluminados no horizonte roxo, quase azul.
—Teresa...
—Por favor, não lute com eles, Peterson. —Teresa disse aquilo com tristeza, mas Peterson estava tão ferido quanto ela.
—O que você fez? —Ele murmurou, recuando com lágrimas nos olhos. —Teresa, o que você fez?
—Peterson, eu...
—Eu entendo você! Eu sei que você sofreu com a perda da sua mãe e que muitas outras pessoas também. Eu sou uma delas! Eu também perdi a minha mãe por causa do Fulgor, mas eu não quero voltar para lá, não vale a pena tentar achar uma cura matando mais gente! —Peterson cerrou os punhos e colocou no rosto. Soluçava de tanto chorar pensando na possibilidade de voltar a ser torturado junto com os seus amigos, pois achava que finalmente estivesse em paz. —Você poderia ter ficado com eles, mas não tinha o direito de nos entregar desse jeito! Teresa, eu...
Ele não comseguia falar mais, estava terrivelmente magoado. Tinha lembranças tão lindas com a melhor amiga e agora ela havia lhe apunhalado pelas costas. Peterson tinha em mente que era por uma boa causa, mas Teresa tinha feito da maneira errada.
Peterson abriu os olhos, sentindo-os inchar. Imaginou voltando à passar por tudo que já foi obrigado à suportar. Passando por tudo o que Thomas tinha livrado-o tempo atrás. Ele olhou para Teresa que também chorava, mas parecia mortalmente arrependida.
Ele engoliu o choro ao ver luzes aparecerem. Em poucos minutos, aqueles helicópteros estariam em cima do acampamento do Braço Direito. Sabia que aquela seria a última vez que a veria, então queria deixar todos os seus sentimentos claros.
—Eu nunca vou te perdoar por isso. —Ele sussurrou com a voz um pouco trêmula, ouvindo o choro da amiga aumentar. —E eu tenho uma razão para continuar lutando.
Peterson afastou-se com rapidez da amiga, uma rapidez muito indesejada. Não queria deixá-la, mas tinha que ajudar os amigos e continuar lutando contra o CRUEL, mesmo que isso significasse perder Teresa. Peterson não olhou para trás.
—PETERSON! —Teresa gritou, mas ele já estava descendo o penhasco o mais rápido que podia.
Ouvir Teresa chamá-lo partiu o seu coração, mas Peterson não se permitiu parar de correr. Ele corria cada segundo mais rápido, tentando esquecer o que acabara de acontecer e focar no que tinha que fazer. O som de um helicóptero surgiu acima dele e Peterson olhou enquanto corria pela vegetação seca.
—NÃOOOOOO! —Ele gritou, como se o helicóptero fosse dar meia volta e ir embora.
Uma bomba partiu da aeronave e chocou-se contra o acampamento em uma explosão flamejante e barulhenta. Peterson chegou no topo de uma colina e teve a visão perfeita do caos. Mais outras duas bombas haviam explodido e as pessoas começaram a correr e gritar. Os dois helicópteros contornavam o acampamento em um círculo e não paravam de atirar, fazendo Peterson sentir medo da frieza das pessoas do CRUEL. Seu rosto expressava o terror genuíno e não conseguia imaginar que Teresa estava por trás daquilo.
Parecia que tudo estava perdido, mas Peterson não iria permitir que isso acontecesse.
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The Hope - The Maze Runner
FanficNuma manhã normal na Clareira, a Caixa subiu trazendo contigo um novo garoto. Mas e se esse garoto fosse mudo? Como os outros Clareanos iriam se comunicar com ele?